EM CURVA ASCENDENTE

Total de internados por SRAG é o maior em quatro meses em Campinas

Positividade da covid-19 estava em 32,7% na última atualização da Prefeitura

Ronnie Romanini/ [email protected]
10/12/2022 às 09:27.
Atualizado em 10/12/2022 às 09:27
Pacientes aguardam na UPA Carlos Lourenço, que desde o dia 25 de novembro voltou a ser hospital de campanha direcionado à covid-19 (Kamá Ribeiro)

Pacientes aguardam na UPA Carlos Lourenço, que desde o dia 25 de novembro voltou a ser hospital de campanha direcionado à covid-19 (Kamá Ribeiro)

O crescimento de casos de covid-19 no último mês acarretou em aumento no número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) neste início de dezembro em Campinas. Na quartafeira (7), o município atingiu o maior patamar de internações em mais de quatro meses, com 72 pacientes. Pouco mais de quatro meses atrás, no dia 27 de julho, eram 73 internados. A diferença é a de que 44 eram adultos e 29, crianças. Agora, são 39 adultos e 33 crianças hospitalizadas. Os números são do Painel Interativo de Síndromes Respiratórias da Prefeitura de Campinas.

Outro dado que chama a atenção é a estabilidade na quantidade de crianças internadas ao longo desses meses. Foram poucos os dias em que haviam menos de 20 crianças hospitalizadas - o que também é justificado pelo período de sazonalidade das doenças respiratórias, contabilizadas nos números que não são apenas de covid-19. A diminuição no total de hospitalizados durante esse período, portanto, foi reflexo da queda nas hospitalizações de adultos. 

No dia 23 de agosto, eram 21 adultos internados em Campinas, número superado apenas no dia 20 de novembro, quando chegou a 25, e, com um detalhe: durante todos os dias, entre 8 de outubro e 8 de novembro, menos de dez adultos estavam hospitalizados por SRAG. Desde o dia 13 de novembro, este número se mantém superior a 10 e em crescimento até atingir 39 em 7 de dezembro.

O primeiro fator que aumenta todas as curvas de crescimento dos casos de covid-19 é a procura por atendimento. Depois, a confirmação de casos. As internações e óbitos são os índices que sobem na sequência, por isso, o momento é de observação, a fim de se verificar se as mortes continuarão subindo até atingir patamares mais preocupantes, como aconteceu no início do ano.

A quantidade de vidas perdidas pela doença voltou a subir depois de três meses de queda. Julho, o terceiro mês com mais óbitos, registrou 86, número que caiu bastante, para 12, em agosto. Depois, 8 em setembro e dois em outubro. Em novembro, foram dez mortes. Nos primeiros quatro dias de dezembro, uma.

Janeiro e fevereiro se mantêm como os meses em que a covid-19 mais vitimou os cidadãos de Campinas. Foram 205 mortes em janeiro e 155 em fevereiro. A três semanas do fim do ano, já foram confirmados 100.302 casos e 620 mortes por covid-19 no município. Para se ter uma ideia, em 2021 foram 92.402 casos com 3.047 mortes e em 2020 58.346 casos com 1.655 óbitos.

Positividade dos testes

O último boletim de monitoramento de síndromes respiratórias de Campinas mostrou que um a cada três testes realizados nos serviços públicos e privados são positivos. A proporção de 32,7% de confirmações da doença entre aqueles que procuram o exame ainda pode aumentar com a inserção de dados do final de novembro e início de dezembro, uma vez que o dado se refere à Semana Epidemiológica (SE) 46 de 2022, considerada entre 13 e 19 de novembro. Uma semana antes, na SE 45, eram 28,1% resultados positivos, pouco mais de um a cada quatro.

O crescimento vem sendo constante há mais de um mês. Na virada de setembro para outubro, na SE 39, 2% dos testes eram positivos. Na última semana de outubro, a SE 43, o número era de 6,3%. Uma semana depois, 20,4% testes positivos. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou que nos laboratórios privados associados - responsáveis por 60% do volume de exames realizados na saúde suplementar - a positividade é ainda maior do que a constatada em Campinas. Do dia 12 a 18 de novembro, foram 41,1% resultados positivos em 64.809 testes realizados. Na semana seguinte, finalizada em 25 de novembro, houve uma alta na quantidade de exames - 79.225 - e a positividade permaneceu a mesma.

Um mês antes, na semana entre 15 a 21 de outubro, tanto a positividade quanto a quantidade de testes eram bastante inferiores: 18.229 exames realizados, com 8,2% de positividade. Os resultados positivados aumentaram bastante na semana seguinte, de 22 a 28 de outubro, com praticamente o mesmo volume de exames, mas o dobro de positividade: 16,6%

Entre o final de outubro e início de novembro, mais um salto na positividade, atingindo 28,8%, com 21 mil exames. Na semana de 5 e 11 de novembro, o número de exames quase triplicou e foi para 57.530, com uma elevação robusta na positividade, chegando a 39,3%. A positividade continuou subindo, mas foi a primeira vez em três semanas que a quantidade de testes cresceu tanto.

Notificação para autoteste

O aumento nos índices da pandemia fez a Prefeitura se movimentar nas últimas semanas. Desde o dia 25 de novembro a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Carlos Lourenço voltou a ser um hospital de campanha direcionado à internação de pacientes com covid-19.

A Secretaria de Saúde disponibilizou, desde a última terçafeira (6), um serviço de autonotificação on-line de casos de covid-19 para os moradores de Campinas. A ferramenta deve ser utilizada por pessoas que têm diagnóstico positivo por meio de autotestes.

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, explicou que, como a maioria dos casos atuais geram sintomas leves no paciente, muitos não procuram atendimento após o resultado positivo no autoteste e o caso deixa de ser notificado à Secretaria de Saúde. A ação tem como objetivo reduzir a subnotificação de casos e aprimorar o trabalho da vigilância epidemiológica.

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