Doença já causou 30 vítimas fatais no ano; apenas seis cidades da RMC não tinham registro de óbitos até ontem
Bosque, Centro, Cambuí e Ponte Preta são alguns dos bairros que serão visitados por agentes de combate à dengue e voluntários amanhã, na 17ª edição do mutirão de combate ao Aedes aegypti (Alessandro Torres)
A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou na tarde desta quinta-feira, 23 de maio, mais sete mortes por dengue na cidade. O número de vidas perdidas em virtude da doença chegou a 30 neste ano com a atualização de ontem. Os óbitos aconteceram entre o dia 2 de abril e 4 de maio. Das sete vítimas, seis eram homens, moradores das regiões de abrangência dos centros de saúde 31 de Março, Taquaral, Valença, São Bernardo, Vila Ipê e Eulina. Todos tinham 75 anos ou mais.
O sétimo óbito confirmado ontem foi de uma mulher de 24 anos, sem comorbidade, moradora da área de abrangência do CS Aeroporto. Ela teve o início dos sintomas no dia 30 de abril e faleceu no dia 4 de maio. Na reta final do mês de maio, a epidemia de dengue em Campinas se aproxima dos 100 mil casos. Ontem, a cidade contabilizava 95.690 notificações, com média diária superior a 1,4 mil desde a última segundafeira, dia 20. O município detém 69% de todos os infectados pelo mosquito Aedes aegypti de toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Enquanto Campinas amarga recordes históricos de óbitos e casos, pelo menos seis das 20 cidades da RMC não tinham registro de mortes até ontem. São elas Cosmópolis, Holambra, Indaiatuba, Morungaba, Paulínia e Engenheiro Coelho. Juntas elas somam 8.858 notificações positivas, 108 com sinal de alarme e sete graves, além de dois óbitos em investigação. Os dados são do Painel de Dengue do Estado. Em toda a RMC, a doença soma 139.777 casos confirmados, 2.815 com sinal de alarme, 218 graves e 96 óbitos em investigação.
Pelo painel estadual, que traz dados atualizados diariamente, registram mortes por dengue os municípios de Americana (4), Artur Nogueira (2), Hortolândia (3), Itatiba (5), Jaguariúna (2), Monte Mor (1) Nova Odessa (1), Pedreira (1), Santa Bárbara d'Oeste (2), Santo Antônio de Posse (5), Sumaré (2) e Vinhedo (2). O número de óbitos chega a 63, no entanto Valinhos e Nova Odessa não confiram as mortes e Santa Bárbara está revisando o terceiro óbito registrado.
Ontem, Hortolândia confirmou o terceiro óbito no município. Trata-se de uma menina de 12 anos. Em nota encaminhada ao Correio Popular, a Prefeitura informou que ela apresentou os primeiros sintomas no final de abril e o óbito aconteceu neste mês, no Hospital Estadual de Sumaré. Não foi especificado se ela tinha comorbidades, mas, mesmo dentro da faixa etária alvo, ela não estava vacinada contra a dengue. Esse é o segundo caso de morte em pessoas abaixo de 18 anos no município. A outra vítima é um adolescente de 17 anos. Ele morreu em 17 de abril, no Hospital Mário Covas. A cidade tem 1.369 notificações confirmadas, 59 com sinal de alarme e 11 graves. Mais quatro mortes estão sendo investigadas.
CAMPINAS
O município enfrenta a sua pior epidemia de dengue desde 1998, quando teve inicio a série histórica da doença. O pico da doença foi atingido entre os dias 7 e 13 de abril, com 8.826 casos, sendo 304 ainda em análise e dois óbitos. De acordo com as autoridades municipais de saúde, a situação epidemiológica se agravou devido à circulação, pela primeira vez, de três dos quatro sorotipos da dengue. São eles o DENV-1, responsável pela maioria dos casos, o DENV-2 e DENV-3.
A Secretaria Municipal de Saúde projetou a redução de casos da doença a partir deste mês. No entanto, segundo a diretora da Vigilância Sanitária, Andrea von Zuben, as condições climáticas adversas têm contribuído para que o quadro epidemiológico se mantenha alto. “O que estamos percebendo é uma sutil diminuição do início dos sintomas semana após semana”, disse. Andrea explica que os casos devem continuar aumentando até meados do mês de julho. “Isso nunca ocorreu em anos anteriores. O clima também contribui para a mudança de comportamento do mosquito”, acrescentou.
Andrea voltou a fazer uma apelo para que a população não subestime os sintomas da doença e ao apresentar qualquer sinal, como febre, dores e manchas pelo corpo, procure atendimento médico. Outra medida importante é, pelo menos uma vez por semana, vistoriar a residência em busca de criadouros. “O calor é pior do que a chuva para a proliferação do Aedes. Qualquer água parada é um possível foco”, finalizou.
Até ontem, pelo Painel de Monitoramento de Arbovirose de Campinas, os bairros com maior incidência de casos a cada 100 mil habitantes eram o Santos Dumont, com 20.708,4 (877 casos); Satélite Íris, incidência de 20.327,2 (1.056 infecções); Jardim Lisa, 19.694,1 (1.648); Itajaí, 16.413,6 (1.200); e Vila 31 de Março, com 15.220,1 casos a cada 100 mil habitantes (1.203 registros no total). No ranking por regiões, a Sudoeste lidera com 22.386 notificações e nove mortes. Na sequência, aparecem as regiões Noroeste, com 20.575 e três óbitos, Suleste, com 13.175 e três vítimas fatais, Norte, com 12.768 e duas mortes, Sul, com 12.667 e dois óbitos, e por último a Leste, com 10.837 notificações e quatro óbitos.
NOVO MUTIRÃO
A Secretaria Municipal de Saúde programou mais um mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti para o próximo sábado. Será a 17ª ação para prevenção e combate à dengue, com início às 8h. Desta vez os agentes de saúde e voluntários vão percorrer imóveis do Centro, Cambuí, Bosque e Ponte Preta.
O mutirão de amanhã deve reunir cerca de 150 voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Os integrantes dela vestem camiseta laranja com logo da empresa e calça cinza, enquanto os líderes das equipes usam camiseta verde com as mesmas características. Todos estão identificados com crachá, mas, em caso de dúvidas sobre a ação, os moradores podem pedir informações pelo telefone 199, da Defesa Civil.
A Administração volta a repetir a estratégia de usar drones para localizar grandes criadouros como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. A melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d'água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.
Estatísticas das secretarias municipal e estadual de Saúde mostram que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas residências, portanto o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.
RECOMENDAÇÕES
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Saúde alerta que a população não deve banalizar os sintomas e também não pode realizar automedicação, pois há risco de comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
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