IMUNIZAÇÃO

Vacinação contra a gripe é liberada para toda a população

Ministério da Saúde atendeu pedidos de estados e municípios para ampliar atendimento

Ronnie Romanini/ [email protected]
16/05/2023 às 15:30.
Atualizado em 16/05/2023 às 15:30
Nayá Maria Pinheiro Dupas, 85 anos, se vacinou ontem; a cuidadora de Nayá, Maria Santina da Silva, 45, aproveitou e se imunizou contra a gripe (Rodrigo Zanotto)

Nayá Maria Pinheiro Dupas, 85 anos, se vacinou ontem; a cuidadora de Nayá, Maria Santina da Silva, 45, aproveitou e se imunizou contra a gripe (Rodrigo Zanotto)

Toda a população de Campinas está elegível para receber a vacina contra a gripe desde segunda-feira (15). A novidade foi comunicada após decisão do Ministério da Saúde, que informou ter atendido aos pedidos de estados e municípios para ampliar o público que tem permissão para receber o imunizante para além da população prioritária. Até então, apenas grupos prioritários, como idosos, crianças entre seis meses e até cinco anos de idade, gestantes e puérperas, entre outros, poderiam se vacinar na rede pública. Embora o risco seja maior para os extremos de idade - idosos e crianças - a gripe também pode gerar algumas complicações em pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários.

"As pessoas de todas as idades são suscetíveis ao vírus, então é importante que todo mundo receba o imunizante. Isso faz com que a circulação viral diminua e também reduz a sobrecarga nos serviços de saúde", afirmou a coordenadora do Programa Municipal de Imunização, Chaúla Vizelli. A princípio, a Campanha de Vacinação vai até o dia 31 de maio.

No primeiro dia de vacinação, a reportagem do Correio Popular acompanhou a movimentação no Centro de Saúde Taquaral e constatou que muitas pessoas que passaram a poder receber a vacina apenas a partir de segunda-feira não perderam tempo e buscaram a unidade - não apenas para se proteger, como também para a proteção de outras pessoas que fazem parte da população prioritária e que correm mais riscos. "Eu me programei para tomar a vacina da covid-19 nesta semana e fiquei sabendo hoje de manhã que poderia tomar a da gripe, então resolvi tomar as duas de uma vez. É bom porque é uma viagem, apenas.

Eu tomo todos os anos porque tenho asma. Eu não estava no grupo prioritário, mas agora abriu, felizmente mais cedo, então deu para vir tomar", explicou Heloísa dos Santos, 29, que trabalha com marketing.

A proteção coletiva foi o outro motivo essencial para que ela buscasse a imunização. "Primeiro, estou protegendo os outros. Eu sou uma pessoa mais jovem, não tenho tantos riscos, além da minha doença respiratória, mas também penso muito nos outros.

Eu convivo com pessoas mais velhas e com crianças, então penso que se eu não pegar o vírus, não vou passar para o restante e vou ajudar a proteger principalmente toda a comunidade. Fora a questão de saúde. Quanto menos se contaminar e ficar doente, melhor."

Até o domingo, entre as crianças, apenas as menores de cinco anos e maiores de seis meses poderiam se vacinar. Agora, com a ampliação, a advogada Marina Dias de Oliveira, 39 anos, levou o filho Mateus, de 8 anos, que, de maneira bastante expressiva, relatou o dilema que toda criança passa na hora de vacinar. "Eu fiquei com muito medo, porque a gente acha que dói muito quando é criança, mas quando é adulto é só uma picadinha. A gente não entende que é só uma picada", argumentou o garoto.

A mãe, Marina, disse que todo ano leva o Mateus para se vacinar e que aproveitaria para também tomar diante da ampliação realizada pela Secretaria Municipal de Saúde.

"Muitas doenças foram erradicadas justamente por causa da vacinação e agora a gente se depara com várias 'fake news' que fazem com que algumas mães e pais parem de vacinar".

Parte do público prioritário que mais aderiu à vacina da gripe até o momento, com 53% da população vacinada, Nayá Maria Pinheiro Dupas, 85 anos, também se vacinou na segunda-feira. A cuidadora de Nayá, Maria Santina da Silva, 45, aproveitou e também se imunizou contra a gripe.

"Eu tomo desde 2011. A minha carteira de vacinação está até cheia, tudo de Influenza. Eu acho ótimo. Também tomei todas da covid-19, inclusive a bivalente, agora acho que para esse ano já acabou (risos). Eu sou a favor das vacinas", disse Nayá, que acrescentou que é importante que as pessoas levem as crianças aos postos de vacinação não apenas para proteger contra a gripe e a covid-19, mas também contra outras doenças, inclusive a poliomielite. O último caso da doença aconteceu no Brasil em 1989, mas há um alto risco de retorno diante da queda na cobertura vacinal. Desde o dia 10 de abril, início da campanha, até a última atualização da Prefeitura, em 11 de maio, 141 mil doses foram aplicadas. O índice de adesão à vacinação preocupa mais nas crianças entre seis meses a cinco anos, com 14% de cobertura. A meta é de 90% para todos os públicos prioritários.

A coordenadora do Programa Municipal de Imunização, Chaúla Vizelli, destacou que a gestante vacinada consegue passar para o bebê os anticorpos produzidos a partir da vacinação via placenta, protegendo até os seis meses de idade, quando ele estaria apto a receber o imunizante.

Chaúla lembrou que entramos em um período com temperaturas mais baixas, o que favorece a circulação dos vírus de transmissão respiratória já que vidros e janelas ficam fechadas e os ambientes menos arejados e com maior aglomeração, como nas escolas e creches, no caso das crianças.

"As crianças pequenas têm dificuldade com essas questões de etiqueta respiratória, então elas falam, espirram, tossem. É um público que nos chama muito a atenção. As crianças são suscetíveis, não têm sistema imunológico totalmente desenvolvido e não tiveram contato com vários tipos de microorganismos, então é um público que pode ter casos graves. Por isso temos insistido tanto nessa questão de vacinar os pequenos".

O boletim de monitoramento de síndromes respiratórias em Campinas aponta que foram mais de 5,4 mil atendimentos presenciais de sintomáticos respiratórios na rede municipal de Saúde na primeira semana de maio, quantidade maior do que nas semanas de abril. São 12 adultos e 47 crianças internadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

O grupo que mais procurou pela vacina é o de idosos, com cobertura de 53%, seguido pelas puérperas, com 36%. Os trabalhadores da saúde têm 33% de cobertura.

A Secretaria de Saúde, por meio do Consultório na Rua, Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) e Departamento de Saúde, aplicou 1.442 doses de vacinas contra a gripe e a covid (reforço bivalente) em pessoas em situação de vulnerabilidade em Campinas. A ação aconteceu dias 2 e 12 de maio em praças, abrigos e outros espaços da cidade. Do total de doses aplicadas, 625 foram de bivalente e 817 contra a gripe.

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