IMUNIZAÇÃO

Vacina contra covid está em falta em 13 cidades da RMC

Municípios responsabilizam Ministério da Saúde, que alega ter iniciado a distribuição

Luis Eduardo de Sousa/[email protected]
17/05/2024 às 10:16.
Atualizado em 17/05/2024 às 10:16
O Centro de Saúde do Jardim Eulina é umdos postos de atendimento que enfrentam a falta de vacinas bivalente contra a covid-19; desabastecimento tem deixado pelo menos 13
municípios da Região Metropolitana, incluindo Campinas, sem a capacidade de imunizar adultos contra a doença desde o início de abril (Alessandro Torres)

O Centro de Saúde do Jardim Eulina é umdos postos de atendimento que enfrentam a falta de vacinas bivalente contra a covid-19; desabastecimento tem deixado pelo menos 13 municípios da Região Metropolitana, incluindo Campinas, sem a capacidade de imunizar adultos contra a doença desde o início de abril (Alessandro Torres)

Levantamento realizado pela reportagem do Correio Popular revela que pelo menos 13 das 20 cidades que compõem a Região Metropolitana de Campinas (RMC) estão enfrentando escassez do imunizante bivalente contra a covid-19 em suas unidades básicas de saúde. O desabastecimento tem deixado algumas dessas localidades sem a capacidade de imunizar adultos desde o início de abril. Tanto os municípios quanto o governo estadual atribuem o atraso no envio de novas doses ao Ministério da Saúde. Em comunicado oficial, o órgão afirmou que já iniciou a distribuição de lotes atualizados para proteção contra novas cepas e que estes serão entregues às cidades nos próximos dias.

Um levantamento junto a todas as cidades da RMC foi conduzido ao longo do dia de ontem. Das que responderam ao contato, Americana, Cosmópolis, Campinas, Hortolândia, Itatiba, Jaguariúna, Morungaba, Paulínia, Santa Bárbara d'Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo confirmaram a falta de imunizantes. As demais cidades não responderam até a publicação desta reportagem, entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde admitiu estar sem estoque de vacinas, o que resultou na interrupção do repasse para todas as localidades. Segundo a infectologista Raquel Stuchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o atraso atual não representa um risco significativo para a população, dado que a circulação do vírus está em baixa.

Ontem, no Centro de Saúde do Jardim Eulina, em Campinas, a sala de vacinação dispunha apenas do imunizante Pfizer Baby, destinado a crianças entre seis meses e quatro anos. A Secretaria Municipal de Saúde informou que, além deste imunizante, ainda há doses da vacina pediátrica disponíveis em outras unidades, cobrindo a faixa etária entre cinco e 11 anos. Uma funcionária relatou que, no Centro de Saúde do Eulina, a imunização de adultos está parada há semanas.

Em Cosmópolis, a Administração municipal informou que as doses destinadas a adultos estão em falta desde o dia 2 de maio. O município continua aplicando imunizantes na faixa etária até 11 anos enquanto aguarda um retorno do Estado.

Por outro lado, a Prefeitura de Hortolândia relatou que está há mais de 30 dias sem disponibilidade da Pfizer Bivalente, e que as doses pediátricas se esgotaram aproximadamente uma semana atrás. O município não tem previsão para a normalização do estoque.

Itatiba comunicou que enfrenta desabastecimento há mais de um mês, desde o início de abril. Além disso, informou que o Ministério da Saúde prometeu o envio de novas doses em breve, e que continua aguardando.

Em Jaguariúna, o desabastecimento já se estende por 45 dias, levando todas as oito Unidades Básicas de Saúde a interromperem a imunização. A Administração também relatou a falta de imunizantes contra varicela, sem previsão para normalização.

Morungaba declarou que, assim como diversos municípios do estado, também enfrenta escassez de imunizantes, especialmente da vacina bivalente.

Paulínia afirmou que ainda possui doses, porém apenas para faixas etárias abaixo de cinco anos. Situação semelhante ocorre em Santa Bárbara d'Oeste. Já Santo Antônio de Posse não possui imunizantes nem mesmo para o público infantil.

Por fim, Sumaré, Valinhos e Vinhedo também estão sem doses para os públicos infantil e adulto. Vinhedo ainda relatou falta de doses contra varicela.

A vacina bivalente oferece proteção contra as cepas originais do vírus Sars-Cov-2, responsável pela covid-19, e sua variante ômicron, considerada uma das mais transmissíveis até o momento.

JUSTIFICATIVAS

Em resposta à solicitação da reportagem, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do estado informou que recebeu menos doses do que solicitou ao Ministério da Saúde nos meses de fevereiro, março e abril. Segundo o comunicado, "No últimomês, foram requisitadas 200 mil doses da vacina Pfizer Pediátrica contra covid- 19 e foram recebidas 121,5 mil. Em relação à Pfizer Bivalente, a pasta solicitou 400 mil doses e não recebeu nenhuma. Quanto à Pfizer Baby, todos os quantitativos solicitados foram repassados pelo órgão federal. O CVE reitera que o estado de São Paulo não dispõe de estoque da vacina bivalente e que, assim que receber as vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI), realizará o envio para todas as regiões do estado."

Questionado, o Ministério da Saúde declarou ter iniciado, na última semana, as primeiras distribuições da vacina atualizada contra a covid-19, sendo que em São Paulo, as doses foram entregues na terça- feira (14), destinadas à imunização dos grupos prioritários. De acordo com o comunicado oficial, "Os pedidos de envio de doses das vacinas contra a covid-19 são realizados pelos gestores locais, de acordo com a demanda de cada estado. Após a solicitação, o Ministério da Saúde avalia criteriosamente as doses a serem distribuídas, levando em conta a demanda específica de cada solicitante, os grupos prioritários estabelecidos e o estoque disponível no momento da autorização."

A infectologista Raquel Stucchi, especialista em imunizações, explicou que a partir de agora, a imunização será direcionada aos grupos prioritários, não sendo disponibilizada para toda a população. No final do ano passado, o Ministério da Saúde incluiu a vacina contra a covid-19 no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

"Vacinar grupos prioritários é uma recomendação em todos os países. Parte desses grupos receberá dose anual e outros, semestral. Idealmente, os grupos prioritários deveriam ter sido vacinados em outubro/ novembro de 2023 - completando agora o intervalo de 6 meses entre as doses. Neste momento, a falta temporária da vacina não deverá ter impacto, uma vez que a circulação do SARS-COV-2 felizmente está bastante reduzida", afirmou.

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