Procura por exames de dengue na rede particular dispara

Em meio a epidemia de dengue que se agrava a cada semana em Campinas, hospitais particulares da cidade registraram aumento no atendimento a pacientes com suspeitas e casos concretos da doença. O Hospital Beneficência Portuguesa apontou alta de 403,7% na quantidade de pacientes atendidos com dengue de janeiro de 2023 para o mesmo mês deste ano. No mesmo período, o Madre Theodora constatou alta de 50% nas demandas de exames, e, no Hospital PUC-Campinas, a elevação de exames nos convênios superou os 153%. No Hospital Vera Cruz, a procura pelo exame saltou 247%.

O Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) divulgou que 80% dos hospitais paulistas, incluindo seis unidades campineiras, têm aumento de internações de pacientes pela doença. Há ainda uma preocupação das autoridades de saúde campineiras com as duas semanas posteriores ao Carnaval. A municipalidade prevê uma explosão de casos diante de contaminações importadas da doença. Já são 2.380 casos de dengue em Campinas, número que em 24 horas subiu 12%, entre a quinta-feira (8), quando haviam 2.124 confirmações, e sexta-feira (9).

No Hospital Beneficência Portuguesa, o atendimento com a Classificação Internacional de Doenças (CID) de dengue foi de 27 pacientes em janeiro de 2023, número que explodiu 403,7% no mesmo período deste ano, chegando a 136 pacientes. O hospital informou ter realizado o levantamento dos pacientes que passaram no Pronto Atendimento com CID A090- Dengue, mas há casos em que a especificação da dengue não é inserida, pois acaba substituída, por exemplo, por febre desconhecida. Por isso, os números fornecidos pelo hospital são aproximados e podem estar subestimados.

No Hospital PUC-Campinas foram 98 solicitações na primeira semana de janeiro de 2024 contra 233 nos primeiros sete dias de fevereiro, alta de 137,7%. Em relação a janeiro de 2023, 175 testes rápidos foram feitos, número que aumentou 153,7% em janeiro de 2024, com 444 testes. Com 103 exames positivos, o último mês terminou com um índice de positividade de 23% no Hospital PUC-Campinas.

Conforme o Hospital Vera Cruz informou, em janeiro deste ano, a unidade anotou 632 pedidos de exames. No mesmo período, em 2023, foram 182. Aumento de 247%. “Nas últimas três semanas percebemos um aumento progressivo nos casos de dengue, sendo nesta última semana uma média de 50 atendimentos de casos suspeitos e de duas internações por dia”, disse o hospital.

Segundo a assessoria de imprensa, o Hospital Madre Theodora teve um aumento de 50% nas demandas por exames de casos suspeitos da doença. Em janeiro deste ano, a unidade contabilizou 362 pedidos, praticamente dobro em comparação ao mesmo período em 2023 (182 exames).

Para a infectologista do Madre Theodora, Adriana Feltrin, 2024 será um ano desafiador devido a algo inédito e que aumenta a chance de mais casos com maior gravidade: a circulação dos sorotipos 1, 2 e 3 simultaneamente no município. O sorotipo 2 não circulava desde 2021 no município. Já o sorotipo 3, não era detectado em Campinas desde 2009.

A dengue é uma doença febril aguda que pode apresentar de formas leves e autolimitadas até formas graves que podem evoluir para óbito, principalmente em pessoas mais vulneráveis: idosos, crianças, gestantes, portadores de doenças crônicas e imunossuprimidos.

“Pacientes que apresentem febre associada a cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias e à dor retro-orbitária (atrás dos olhos) devem estar em alerta para procurar o serviço de saúde para avaliação médica e orientações. Náuseas e vômitos podem estar presentes, assim como a diarreia. O exantema aparece em 50% dos casos. Na presença de sinais de alarme como dor abdominal, vômitos persistentes, lipotimia, sangramento de mucosa, o paciente deve procurar assistência médica”, recomendou o Hospital Madre Theodora por meio de sua assessoria de imprensa.

O paciente com suspeita ou diagnóstico de dengue deve ser orientado sobre os sinais de alarme para retorno médico e manter a hidratação durante todo o período febril e de 24 a 48 horas após a febre baixar.

“E como forma de evitar a infecção, a sociedade precisa se conscientizar do seu papel e responsabilidade sobre os cuidados para combater o mosquito transmissor, eliminando criadouros, manter garrafas vazias, baldes virados para baixo, não deixar entulhos acumulando água das chuvas, cobrir as caixas d'água, manter calhas limpas, colocar areia nos pratos de vasos de plantas, guardar pneus em locais cobertos, tampar ralos pouco usados e jogar água sanitária uma vez por semana. (Também) Permitir que o agente de saúde visite seu domicílio na procura de criadouros, além de evitar a infecção com o uso de repelentes”, orientou o hospital.

