PREVENÇÃO

Vacinação contra a febre amarela evolui com aplicação das doses de casa em casa

Campinas e Valinhos, que já registraram mortes neste ano devido à doença, intensificaram a imunização da população com a estratégia adotada

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
19/03/2025 às 10:23.
Atualizado em 19/03/2025 às 11:50

Equipes da Secretaria da Saúde de Valinhos (foto) imunizaram 865 cidadãos com a iniciativa de casa em casa desde o início de fevereiro; em Campinas, estratégia de vacinação já chegou a 7.523 imóveis e 5.669 pessoas receberam a dose de proteção contra a febre amarela (Rodrigo Zanotto)

Com 20 mortes por febre amarela confirmadas no Estado de São Paulo neste ano, duas delas em Campinas e uma em Valinhos, municípios adotaram a estratégia de intensificar o trabalho de prevenção à doença, com o trabalho de imunização passando de casa em casa. Entre os dias cinco de fevereiro e 15 de março, a Saúde de Campinas imunizou 5.669 pessoas, enquanto o órgão de Valinhos, também do dia 5 de fevereiro até o último dia 17 de março, segunda-feira, imunizou 865 cidadãos em visitas domiciliares.

Com o intuito de atestar o trabalho de vacinação casa a casa, a reportagem do Correio Popular foi até Valinhos, ontem, para acompanhar uma equipe da Secretaria Municipal da Saúde. A ação ocorreu na rua Sumaré, região central da cidade. Batendo palmas e anunciando “Secretaria da Saúde” para os moradores, o supervisor de campo há mais de 10 anos, Cristiano Dias Venâncio, iniciava o trabalho que consiste em abordar a população e passar as orientações adequadas para prevenir a febre amarela, com a aplicação da vacina, além de reforçar as recomendações para os cuidados com a dengue e outras arboviroses. “As pessoas precisam ser relembradas sobre os cuidados preventivos, por isso a Saúde batendo de porta em porta ajuda a população se atualizar e se imunizar.”

Para que as pessoas consigam receber os agentes, Venâncio utiliza de sua simpatia. “Sempre sorrir e pedir para as pessoas um pouquinho de atenção”, falou sobre como costuma atuar. Após se apresentar e mostrar as credenciais da Secretaria de Saúde, o supervisor entrega um folheto que explica os riscos da febre amarela e as orientações para a população em caso de sintomas. 

O responsável pelo trabalho em campo questiona quantas pessoas vivem naquela casa, se estão todas presentes na residência e se receberam o imunizante. Caso alguém não tenha se vacinado ainda, ou tenha se imunizando há mais de dez anos, duas enfermeiras estão preparadas para coletar as informações dos cidadãos e realizar a aplicação das doses da vacina. “Algumas pessoas podem ficar um pouco inseguras de receber os agentes em sua casa, mas com empatia e conversa conseguimos chamar a atenção para a importante ação que fazemos.” 

Venâncio explicou que de acordo com o manual nacional de combate aos vetores, a meta diária de um agente é cobrir 25 casas por dia de trabalho. Dependendo da topografia do bairro e da recepção das pessoas, é possível visitar um número de casas superior ao recomendado. O supervisor comemorou o sucesso do trabalho realizado ontem. “Conseguimos 75% de aceitação dos moradores. Acima de 50% já é um sucesso.” 

VACINADOS

A empresária Patrícia Kolya, 36 anos, estava organizando a mudança dos móveis recém-chegados à nova casa. Ela parou o trabalho para receber a equipe, ouviu as instruções e agradeceu a visita, uma vez que Patrícia e o marido já haviam se vacinado. “Casamos no exterior e precisamos tomar a vacina”, contou. Mesmo imunizada, ela avaliou que a visita dos agentes foi bem-vinda, pois, mesmo com o quadro de imunização em dia, não tinha conhecimento dos riscos da febre amarela. “Nós não recebemos muitas informações sobre a doença, por isso a visita e as orientações do pessoal são muito importantes.” 

