Expectativa da Santa Casa é a de que a liberação ocorra nos próximos dias
O médico oncologista do COC, Fernando Medina, é um dos idealizadores do projeto e será diretor da Unacon (Gustavo Tillio)
Anunciada em primeira mão ao Correio Popular no início de setembro, a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), que será instalada na Santa Casa de Campinas para atendimento de pacientes do SUS, aguarda apenas a liberação de recursos do governo estadual para iniciar o processo de implementação. O credenciamento, realizado entre Estado, município e Santa Casa, já foi publicado, segundo informou a instituição filantrópica. Por parte dela, já há a verba para o custeio da Unacon, que gira em torno de R$ 9 milhões.
A expectativa é que pouco mais do que isso deve vir do governo estadual para complementar os recursos necessários para que o projeto vigore. A Santa Casa calcula que isso aconteça nos próximos dias, enquanto o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas informou que a implementação da Unacon da Santa Casa está em análise pela área técnica.
A partir da liberação do recurso pelo Estado, não deve demorar para que a primeira fase saia do papel. De acordo com o provedor da Irmandade de Misericórdia de Campinas, que além da Santa Casa é responsável pelo Hospital Irmãos Penteado, Murillo de Almeida, a primeira parte do projeto, focada em quimioterapia, não demoraria mais do que três meses para ficar pronta.
O que levaria mais tempo seria a parte de radioterapia, visto que, embora haja um espaço delimitado para isso e uma planta, ainda haveria uma estrutura complexa a ser montada na Santa Casa. Por isso, até que seja construído um bunker de radioterapia na Santa Casa, o Centro de Oncologia Campinas (COC) ficará responsável por essa demanda. O COC também fornecerá alguns profissionais para a Unacon.
O Correio Popular noticiou na edição de sábado, 24, na coluna "Xeque-Mate", o encontro entre o provedor da Irmandade e o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, quando se deu a confirmação da implantação do serviço de Oncologia completo - com quimioterapia e radioterapia - nas dependências da Santa Casa. Em conversa com a reportagem, Murillo de Almeida sustentou a sinalização dada pelo secretário Gorinchteyn. "Temos a parte do custeio da Santa Casa finalizada e uma outra parte que é o investimento - que depende da liberação do governo estadual. Ainda não tivemos a definição, mas, na semana passada, encontrei o secretário, conversamos e ele deu essa notícia. Estamos aguardando."
Mesmo com o fim da gestão atual do governo e a troca no secretariado, a Santa Casa mantém o otimismo de que a Unacon entrará em operação em 2023. "O projeto está sendo estruturado há muito meses. A casa está toda pronta. É só montar. Na Unidade Pediátrica do Hospital Irmãos Penteado, nós saímos do zero e hoje temos uma ala com dez leitos de enfermaria e um pronto-tendimento imenso. Fizemos tudo isso em 100 dias. É questão de trabalhar 24 horas, que a coisa sai."
A Unacon deve ter aproximadamente 1,5 mil m², entre a primeira parte da implementação e a segunda, com a inclusão da radioterapia na própria Santa Casa. Murillo estima que a demanda reprimida, que aumentou bastante durante a pandemia de covid-19, será combatida com os procedimentos cirúrgicos oncológicos por ano, que poderia chegar a 800. "É um número muito importante. A demanda reprimida fez com que outras cidades da região também abrissem uma nova Unidade de Alta Complexidade em Oncologia", lembrou o provedor da Irmandade.
Anúncio em setembro
Em setembro, o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, reconheceu que uma nova Unacon era necessária mesmo com a abertura de outros quatro serviços. "Nós abrimos quatro serviços de oncologia na região, mas precisamos de muito mais (...) a própria Santa Casa, trazendo a possibilidade de um serviço e de uma equipe extremamente qualificada, que já atua em outros municípios, sem dúvida alguma nos ajudará na demanda de oncologia. A demanda veio com superávit nos números pós-pandemia e, o pior, na gravidade dos pacientes na apresentação clínica", disse o secretário à época.
De acordo com o médico oncologista do COC, Fernando Medina, que é um dos idealizadores do projeto e será o diretor responsável pelo serviço, Campinas deve fechar o ano de 2022 com 3,5 mil novos casos de câncer. Ele explicou na ocasião que, considerando a população de todas as demais 19 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), o número pode atingir 9 mil, portanto, uma nova unidade é tida como de extrema importância para os pacientes da região.