REDE MÁRIO GATTI

Síndrome respiratória atinge 41% do atendimento infantil

Centros de Saúde vão priorizar tratamento de sintomas leves em crianças para aliviar sistema

Bianca Velloso/ [email protected]
07/04/2023 às 08:46.
Atualizado em 07/04/2023 às 08:46
Atendimento de crianças com sintomas de doenças respiratórias aumentou consideravelmente no Hospital Mário Gattinho (Alessandro Torres)

Atendimento de crianças com sintomas de doenças respiratórias aumentou consideravelmente no Hospital Mário Gattinho (Alessandro Torres)

Com a chegada do Outono, os casos de síndromes respiratórias envolvendo crianças na Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, em Campinas, já representam 41,2% do total de atendimento. Levantamento da Rede feito a pedido do jornal Correio Popular aponta que em março foram realizados 26.927 procedimentos, sendo 11.107 com algum tipo de problema respiratório. Esse tipo de doença, como gripes e resfriados, costumam ter maior incidência entre o Outono e Inverno.

E para aliviar a pressão e demanda nos hospitais, prontos-socorros e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), a Secretaria de Saúde determinou que a partir de segunda-feira, dia 10, os centros de saúde de Campinas passem a reorganizar os atendimentos com prioridade para os casos leves de crianças sintomáticas respiratórias. São considerados casos leves crianças com coriza clara, febre baixa, boa aceitação alimentar e congestão nasal leve.

"Reorganizamos as equipes para priorizarmos o atendimento das crianças com doenças respiratórias. Neste momento, com a alta de casos, comum nesta época do ano, é muito importante que os casos leves sejam atendidos nos centros de saúde. O ideal é deixar os atendimentos da urgência e emergência para os casos mais graves", afirmou a diretora de Saúde, Sara Sgobin.

De acordo com a Pasta da Saúde, na semana de 26 de março a 1 de abril, 5.387 pessoas foram atendidas com sintomas respiratórios, sendo que 2.980, mais da metade (55,4%), tinham entre 0 e 19 anos. Do total de atendimentos, 3.940 (73%) foram feitos em UPAs ou prontos-socorros e 1.447 nos centros de saúde. No caso do levantamento da Rede feito a pedido do jornal, os casos envolvendo o público adulto no mês de março foi de 19,5% do total de atendimentos. No mês em questão foram feitos 54,130 atendimentos, dos quais 10.541 com algum tipo de síndrome respiratória.

O diretor técnico do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Carlos Arca, explica que nesses meses há maior disseminação de vírus que causam doenças respiratórias. Ele ressalta que a alta na demanda está pressionando as Unidades de Pronto Atendimento e Prontos-Socorros da Rede Mário Gatti, que compreende os hospitais Ouro Verde, Mário Gatti e Mário Gattinho, e as UPAs Anchieta, Campo Grande, Carlos Lourenço e São José. Essas unidades têm como foco central casos de urgência e emergência, por isso os casos mais graves têm preferência. “Temos recebido um volume importante de pacientes com sintomas respiratórios leves, que poderiam ter buscado atendimento nas unidades básicas de saúde. Nossa orientação é para que pacientes com quadros leves, procurem os centros de saúde”, recomendou o diretor técnico do Hospital Mário Gatti. 

A Rede Mário Gatti conta com o Hospital Mário Gattinho para atender esse público, que tem estrutura pensada para ser mais acolhedora para crianças e acompanhantes. “Tivemos aumento no número de leitos, com mais 15 de enfermaria, além dos que permanecem na pediatria do Hospital Mário Gatti”, explicou Arca. 

Além dos novos leitos do Hospital Pediátrico Mário Gattinho, em fevereiro, os leitos de UTI pediátricos no Hospital Ouro Verde aumentaram de 10 para 15, uma medida para enfrentar um possível aumento de doenças respiratórias com a volta às aulas, momento que o contato com o próximo é frequente entre as crianças, o que pode favorecer a transmissão de doenças. “Além disso, mantivemos em operação outros 19 leitos no quarto andar do Hospital Mário Gatti”, concluiu o diretor técnico, que acredita que a principal dificuldade é justamente a disponibilidade de leitos para a internação de crianças, uma vez que, segundo ele revelou, as UTIs e enfermarias pediátricas da Rede Mário Gatti estão trabalhando com 100% de ocupação.

Sintomas e prevenção

O médico Rene Penna Chaves Neto , coordenador do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), explicou que as síndromes respiratórias envolvem uma grande quantidade de doenças, entre elas estão as viroses respiratórias (como a gripe), no caso de crianças. Os adultos também podem desenvolver essas doenças, especialmente quando já são portadores de doenças respiratórias crônicas, por exemplo, asma, rinite alérgica e fibrose pulmonar.

“Para todas as síndromes, os sintomas são muito semelhantes no início. Entre eles estão o quadro de indisposição geral, dor no corpo, dor de cabeca, espirros, coriza clara e tosse”, apontou o médico. O tratamento pode ser realizado através de antibióticos, nos casos de infecções por bactérias. Já no caso de infecções virais, são utilizados medicamentos para combater os sintomas, a chamada medicação sintomática. 

Por se tratar de uma manifestação clínica de massa, isto é, uma doença que atinge muitas pessoas simultaneamente, a vacinação contra gripe é a forma mais eficiente de prevenção. Além de evitar aglomerações em ambientes fechados e com pouca ventilação. “A prevenção consiste nos cuidados básicos de higiene, de desinfecção das mãos e vacinação”, aconselhou o médico.

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