Secretário anuncia que Saúde terá monitoramento por vídeo, em tempo real

A introdução de um sistema de monitoramento de toda a área de saúde da Prefeitura de Campinas, por meio do acompanhamento on-line, em tempo real, de imagens e de dados em uma central, é uma das novidades anunciadas pela Secretaria Municipal de Saúde para os próximos quatro anos. A medida ajudará a monitorar ocorrências de furtos e roubos dentro de unidades de saúde da cidade, agressões a servidores, além de permitir planejar mais rapidamente o deslocamento de profissionais para reforçar os atendimentos em unidades com demandas acima do normal, como acontece em epidemias, por exemplo.

As informações foram divulgadas pelo secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, em entrevista exclusiva ao Correio Popular realizada anteontem, dia 23. Durante a conversa, Zambon revelou que permanecerá no cargo pelos próximos quatro anos. É o primeiro secretário a se manifestar publicamente sobre a manutenção na função, ou seja, é o primeiro confirmado no secretariado da nova gestão de Dário Saadi (Republicanos). O destino do restante do primeiro escalão da Prefeitura de Campinas deverá ser divulgado após o Natal.

As medidas buscam atender a dois objetivos do secretário, que assumiu a posição em 2021 após passar vários anos como professor na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e como superintendente do Hospital Estadual de Sumaré, entre outras experiências. Um desses objetivos é a integração dos sistemas de saúde via Saúde Digital, implantado em março de 2023, e o outro é capacitação dos profissionais da área da saúde que atuam na Prefeitura de Campinas.

De acordo com o titular da Pasta, a introdução do monitoramento em tempo real da área da saúde deverá ocorrer por meio de uma licitação. No entanto, ele não detalhou quando isso acontecerá exatamente nem forneceu mais informações a respeito do serviço e dos valores que serão envolvidos nessa ação. “Quando falamos em monitoramento, não é apenas para confirmar se os itens, como computadores de um Centro de Saúde, estão intactos, mas sim para realizar ações preventivas”, explicou.

O secretário Lair Zambon divulgou outra novidade que será adotada na cidade a partir do ano que vem: a terceirização na gestão e logística do novo almoxarifado de insumos da Pasta. O prédio onde ele funcionará foi adquirido no ano passado. Está em andamento, atualmente, uma licitação para selecionar a empresa que vai trabalhar na gestão e operação logística do Centro de Armazenagem e Distribuição (CAD) da Pasta, no valor aproximado de R$ 42,1 milhões. Alguns serviços que farão parte dessa terceirização são os seguintes: recebimento, conferência, armazenamento, triagem de pedidos, separação, reacondicionamento, embalagem, expedição, distribuição, controles de estoque, transporte, entre outras atividades. “Esse novo almoxarifado tem mais de 4 mil metros quadrados de área, já que o nosso atual deixa muito a desejar. Vai ter uma câmara fria para o armazenamento de insumos, incluída na licitação da terceirização. E a logística para nós é fundamental. Eu vejo que essa novidade vai ajudar e muito a cidade.”

BALANÇO

O titular da Pasta municipal de Saúde de Campinas fez um balanço do trabalho executado pela área nos últimos quatro anos. Ele relembrou o início da gestão à frente da Secretaria de Saúde em 2021, ainda em um período agressivo da pandemia de covid-19. Na sequência houve um processo de transição, com a necessidade de atender os casos e doenças que foram reprimidas devido ao foco no combate à covid-19. Outros desafios envolveram a crise na Maternidade de Campinas (comprada pela mantenedora do Hospital PUC-Campinas neste ano) e a epidemia de dengue em 2024, a pior da história do município. “O nosso sistema de saúde foi muito exigido nos últimos quatro anos. Tivemos um aumento do número de pessoas cadastradas na rede municipal de saúde nesse período. Eram 675 mil pessoas em 2021 e agora são 870 mil pessoas, quase 30% a mais. E isso gera, consequentemente, mais atendimentos realizados. São pessoas que perderam planos de saúde privados e procuraram a rede pública. Ou que precisaram de medicamentos após atendimentos privados e buscaram o Sistema Único de Saúde”, analisou.

Lair Zambon comentou também sobre o uso de recursos tecnológicos nos últimos anos por meio de instrumentos de inteligência artificial, como o chatbot Ana, que divulga informações gerais de saúde e resultados de exames de pacientes via WhatsApp, entre outras inovações. “Essa medida evitou que mais de 30 mil pessoas voltassem aos centros de saúde na época da epidemia de dengue. Evitou também que o sistema ficasse ainda mais estressado.” 

Ainda no tema da dengue, o secretário de Saúde de Campinas reforçou as medidas adotadas para preparar a cidade para uma possível nova epidemia da doença em 2025. A capacitação de lideranças de bairros, o uso de imagens de satélite da Polícia Federal (pedido enviado ao órgão), o reforço no estoque de insumos usados no tratamento de dengue e chikungunya (também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti) e mais mutirões de conscientização nos bairros são algumas delas. “Não somente nós, mas o próprio Ministério da Saúde tem uma análise de que haverá uma nova epidemia no próximo ano, infelizmente. Então nós estamos nos preparando e torcendo para que a situação não seja pior do que o ocorrido em 2024”, pontuou.

RECONDUÇÃO

Lair Zambon relembrou os investimentos feitos nas reformas de 60 dos 68 centros de saúde e o avanço nas metas de imunização na cidade. “Nós estamos comemorando, pois os índices de imunização em Campinas estão passando os índices do país. Apesar de ainda não termos os dados fechados, são números muito interessantes e que voltaram a crescer. Isso tem muito a ver com as campanhas que nós estamos fazendo. Não é fácil vencer esse negacionismo em relação às vacinas. É uma luta diária, mas nós estamos claramente com níveis de imunização acima dos registrados em relação ao resto do país.”

Durante a entrevista, o secretário de Saúde de Campinas rebateu críticas quanto a uma possível queda no ritmo de reposição do quadro de servidores da área da saúde. “Analisar essa situação apenas número por número é um erro crasso. Nós não tivemos uma redução no quadro. Desde 2021 foram contratados 582 médicos e outros 1.389 profissionais de saúde para outros cargos. Além disso, fizemos a inserção da Saúde Digital e da Telemedicina. Implantamos também o aplicativo que permite ver os resultados de exames de forma on-line, ou seja, as pessoas não precisam voltar aos centros de saúde nesses casos. Quando falamos em números, precisamos também analisar a qualidade dos atendimentos nos centros de saúde. Considerando todos eles, metade é fruto de agendamentos. Isso é uma quebra de paradigma. Aquela história que as pessoas chegavam ao CS e não eram atendidas, pois não tinham consultas marcadas, não existe. As pessoas que por acaso precisarem dos centros de saúde e não estiverem agendadas serão atendidas também”, detalhou.

Por fim, Lair Zambon comentou sobre a permanência no cargo no segundo mandato de Dário Saadi (Republicanos) à frente da Prefeitura de Campinas. O secretário de Saúde disse que foi convidado a permanecer na função. “Eu classifico como muito interessante ter conhecido e trabalhado junto ao prefeito Dário nos últimos anos, depois de tanto tempo de trabalho na Unicamp. O prefeito me convidou, então eu vou continuar.”