FIM DA GOTINHA

Vacina oral será substituída pela injetável no combate à pólio

Previsão é de que o novo procedimento seja adotado em todo o país até 4 de novembro

Agência Brasil e Estadão Conteúdo
21/09/2024 às 12:46.
Atualizado em 21/09/2024 às 13:50

A poliomielite foi eliminada na maioria dos lugares, mas continua se espalhando em um pequeno número de países, o que exige campanhas de vacinação (Erasmo Saçomão/MS)

A vacina oral poliomielite (VOP, na sigla em inglês) será oficialmente aposentada no Brasil em menos de dois meses. Popularmente conhecida como "gotinha", a dose será substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP, na sigla em inglês), aplicada no formato injetável. De acordo com a representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia, Ana Frota, a previsão é que a retirada da VOP em todo o país ocorra até 4 de novembro.

Ao participar da 26ª Jornada Nacional de Imunizações, no Recife, Ana lembrou que a VOP contém o vírus enfraquecido e que, quando utilizada em meio a condições sanitárias ruins, pode levar a casos de pólio derivados da vacina, considerados menos comuns que as infecções por poliovírus selvagem. "Mas, quando se vacina o mundo inteiro (com a VOP), você tem muitos casos. E quando eles começam a ser mais frequentes que a doença em si, é a hora em que as autoridades públicas precisam agir".

A substituição da dose oral pela injetável no Brasil tem o aval da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "Nos parece bem lógica a troca das vacinas", avalia Ana, ao citar que, a partir de agora, a orientação é que a VOP seja utilizada apenas para controle de surtos, conforme ocorre na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. A região notificou quatro casos de paralisia flácida - dois descartados para pólio, um confirmado e um que segue em investigação.

Ana lembrou que, entre 2019 e 2021, cerca de 67 milhões de crianças perderam parcial ou totalmente doses da vacinação de rotina. "A própria iniciativa global (Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, parceria da OMS) teve que parar a vacinação contra a pólio por quatro meses durante a pandemia", destacou. Outras situações que, segundo ela, comprometem e deixam lacunas na imunização incluem emergências humanitárias, conflitos, falta de acesso.

Em 2023, o Ministério da Saúde informou que passaria a adotar exclusivamente a VIP no reforço aplicado aos 15 meses de idade, até então feito na forma oral. A dose injetável já é vinha sendo aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Já a dose de reforço contra a pólio, antes aplicada aos 4 anos, segundo a pasta, não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses vai garantir proteção contra a pólio.

A atualização considerou critérios epidemiológicos, evidências relacionadas à vacina e recomendações internacionais sobre o tema. Desde 1989, não há notificação de casos de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais sofreram quedas sucessivas nos últimos anos.

A poliomielite foi eliminada na maioria dos lugares, graças a um esforço de décadas da OMS e seus parceiros para combater a doença. Mas a pólio ainda é uma das doenças mais infecciosas do mundo, e continua se espalhando em um pequeno número de países. A OMS e seus parceiros querem erradicar a poliomielite nos próximos anos.

Até que desapareça do planeta, o vírus continuará a desencadear surtos em todos os lugares onde as crianças não estiverem totalmente vacinadas. A recente infecção por pólio de um bebê não vacinado em Gaza foi o primeiro registro da doença no território em mais de 25 anos.

A pólio é uma infecção causada por um vírus que afeta principalmente crianças menores de 5 anos. A maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas, mas a doença pode causar febre, dor de cabeça, vômito e rigidez da coluna. Em casos graves, a pólio pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia em poucas horas, segundo a OMS. A agência da ONU estima que 1 em cada 200 casos de poliomielite resulte em paralisia permanente, normalmente das pernas. Entre as crianças com paralisia, até 10% morrem quando os músculos respiratórios ficam paralisados.

O vírus se espalha de uma pessoa para outra, e entra no corpo pela boca. Ele é transmitido mais frequentemente pelo contato com resíduos de uma pessoa infectada, ou, com menos frequência, por meio de água ou alimentos contaminados.

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