INTERNAÇÕES CRESCEM

Uma pesquisa realizada pelo SindHosp revelou que 80% dos hospitais paulistas registraram aumento de internações de pacientes por dengue no Estado. A pesquisa considerou a cidade de Campinas, mas não houve um recorte preciso dos números para a cidade, segundo o SindHosp. O levantamento ouviu 91 hospitais privados paulistas sobre o surto de dengue, 36% do interior.

A nova pesquisa foi feita no período de 29 de janeiro a 7 de fevereiro. A faixa etária mais frequente entre os pacientes com dengue atendidos nas unidades é de 30 a 50 anos para a maioria dos hospitais.

Perguntados sobre o aumento de internações em leitos clínicos, 51% dos hospitais informaram crescimento de 11% a 20% e um a cada três registrou crescimento de até 5% nesse tipo de internação. Apurou-se ainda que pacientes internados em UTI têm o tempo médio de internação de até quatro dias.

No setor de Pronto-Atendimento (PA), onde se atendem casos de urgência e emergência, 89% dos serviços de saúde registraram aumento de casos de pacientes com suspeita de dengue nas últimas duas semanas. Já 34% dos hospitais registraram aumento de 6% a 10% de pacientes que testaram positivo para dengue.

O médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, explica que o aumento dos casos de dengue no Brasil tem refletido no aumento de casos nos PAs e nas internações. "O surto cresce rapidamente e o único controle mais efetivo é o aumento das ações das autoridades sanitárias para orientar a população no controle da proliferação do mosquito transmissor e nas ações diretas de combate ao mosquito", frisou.

UNIÃO DE FORÇAS

A Associação das Empresas do Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp) anunciaram a “união de forças” com a Prefeitura de Campinas no combate à dengue. As entidades disponibilizaram 40 busdoors (publicidades que aparecem na parte traseira dos ônibus) para divulgar a campanha. O objetivo é conscientizar a população da necessidade de checar os criadouros do mosquito nas residências e locais de trabalho pelo menos uma vez por semana e de autorizar a entrada dos agentes de saúde nas casas. O trabalho das equipes de combate à dengue, com vistorias em possíveis focos e orientações para a prevenção da dengue, é essencial, mas o índice de imóveis inacessíveis para os agentes de saúde é de 50%. Ou seja, não é possível vistoriar metade das casas em que há a tentativa.

Além dos busdoors, a Transurc e o SetCamp também abriram espaço para divulgar a campanha contra a dengue nos ônibus e nos canais de comunicação das entidades. “Na última semana, os casos de dengue aumentaram 62% em Campinas. Por isso, toda a comunidade precisa ficar atenta para prevenir os criadouros do mosquito”, informou a Transurc.

SINTOMAS INICIAIS

Febre junto com dois ou mais sintomas, sendo os mais frequentes:

✔ Dor de cabeça

✔ Dor no corpo (muscular)

✔ Dor nos olhos

✔ Vômito

✔ Dor nas articulações e manchas na pele

Em caso de sintomas, procurar um dos 67 centros de saúde de Campinas

SINAIS DE ALARME

A população deve retornar imediatamente ao Centro de Saúde ou Pronto Socorro se, durante o tratamento, apresentar um desses sintomas:

✔ Tontura

✔ Dor na barriga muito forte

✔ Vômitos repetidos

✔ Suor frio

✔ Sangramentos espontâneos

✔ Sensação de desmaio

✔ Palidez

✔ Diminuição da urina

✔ Dificuldade de respirar

✔ Manchas roxas na pele

✔ Agitação ou sonolência

Mais informações no hotsite sobre dengue criado pela Prefeitura de Campinas: dengue.campinas.sp.gov.br

NÃO DEIXE O MOSQUITO NASCER!

É preciso ter atenção com os seguintes pontos de cuidado na casa e no trabalho:

✔ Caixa d'água e reservatório de água

✔ Calha

✔ Coisas e objetos fora de uso: sofás, armários, eletrodomésticos etc.

✔ Flores, plantas e mudas cultivadas na água e em vasos

✔ Flores e plantas: bromélias em vasos e jardins na área urbana

✔ Laje e terraço

✔ Lona e plástico para cobrir equipamentos

✔ Material de construção e reforma: equipamentos, entulhos e materiais

✔ Piscina

✔ Pneus descartados ou reutilizados

✔ Ralo de chão

✔ Ralo de pia, lavatório e tanque

✔ Recicláveis

✔ Vaso Sanitário com pouco ou sem uso

Todos os detalhes sobre como cuidar de cada um desses pontos podem ser conferidos no portal da Prefeitura: portal.campinas.sp.gov.br/sites/arboviroses/previna-se

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