Setor de atendimento para pessoas contaminadas pela dengue no Centro de Saúde do Jardim Eulina, localizado em um dos bairros de Campinas com maior incidência da doença
A Secretaria de Saúde de Campinas utilizou Inteligência Artificial (IA) para expandir a assistência médica a 38,6 mil pessoas sintomáticas de dengue que procuraram o SUS Municipal nos últimos três meses. O recurso foi implementado em 12 de março como uma ferramenta adicional para melhorar o atendimento, com o balanço considerando dados até 11 de junho. A divulgação ocorreu ontem por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde.
Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses de Campinas divulgado ontem, a cidade registrou 107.111 casos da doença, resultando em 37 óbitos. Os novos casos fatais foram confirmados na terça-feira à tarde. As vítimas incluem uma mulher de 35 anos, com comorbidades, residente na área de abrangência do Centro de Saúde (CS) Floresta, que apresentou sintomas em 28 de abril e faleceu em 3 de maio. O segundo óbito é de um homem de 83 anos, também com comorbidades, morador da área do CS Lisa, com início dos sintomas em 30 de abril e óbito em 6 de maio.
As unidades com maior número de casos notificados são a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sergio Arouca Campo Grande, com 6.277 casos; Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, com 5.158; Complexo Hospitalar Prefeito Edivaldo Orsi, com 4.727; UPA São José, com 3.858; e Hospital e Maternidade Celso Pierro, com 3.794.
Todos os pacientes diagnosticados com dengue ou suspeita da doença após atendimento presencial receberam mensagens via WhatsApp disparadas por um chatbot, auxiliando a Secretaria a monitorar as condições do paciente e, quando necessário, fornecer orientações adicionais sobre busca por atendimento, direcionando para o centro de saúde (CS) de referência correspondente.
PERFIL
Nos últimos três meses, o sistema enviou 112.563 mensagens aos telefones dos pacientes por meio da assistente virtual Ana, com 38.676 usuários respondendo. Deste grupo, 13.784 (35,6% do total) foram orientados a retornar ao serviço de saúde. Entre aqueles que receberam mensagens para buscar nova assistência, 11.470 relataram sinais de alerta, e 1.218 mencionaram falta de hidratação adequada. Ambas as situações foram relatadas por 1.096 pacientes.
Apenas os pacientes diagnosticados ou com suspeita de dengue, que passaram por consulta em um dos 68 Centros de Saúde (CSs) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos-socorros da Rede Mário Gatti, recebem essas mensagens.
"A Saúde de Campinas se preparou para enfrentar a epidemia de dengue com análise sistemática, reorganização da rede municipal, compra antecipada de insumos e capacitação das equipes de saúde nas redes pública e particular. Além disso, inovamos ao utilizar inteligência artificial para monitorar os pacientes e orientá-los sobre a necessidade de retornar às unidades de saúde para evitar agravamentos. Com a popularização desse recurso, os números serão ainda mais expressivos, mas é inegável a importância do chatbot, visto que quase 40 mil pessoas interagiram e foram assistidas corretamente", destacou o secretário de Saúde, Lair Zambon.
O Painel de Monitoramento Municipal mostra que a faixa etária com mais casos continua sendo a de 20 a 29 anos, com 19.381 notificações, seguida por 30 a 39 anos, com 17.468, e 10 a 19 anos, com 14.742.
COMO FUNCIONA
O chatbot verifica se o paciente apresenta sinais que indicam a necessidade de retorno ao serviço de saúde entre o segundo e oitavo dia de sintomas. Após isso, a IA faz duas perguntas: se o paciente está conseguindo se hidratar conforme orientado e se apresenta sinais de alerta, como tontura, dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramentos ou fraqueza. Caso algum destes sinais seja identificado, o paciente é orientado a procurar imediatamente um serviço de saúde. Simultaneamente, os CSs de referência são notificados para intensificar o monitoramento.
O número utilizado pelo chatbot é (19) 9-9604-3012, e a identificação se dá pela assistente virtual "Ana - Acesso Fácil - Saúde Campinas".
ASSISTÊNCIA EM SAÚDE
A pessoa com febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Secretaria de Saúde apela para que a população não banalize os sintomas e evite a automedicação, que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Quem suspeitar de dengue ou tiver a doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal intensa, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar auxílio em pronto-socorro ou UPA o quanto antes.
"A gravidade da dengue ocorre principalmente na fase crítica, quando a febre cessa. Nesse momento, é crucial estar atento a sinais como vômitos frequentes, sangramentos, sensação de desmaio e indisposição. Essas pessoas devem procurar assistência médica imediatamente para hidratação intravenosa, se necessário. Beber a quantidade prescrita de líquido, que é 60 mL por quilo de peso, também é fundamental", alertou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Andrea von Zuben.
O QUE JÁ FOI FEITO
Em 2023, a Secretaria de Saúde previu uma nova epidemia de dengue em Campinas e implementou várias medidas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à doença. O plano inclui uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgação de informações.
Em dezembro do ano passado, os estoques de insumos essenciais para o tratamento da dengue foram reforçados, garantindo atendimento adequado aos pacientes da rede municipal de saúde. A administração projetou pelo menos 100 mil casos da doença em 2024.
Desde janeiro, foram realizados 19 mutirões intersetoriais, incluindo um regional, visitando 83,4 mil imóveis em 133 bairros para orientar a população e eliminar criadouros do mosquito. Drones foram usados para localizar grandes criadouros do Aedes aegypti, como piscinas e caixas d'água em imóveis desocupados ou abandonados, com chaveiros acionados conforme decisão judicial de 2020.
A Prefeitura também criou o Grupo de Resposta Unificada (GRU), envolvendo diversas áreas para agilizar respostas e fiscalizações de denúncias sobre criadouros.
A Secretaria de Serviços Públicos intensificou a coleta de lixo e entulhos, aumentando a coleta em 4 mil toneladas por mês. Além disso, aos sábados, a Secretaria de Saúde passou a abrir centros de saúde que não funcionavam nos finais de semana para ampliar o atendimento aos pacientes.
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.