ESTRATÉGIA

Saúde avalia como positiva a vacinação em centros de saúde no pós-feriado

Unidades básicas ficaram abertas ontem no município para facilitar o acesso à imunização contra a gripe, que ainda está longe de atingir a meta desejada

Luiz Felipe Leite/[email protected]
21/06/2025 às 14:53.
Atualizado em 21/06/2025 às 14:53
Ana Paula Grigolon e Ana Beatriz Grigolon Lima, mãe e filha, aproveitaram a sexta-feira para atualizar as respectivas carteirinhas de vacinação; Ana Paula recebeu doses de vacinas contra a gripe e tétano, enquanto Ana Beatriz, de 10 anos, foi vacinada contra a gripe e contra a dengue (Kamá Ribeiro)

Ana Paula Grigolon e Ana Beatriz Grigolon Lima, mãe e filha, aproveitaram a sexta-feira para atualizar as respectivas carteirinhas de vacinação; Ana Paula recebeu doses de vacinas contra a gripe e tétano, enquanto Ana Beatriz, de 10 anos, foi vacinada contra a gripe e contra a dengue (Kamá Ribeiro)

A Secretaria de Saúde de Campinas avalia como positiva a adesão da população às medidas tomadas neste período de sazonalidade das doenças respiratórias, como a abertura dos 69 centros de saúde da cidade ontem, mesmo durante um ponto facultativo. A gestão municipal alegou que as ações realizadas são justificadas considerando a época em que vivemos atualmente, com aumento da procura por atendimento nas unidades básicas, principalmente da vacina contra a gripe. Até o dia 14 de junho tinham sido aplicadas 256.225 doses do imunizante. O total de pessoas que fazem parte do público-alvo para receber o imunizante em Campinas, segundo o Ministério da Saúde, é de 494,3 mil indivíduos. São idosos, gestantes, bebês, entre outros grupos, que são mais vulneráveis à doença.

A diretora de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Mônica Prado de Toledo Macedo Nunes, alegou que as medidas adotadas nos últimos meses têm o intuito de garantir uma cobertura vacinal de 80% a 90% de todas as pessoas que precisam receber o imunizante contra o vírus influenza, meta que ainda não foi atingida. Ela também destacou que o objetivo é o mesmo em relação à vacina que protege contra a covid-19.

"Apesar de eu não ter os números em mãos neste momento, de quantas pessoas passaram pelos centros de saúde ontem, temos a percepção de que a população está participando mais desses atendimentos feitos nas unidades básicas. Nosso objetivo primordial é quanto à atenção básica, com medidas preventivas para que as pessoas não adoeçam. Então temos feito várias ações. Uma delas é a ampliação dos pontos de imunização, levando as vacinas para shoppings e mercados. Além disso, abrir os centros de saúde nos períodos em que a população tem mais condições de ir faz parte dessa política que temos neste momento, algo que já fizemos em maio durante o Dia do Trabalhador", contou.

As iniciativas também devem dar retaguarda aos hospitais de Campinas, que estão sobrecarregados com casos mais graves. Entre 1º de abril e 7 de junho, todos os CSs atenderam quase 19,4 mil sintomáticos respiratórios, sendo que, no período citado, o maior volume de atendimentos se concentrou em maio, com 9,7 mil pessoas acolhidas. Foram registradas 14 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025, de acordo com levantamento divulgado pela Prefeitura no início de junho, contra 30 em todo o ano passado.

Ainda de acordo com Mônica Prado, outra medida adotada pela Prefeitura diante do momento atual é ampliar a orientação de onde a população deve ir em caso de suspeita ou doença confirmada. As ocorrências mais leves são atendidas nos centros de saúde, enquanto casos mais graves devem ser levados às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e aos hospitais Mário Gatti e Ouro Verde. Como prevenção, a recomendação é aumentar o consumo de água e evitar locais aglomerados e fechados nesta época do ano, ações ainda mais necessárias para idosos e crianças, pessoas mais vulneráveis contra doenças respiratórias. "E, claro, sempre usar máscaras se precisar sair de casa e estiver com sintomas de doenças respiratórias." 

APOIO

A reportagem do Correio Popular esteve na tarde de ontem no Centro de Saúde Jardim Aurélia e constatou uma movimentação intensa de pessoas procurando por doses de vacinas contra a gripe e outras doenças, como a covid-19, dengue etc.