“É um ótimo trabalho e nós precisamos dessa assistência”, disse a aposentada Antônia Bezerra, 65 anos. Sorridente, ela comentou que não tinha se vacinado, pois acreditava que não era destinada para pessoas com mais de 60 anos. “Agora ficou bom, estou imunizada”, comemorou. Já a aposentada Maria Auxiliadora, 67, que também aproveitou a visita para receber a vacina, destacou que a praticidade que a estratégia casa em casa possibilita é muito importante. “Especialmente para as pessoas que têm dificuldade de locomoção, pessoas muito idosas e para aquelas que acham que não precisam da vacina para se proteger”, decretou.

A enfermeira Simone Tonhatti, que estava coletando os dados das pessoas que receberam a vacina, acredita que, apesar da boa aceitação da população, é preciso intensificar ainda mais a conscientização a respeito da importância da vacinação. “Dentro do contexto da febre amarela, a pessoa que não se imunizar e contrair a doença tem um risco de óbito muito grande”.

A Secretaria de Estado da Saúde reforçou que a vacinação é a forma mais eficaz de prevenção e destacou que a conscientização da população sobre a importância da imunização de rotina é uma medida essencial para prevenir casos graves e proteger a saúde.

COBERTURA VACINAL

O trabalho em Valinhos já cobriu os bairros Frutal, Cocais, Lopes, Contendas, Jardim São Pedro, Fonte Mécia, São Luiz, Roncáglia, Jardim América 2, Chácara das Nações, Parque Valinhos, Biquinha, Fazenda São Bento do Recreio, Chácara Alpinas, Jardim Pinheiros, Colina dos Pinheiros, Country Club, Joapiranga 1, Joapiranga 2, Recreio dos Cafezais e Clube de Campo. O Ministério da Saúde recomenda que 95% da população esteja dentro da cobertura vacinal. De acordo com a Secretaria de Saúde de Valinhos, a cobertura na cidade é de 124,5%. A Pasta explicou que o índice supera 100% devido ao fato de que em algumas faixas etárias são aplicadas mais de uma dose. Os imunizantes estão disponíveis em todas as unidades de saúde do município. 

Em Campinas, desde o início da mobilização, foram abordadas 15.802 pessoas em 7.523 imóveis. Quase todas estavam vacinadas contra a doença, porém algumas se recusaram a receber a dose. A Secretaria de Saúde não informou a cobertura vacinal considerando toda a população elegível, mas lembrou que 84,7% das crianças com até um ano de idade estão imunizadas.

Campinas tem neste momento 26 centros de saúde (CSs) atuando na estratégia de casa em casa que será mantida nas próximas semanas. As unidades participantes são: Carlos Gomes, Jardim San Diego, Vila 31 de Março, Taquaral, Joaquim Egídio, Sousas, União dos Bairros, São Cristóvão, Parque Floresta, Village, Santa Rosa, Barão Geraldo, Jardim Eulina, Jardim Santa Mônica, Parque Santa Bárbara, Jardim Paranapanema, Vila Orozimbo Maia, Vila Ipê, Jardim Esmeraldina, Jardim São Vicente, Jardim São Domingos, Jardim Nova América, Parque da Figueira, Carvalho de Moura, Campina Grande e Jardim São Cristóvão.

A recomendação do Programa de Imunização é que todos os moradores de Campinas, a partir de 9 meses, que ainda não receberam a dose, compareçam aos Centros de Saúde para a aplicação. Também deve receber uma dose quem não tiver comprovante nem certeza de que recebeu o imunizante e estiver sem registro de vacinação no sistema do SUS Municipal. 

Os sintomas iniciais da febre amarela são o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas e no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A recomendação para quem apresentar os sintomas é procurar o sistema de saúde imediatamente. A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que neste ano foram 32 casos em humanos registrados no Estado de São Paulo e 24 deles possuem como possível local de infecção as cidades que fazem parte do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS VII). São 42 ao todo. Também foram confirmados 47 casos de febre amarela em macacos, 18 na região de Campinas. A SES destacou que os macacos não transmitem a doença, já que a transmissão do vírus se dá pela picada de mosquito silvestre infectado. Caso alguém identifique macacos mortos na região onde vive ou está, deve informar imediatamente às autoridades sanitárias do município, de preferência diretamente para a vigilância ou controle de zoonoses.

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