Elaine de Ataide, superintendente do HC, afirmou que a demanda já é elevada, mas piorou com o aumento de doenças respiratórias e intercorrências cardíacas; hospital também é responsável pelo atendimento de traumas ocorridos em diversas cidades da região (Kamá Ribeiro)
A rede pública de saúde de Campinas vive mais um episódio de superlotação, o que evidencia o baixo número de leitos para atender toda a demanda nos hospitais que atendem alta complexidade via Sistema Único de Saúde (SUS). Na quinta-feira (25), o Hospital PUC-Campinas emitiu um comunicado pedindo aos pacientes para que procurassem outras unidades, uma vez que a ocupação na internação estava muito acima da capacidade. Segundo o hospital, 70 pacientes estavam internados naquele dia, sendo que a capacidade para atendimentos de alta complexidade é de 20 leitos. Ontem, a unidade informou que o número de internados caiu para 65.
A sobrecarga gerou um efeito cascata que acarretou em sobrecarga também no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, que já tem uma demanda elevada corriqueiramente. A unidade tem 30 leitos, mas está com 80 pacientes internados no pronto- socorro adulto.
O problema não é de agora. Em fevereiro, ambos os hospitais se reuniram com a administração municipal para tratar de recorrentes episódios de superlotação em seus prontos-socorros. Em maio, o Hospital PUC-Campinas chegou a ter 80 pacientes internados, 60 a mais do que comporta em condições normais.
Diante do cenário, a administração informou em nota que trabalha para abrir mais 18 leitos, 14 de enfermaria e quatro de UTI, nos próximos 30 dias. As estruturas serão abertas “em dois convênios com a rede privada”, informou.
PUC-CAMPINAS
Durante a tarde de ontem, a reportagem esteve no Hospital PUC-Campinas e conversou com pacientes. Eles relataram uma pequena queda na ocupação, mas que permanecia bastante elevada.
“Tem muito paciente internado no corredor esperando por leito. Meu pai está aqui desde terça, precisa fazer uma cirurgia para remover um tumor. Está até agora no corredor”, contou Ieda Cristina Bueno, de 60 anos. Ela destacou que o atendimento não está prejudicado apenas em razão dos esforços de médicos, enfermeiros e demais profissionais que têm se desdobrado.
“Melhorou de ontem para hoje, depois que as notícias vieram a público, mas ainda está muito cheio”, disse Joseilda Guedes, que aguardava o marido, internado há três dias com dores renais, receber alta do hospital.
Na nota, o Hospital da PUC-Campinas reforçou que o problema é recorrente e que comunica diariamente aos órgãos públicos competentes e à Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross) sobre a situação. No fim do texto, a instituição faz um apelo para que os pacientes procurem outras unidades até que a situação se aproxime da normalidade.
UNICAMP
No HC, a situação é parecida. A unidade tem dificuldades para dar andamento aos atendimentos de pacientes que chegam pela emergência, uma vez que falta espaço para acomodar a todos.
De acordo com a superintendente da unidade, Elaine de Ataide, o HC sofreu com um aumento na demanda, que já é elevada, “devido aos casos de doenças respiratórias e intercorrências cardíacas”, mais comuns durante o inverno. O hospital também é responsável pelo atendimento de traumas ocorridos em diversas cidades da região.
No ano passado, durante visita à Unicamp, o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, prometeu a abertura de 400 leitos em hospitais da região, o que, em sua análise, excluiria a necessidade de se discutir a construção de um hospital metropolitano, demanda antiga de municípios que compõem a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Quase um ano depois a solução proposta ainda não caminhou, e a região segue convivendo com sucessivos casos de superlotação. Além de atender Campinas, o HC recebe emergências de cidades como Paulínia, Sumaré e Jaguariúna, logisticamente mais próximas do hospital.
DEMAIS HOSPITAIS
A Prefeitura informou, em nota, que os hospitais municipais da Rede Mário Gatti estão com alta demanda, mas sem dizer precisamente quantos pacientes estão internados atualmente. “A taxa de ocupação varia bastante durante o dia, porque a rotatividade de leitos é alta. Em média, 30 pacientes têm alta e outros 30 são internados em cada hospital municipal diariamente.”
Sobre os episódios de superlotação, a Prefeitura disse que está em tramitação a ampliação de mais 18 leitos. “Essas estruturas devem estar disponíveis em pelo menos 30 dias. Entre 2020 e 2024, considerando todos os tipos de leitos, o SUS municipal (convênios e Rede Mário Gatti) teve uma ampliação de 22,5% no número de estruturas (aumentou de 359 para 440)”, complementou. A Administração informou que nenhum paciente está sem assistência no SUS Municipal mesmo com a alta demanda.
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