Ana Paula Grigolon e Ana Beatriz Grigolon Lima, mãe e filha, aproveitaram a sextafeira para atualizar as respectivas carteirinhas de vacinação. Ana Paula recebeu doses de vacinas contra a gripe e tétano, enquanto Ana Beatriz, de 10 anos, foi vacinada contra a gripe e contra a dengue. Moradoras do Jardim Chapadão, elas aprovaram o acolhimento feito no centro de saúde. "É difícil vir aqui ao CS em dias comuns, pois eu trabalho e a minha filha estuda. Hoje estamos com mais tempo livre por causa do feriado prolongado", relatou.

Thereza Chionha Luchi, de 91 anos de idade, foi levada ao Jardim Aurélia para ser imunizada contra a gripe e contra a covid-19. Como tem dificuldades para se locomover, ela recebeu os imunizantes no carro, acompanhada de uma cuidadora e da própria filha, Lúcia Paschoal. Questionada sobre se gostou de receber as vacinas, Thereza respondeu com bom humor. "Ah, meu filho, não tem jeito. Tenho de me vacinar para evitar ficar doente."

Miguel Souza, de 10 anos, foi levado ao CS Jardim Aurélia pelos pais Sérgio e Rosana para tomar três vacinas: contra a gripe, dengue e HPV. A última, inclusive, estava atrasada. "Ele deveria ter tomado contra o HPV no ano passado, quando tinha 9 anos, mas não pudemos trazê-lo. Agora estamos aproveitando para atualizar todas as vacinas que ele precisa, sem exceções", detalhou.

REFORÇO

Hoje os 12 centros de saúde que costumeiramente abrem aos sábados estarão funcionando normalmente, das 7h às 13h. São eles: Aeroporto, Parque Valença, Jardim Florence, Capivari, Santa Lúcia, Vista Alegre, União dos Bairros, DIC I, Santo Antônio, Vila Ipê, São Quirino e Jardim Aurélia.

Outra iniciativa do poder público campineiro, adotada desde março de 2025, é a ampliação do número de leitos de hospital voltados para crianças. Neste período, foram abertos 19 leitos infantis, sendo seis de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica no Hospital Mário Gattinho, cinco de UTI no Hospital Ouro Verde, quatro no Hospital PUC-Campinas e outros quatro (dois de UTI e dois de enfermaria) na Irmandade de Misericórdia. Outras medidas internas, como reorganização das escalas médicas e suspensão de férias em maio, junho e julho dos servidores envolvidos nos atendimentos dos pacientes respiratórios, foram tomadas para qualificar ainda mais os acolhimentos para a população.

Além da vacinação, há outros cuidados que devem ser tomados para evitar doenças respiratórias, como lavar as mãos frequentemente e manter os ambientes arejados e a etiqueta respiratória.

CRIANÇAS

A Prefeitura de Campinas anunciou que a partir da próxima terça-feira, dia 24, a Unidade Pediátrica Mário Gattinho contará com reforço de 13 pediatras para reforçar e qualificar o atendimento às crianças durante o período de sazonalidade das doenças respiratórias, que ocorre entre abril e agosto. Os profissionais serão deslocados provisoriamente da UPA Carlos Lourenço, já que nesta época do ano há um aumento significativo do número de pacientes com sintomas respiratórios.

A decisão, segundo a Secretaria de Saúde, não gera grande impacto nos deslocamentos necessários dos usuários que são moradores da região do Distrito de Saúde Sul, onde estão localizados o Mário Gattinho, a UPA Carlos Lourenço e a UPA São José. Essa última vai continuar com o atendimento pediátrico normal. Outro ponto que levou a essa decisão foi o perfil de assistência da UPA Carlos Lourenço, que atende principalmente pacientes adultos e é a Unidade de Pronto Atendimento com menos assistências pediátricas, com 60 atendimentos por dia em média.

Os usuários que procurarem o atendimento pediátrico na UPA Carlos Lourenço a partir das 7h do dia 24 de junho serão direcionados ao Mário Gattinho. As emergências e os casos graves serão atendidos pelos médicos clínicos da UPA e encaminhados via Samu, conforme protocolo adotado em todas as unidades. O redirecionamento temporário dos pediatras acontecerá enquanto houver necessidade. A situação das doenças respiratórias é avaliada constantemente.

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