Ocupação é 200% superior à quantidade de leitos disponíveis no Pronto-Socorro Adulto, da PUC, e na Unidade de Emergência Referenciada, do HC
Situação está ligeiramente melhor do que no final da semana passada, mas ainda preocupa, uma vez que são 60 pessoas internadas em um espaço com capacidade para 20 leitos (Alessandro Torres)
A superlotação de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) do Pronto-Socorro Adulto (PS) do Hospital PUCCampinas continuou ontem. Eram 60 pessoas internadas em um espaço para 20 leitos, ocupação 200% acima da capacidade instalada. O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas confirmou que a Unidade de Emergência Referenciada (UER) do HC também estava superlotada. O nível de ocupação do local era de 210% além do limite operacional, com 93 internações em uma unidade com capacidade para 30 leitos.
Considerando esse cenário recorrente, a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas pediu na última sexta-feira, dia 9, que a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) de São Paulo, ligada à Secretaria Estadual de Saúde, reduzisse os encaminhamentos de pacientes de outras cidades da região para a cidade de Campinas. No entanto, o governo estadual não informou se atendeu a solicitação feita pelo município.
Na semana passada, a superlotação no Hospital PUCCampinas estava ainda pior. Na última sexta-feira eram 76 internações no PS Adulto SUS. A maior parte delas estava com doenças cardiovasculares, como Acidente Vascular Cerebral (AVC). Outros casos que motivaram as internações da última sexta foram oncológicos e respiratórios. No dia anterior, quinta-feira, a situação era mais grave: 83 pessoas internadas no pronto-socorro adulto via SUS, ou seja, 315% acima da capacidade instalada. Como resposta, a direção do hospital pediu que a população procure outras instituições de saúde da cidade. Já foram emitidos pelo hospital mais de cinco alertas de superlotação neste ano, superando todos os comunicados divulgados em 2024.
No caso do HC da Unicamp, não foram detalhados os perfis dos pacientes internados na UER. Em 19 de março deste ano, a unidade também conviveu com a superlotação. Na ocasião, 121 pessoas estavam na Unidade de Emergência Referenciada. Isto é, mais de 303% além da capacidade operacional do local. O Correio Popular publicou dias depois, em 23 de março, que o Governo de São Paulo responderia a esses casos de superlotação com a abertura de um chamamento público. O objetivo é a contratação de mais de 4 mil procedimentos de média e alta complexidade mensais, via SUS, para a Região de Campinas, considerando cirurgias, internações clínicas e em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sessões de quimioterapia, ressonâncias magnéticas, entre outros, com investimento total de R$ 7,4 milhões ao mês. Esse processo de contratação segue em andamento, mas sem novidades concretas até o momento.
REDE MÁRIO GATTI
Apesar da superlotação no Hospital PUC-Campinas e no HC da Unicamp, o mesmo não ocorreu ontem no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti e no Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi (Hospital Ouro Verde). Segundo a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, responsável pelas duas unidades, a ocupação em ambas é de 95% a 100%, com todos os pacientes que as procuram sendo atendidos. A autarquia pediu que a população não busque os hospitais da rede para consultas de baixa complexidade, que podem ser feitas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pois o tempo de espera deve ser mais longo, uma vez que os casos mais graves são priorizados.
A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas informou que monitora de forma contínua a ocupação dos leitos e encaminhamentos de pacientes na cidade por meio do sistema Cross. A Pasta disse que não obteve retorno do pedido feito ao Estado, na semana passada, para que sejam reduzidos os encaminhamentos de pacientes de outras cidades da região para Campinas.
Questionada novamente ontem pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado não se posicionou diretamente sobre a solicitação da Prefeitura de Campinas. Via nota, a Pasta informou que aconteceu ontem uma reunião do Departamento Regional de Saúde com representantes das unidades da Região Metropolitana de Campinas para alinhar estratégias de mapeamento do perfil dos pacientes atendidos nas emergências. “O objetivo é garantir o encaminhamento adequado à rede assistencial, conforme a complexidade de cada caso. O DRS também mantém diálogo constante com os municípios da RMC para otimizar, de forma emergencial, a utilização dos leitos disponíveis na região.”
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