ALERTA

Saúde reforça importância de vacinação contra a coqueluche

Estado registrou um crescimento relevante nos registros da doença; Campinas tem dois casos confirmados e dez suspeitos

Luiz Felipe Leite/[email protected]
18/06/2024 às 07:58.
Atualizado em 18/06/2024 às 07:58
Na rede pública, a vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (dTpa) é recomendada para gestantes e profissionais de saúde; Departamento do Programa Nacional de Imunizações ampliou de forma excepcional e temporária a vacinação para quem trabalha em berçários e emcreches que atendem crianças de até quatro anos

Na rede pública, a vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (dTpa) é recomendada para gestantes e profissionais de saúde; Departamento do Programa Nacional de Imunizações ampliou de forma excepcional e temporária a vacinação para quem trabalha em berçários e emcreches que atendem crianças de até quatro anos

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo divulgou um alerta na última semana sobre um aumento de 768,7% nos casos confirmados de coqueluche. Foram 139 registros positivos da doença entre janeiro e o último dia 8 de junho contra 16 ocorrências no mesmo período do ano passado. Em Campinas, foram duas confirmações em 2024 e 10 casos suspeitos, todos ainda em investigação.

A coqueluche tem potencial transmissor ainda maior que o da covid-19 e é caracterizada por uma infecção respiratória bacteriana. Ela afeta, principalmente, bebês de até um ano, mas pode ser prevenida com o ciclo completo de imunização. A vacina é distribuída pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) e é conhecida como pentavalente, estando à disposição dos estados para o direcionamento aos municípios. A imunização deve ser realizada nos primeiros meses de vida, aos dois, quatro e seis meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses. Neste ano, a cobertura vacinal para o imunizante está em 76,3% no Estado de São Paulo. Em 2023, em Campinas, a cobertura foi de 93%. A meta é 95%.

Já a vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (dTpa) na rede pública é recomendada para gestantes e profissionais de saúde. O DPNI ampliou de forma excepcional e temporária a vacinação para os profissionais de berçários e creches que atendem crianças de até quatro anos.

RISCO

Segundo a pediatra do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Elda Motta, há a percepção de um aumento de casos suspeitos da doença na cidade, mas, até o momento, o número de confirmações formais segue baixo. “Percebemos um aumento de casos suspeitos de junho para cá. Por isso, a discussão sobre a coqueluche está sendo feita internamente aqui no Devisa. Temos de uma semana a 10 dias para confirmarmos os casos positivos”, comentou.

Ainda de acordo com a especialista da Administração Municipal, a investigação de casos depende de um entendimento sobre as diferenças entre o que é coqueluche e o que é outra doença, como a própria gripe e demais enfermidades do sistema respiratório. “Elas são parecidas em seus estágios iniciais, então as investigações precisam ser mais amplas. De qualquer forma, a prevenção é a vacinação. É a melhor maneira de combatermos essa doença, que pode ser fatal para quem estiver sem a imunização completa”, explicou.

A opinião da pediatra campineira é compartilhada pela diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Tatiana Lang. Para ela, a vacinação precisa de reforços periódicos. “A imunidade não é duradoura, por isso é importante reforçar a vacinação, que está disponível em todos os 645 municípios do Estado de São Paulo.“

A infectologista, também professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, defendeu o ponto de que a melhora na cobertura vacinal vai evitar a volta de surtos constantes de coqueluche. “Nós sabemos que em alguns países, principalmente aqui na América Latina, como a Bolívia, estão vivendo também um surto de coqueluche, muito relacionado à baixa taxa de cobertura vacinal. Nós temos um número grande de imigrantes dos países da América Latina, mas não temos culpá-los pela atual situação em território nacional, pois se nós tivéssemos uma boa cobertura vacinal não teríamos risco de ter a doença no nosso país. A grande preocupação no momento é recuperar essas taxas, com incentivo à vacinação”, afirmou.

SINTOMAS

Considerada altamente contagiosa, a coqueluche é causada pela bactéria Borderella pertussis e tem como principais sintomas crises de tosse seca, febre baixa, corrimento nasal e mal-estar. A doença pode levar crianças ao quadro de insuficiência respiratória e até mesmo à morte.

O quadro da doença pode ser desenvolvido em três fases: fase catarral, que dura até duas semanas, marcada por febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca, sendo a fase mais infectante e com maior intensidade das crises de tosse. A segunda é a fase paroxística, que dura de duas a seis semanas e a febre se mantém baixa, com início das crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração. Por fim, a fase de convalescença, quando os sintomas anteriores diminuem em frequência e intensidade, embora a tosse possa persistir por vários meses.

A contaminação se dá pelo contato com pessoas infectadas e por gotículas expiradas ao tossir, falar ou espirrar, podendo gerar, a cada infecção, outros 17 casos secundários. Os sintomas podem durar entre seis a 10 semanas. Emalguns casos, dependendo do quadro clínico, pode durar até mais.

A doença tende a ser transmitida mais facilmente em clima ameno e frio, como na primavera e no inverno, devido ao fato de as pessoas permanecerem a maior parte do tempo em ambientes fechados.

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