RITMO ACELERADO

Prefeitura confirma segundo caso de chikungunya e 9,4 mil de dengue

Campinas contabilizou mais casos de dengue nos dois primeiros meses de 2024 do que no mesmo período de 2015, ano da pior epidemia

Da Redação
29/02/2024 às 08:59.
Atualizado em 29/02/2024 às 08:59
No Laboratório Municipal de Patologia Clínica de Campinas, local em que são feitos os exames das unidades da Secretaria de Saúde, a média diária de hemogramas que detectam a gravidade da doença dobrou de 2023 para fevereiro deste ano, saindo de 700 para 1,4 mil (Carlos Bassan)

No Laboratório Municipal de Patologia Clínica de Campinas, local em que são feitos os exames das unidades da Secretaria de Saúde, a média diária de hemogramas que detectam a gravidade da doença dobrou de 2023 para fevereiro deste ano, saindo de 700 para 1,4 mil (Carlos Bassan)

Um dia após o registro da primeira morte por dengue este ano, Campinas atingiu na quarta-feira (28) 9.447 casos da doença e o segundo de chikungunya em 2024. O total dos dois primeiros meses deste ano já se aproxima dos 11.583 casos identificados em todo ano passado e supera os dois primeiros meses de 2015, quando o município passou pela sua pior epidemia. Naquele ano, foram 8.385 registros nos dois primeiros meses e 65.754 no ano todo. 22 pessoas morreram em 2015 em decorrência da doença.

Com o avanço da dengue, a Secretaria de Saúde informou que o Laboratório Municipal de Patologia Clínica de Campinas ampliou o horário e passou a realizar coletas de sangue para a realização de exames nos dois períodos do dia. Em relação ao segundo caso de chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti, trata-se de outro homem, na faixa de 20 a 29 anos, morador do distrito de Barão Geraldo. Ele contraiu a doença no estado de Minas Gerais, mas passa bem. O morador foi atendido por equipe de saúde em unidade do SUS estadual e não precisou ser hospitalizado. Ele teve febre, dores no corpo e articulações, além de manchas vermelhas pelo corpo. Campinas ainda não tem caso autóctone em 2024, quando a infecção ocorre na própria cidade. A doença também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue.

A médica infectologista do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, Valéria de Almeida, afirmou que ainda não há transmissão do vírus chikungunya na cidade. A primeira infecção confirmada pelo vírus foi em um homem, na faixa de 40 a 49 anos, morador da Vila Costa e Silva. Ele também contraiu a doença em Minas Gerais e o caso foi divulgado no dia 22 de fevereiro, quinta-feira da semana passada. 

"É importante que, se você tiver viajado para outros estados e retornar para cá apresentando febre, dor no corpo e dor articular, procure atendimento médico e relate que você viajou recentemente para que o profissional de saúde saiba que você pode estar apresentando um quadro de chikungunya para serem feitos a investigação e tratamento adequado”, orientou Valéria de Almeida.

Na tarde de terça-feira (27), a Prefeitura confirmou o primeiro óbito causado pela dengue neste ano em Campinas. Trata-se de uma mulher de 94 anos, moradora do Jardim Eulina, bairro que tem o pior surto da doença em 2024. Atendida na rede privada de saúde, ela apresentou sintomas em 30 de janeiro e a morte foi no dia 12 de fevereiro. Ela teve infecção pelo sorotipo 1.

LABORATÓRIO

O Laboratório Municipal de Patologia Clínica de Campinas, responsável pela realização dos exames das unidades da Secretaria de Saúde, ampliou o horário de recebimento de hemogramas que detectam a gravidade da dengue. A partir de agora, os centros de saúde podem enviar as amostras para análise tanto no período da manhã quanto à tarde. A medida foi tomada por conta da epidemia de dengue. O número de hemogramas realizados pelo laboratório dobrou do ano passado para fevereiro. Eram cerca de 700 por dia em 2023, número que saltou para 1.400 em fevereiro deste ano. 

Os dados do laboratório mostram que em janeiro foram feitos 22.103 hemogramas, cerca de 1.100 por dia. No mês de fevereiro, até o dia 26, já foram feitos 22.382 hemogramas, média de 1.400 por dia, com um pico de até 1.700 exames analisados em um único dia. Em dezembro de 2023, foram 14.334 exames, média de 716/dia. Esses são hemogramas completos que também detectam a dengue. Especificamente com o selo “hemograma-dengue”, que são urgentes, foram feitos 459 exames em dezembro de 2023, 2.639 em janeiro e 6.037 até 26 de fevereiro. 

O laboratório está localizado dentro do Hospital Ouro Verde e é responsável por realizar a análise dos chamados hemogramas-dengue, exames que detectam os níveis de hemoconcentração e de plaquetas no sangue dos pacientes diagnosticados com dengue. A partir dos resultados do hemograma, os médicos nos centros de saúde podem definir qual será a conduta a ser tomada e o quanto de hidratação o paciente precisa receber. Um mesmo paciente pode precisar realizar o exame mais de uma vez para acompanhamento do quadro e alta médica. 

Antes da mudança, que começou após o Carnaval, os centros de saúde enviavam os hemogramas-dengue somente no período da manhã, junto com as coletas realizadas até as 9h. Agora mais uma rota de transporte de exames foi implementada e a recolha dos exames é feita no período da tarde também, chegando ao laboratório até as 16h30.

Segundo Fabio Augusto Tambascia, coordenador do Laboratório, as análises das amostras entregues ao laboratório como hemograma-dengue são classificadas como urgentes. “Os resultados ficam prontos em um prazo médio de três horas, conforme a demanda, e são disponibilizados on-line para as unidades de saúde”, disse Tambascia.

O hemograma-dengue é capaz de detectar no sangue do paciente a quantidade de hematócritos, os glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue. “É um parâmetro importante para verificar a concentração sanguínea. Quando as hemácias começam a ficar concentradas, o sangue fica mais grosso e é preciso recorrer a hidratação. O paciente recebe soro, que vai para a corrente sanguínea e faz a diluição dessa concentração”, explicou o coordenador do laboratório.
O exame também detecta o nível de plaquetas, fragmentos celulares que auxiliam na coagulação do sangue. Se estiver em baixa quantidade, o paciente desenvolve plaquetopenia, uma condição em que há diminuição no nível de plaquetas para menos de 150 mil por milímetro cúbico de sangue (o normal é de 150 a 450 mil mm³) e que pode levar a hemorragias. Por isso, é importante ter acesso ao resultado do exame, para que o médico possa avaliar o paciente. 

Desde dezembro de 2023 a cidade já colocou em prática uma série de medidas adicionais sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue. Somente no último sábado, dia 24, agentes de saúde visitaram 6,1 mil imóveis nos bairros Vila Vitória, Vida Nova, Mauro Marcondes e Parque Aeroporto. A ação integrou o 5º mutirão de 2024 contra a dengue. 
Secretaria de Saúde também reforçou que moradores com febre devem buscar os centros de saúde para receber atendimento. 

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