EPIDEMIA EM CAMPINAS

Postos de saúde passam a funcionar em horário ampliado aos fins de semana

Medida foi adotada para aliviar a pressão nas unidades da Rede Mário Gatti; prioridade é atender à demanda de pacientes com sintomas de dengue

Da Redação
22/03/2024 às 08:56.
Atualizado em 22/03/2024 às 08:56

Centro de Saúde Aurélia (foto) será um dos nove que ficarão abertos aos sábados das 7h às 17h, com prioridade para pacientes com sintomas de dengue no período da tarde; CS São Bernardo passa a funcionar aos domingos, também até as 17h; Campinas acumula 24,5 mil infecções com quatro óbitos já confirmados (Rodrigo Zanotto)

A Secretaria de Saúde de Campinas anunciou a ampliação do horário de funcionamento de nove centros de saúde aos sábados e de um aos domingos para aliviar a pressão nas unidades da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. Em meio à epidemia de dengue na cidade, que até quinta-feira (21) contabilizava 24.549 casos e quatro mortes, a Pasta decidiu que, a partir deste final de semana, as unidades do Florence, Valença, Ipê, Aeroporto, Capivari, Santo Antônio, União de Bairros, Aurélia e São Quirino ficarão abertas das 7h às 17h, aos sábados, para receber pacientes, sendo que a partir das 13h a prioridade será voltada às pessoas que aparecerem com sintomas típicos da dengue. No domingo, a Secretaria de Saúde decidiu abrir o CS São Bernardo das 7h às 17h para o atendimento prioritário aos casos suspeitos da doença. 

A Pasta divulgou que três centros de saúde continuarão abertos nos sábados durante o período já convencional, das 7h às 13h (DIC I, Santa Lúcia e Vista Alegre) e que vai reforçar o esquema de assistência com funcionamento excepcional do CS Campo Belo, também das 7h às 17h, para receber pacientes com suspeita da doença, como febre, dor de cabeça, dor no corpo e nos olhos, vômito, dor nas articulações e manchas vermelhas no corpo.

Ainda durante o sábado, o Laboratório Municipal vai funcionar para receber amostras de exames e, com isso, facilitar o direcionamento de ações por equipes de saúde. 

Em mais uma novidade anunciada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) na quinta-feira (21), o Hospital Ouro Verde ganhará mais cinco leitos de UTI pediátrica a partir da segunda-feira, dia 25. A unidade, antes do investimento, já contava com dez leitos. Com o acréscimo, o número total de estruturas deste tipo sobe para 34 no SUS Municipal.

DEMANDA CRESCENTE

Em uma semana, a busca de pacientes por assistência na Rede Mário Gatti subiu 43,5% por conta da dengue e outras demandas. Foram 2.447 atendimentos em 11 de março, número que uma semana depois, no dia 18, saltou para 3.512. Com a pressão nas unidades, o tempo de espera aumentou. Na quarta-feira, a Prefeitura decidiu suspender temporariamente as autorizações de licenças-prêmios (um tipo de período de férias) para servidores médicos e multiprofissionais, pelo período de 180 dias. Essa medida foi oficializada através da publicação no Diário Oficial do Município, datada do dia 20.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, a licença-prêmio prevê que os servidores tenham direito a três meses de férias a cada cinco anos de trabalho. De acordo com a nota divulgada à imprensa, a decisão de suspender essas licenças foi tomada visando "garantir a continuidade e qualidade dos atendimentos à população neste momento em que Campinas se encontra em estado de emergência devido à epidemia de dengue, que se agrava com o significativo aumento de casos de covid-19, resultando em uma sobrecarga nas unidades de saúde".

Além de decretar situação de emergência, a Prefeitura reivindicou junto ao Ministério da Saúde o envio de vacinas contra dengue e a agilidade no repasse de recursos extraordinários para ações de enfrentamento. Na relação inicial, e que parecia ser a definitiva, das cidades que receberiam o imunizante, Campinas ficou fora. Porém, na terça-feira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que a lista de municípios contemplados com a vacina contra a doença será revisada, o que revive a esperança de Campinas e demais municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) serem contemplados. O comunicado foi feito durante reunião em Brasília com a participação do prefeito de Campinas, que também é vice-presidente da área da Saúde da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP).

EXPECTATIVA DAS AUTORIDADES

Dário destacou que o objetivo da Saúde, ao abrir 11 centros de saúde aos finais de semana, é fazer com que os pacientes de casos considerados de baixa complexidade busquem pelas unidades básicas. "Assim, serão destinados à Rede Mário Gatti os casos de média e alta complexidade", destacou.

Ele também mencionou outros fatores que provocaram sobrecarga nas UPAs e hospitais municipais. “Nós chegamos a ter picos de aumento de 50% do atendimento na Rede Mário Gatti, e hoje está na média de 34%. Desse total, 14% são casos de dengue."
O prefeito ainda mencionou que os outros 20% são divididos entre covid-19 e a antecipação do período de sazonalidade das doenças respiratórias.

Já o secretário de Saúde, Lair Zambon, enfatizou que Campinas se prepara desde outubro de 2023 para o aumento de casos de dengue neste ano, o que permitiu à Prefeitura realizar a compra de insumos, como soro para hidratação, organizar mutirões para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e fortalecer a comunicação entre Poder Público e população. "Estamos preparados e trabalhando para que todas as outras patologias sigam sendo atendidas pela atenção básica", explicou. Campinas registra pela primeira vez na história a circulação simultânea de três sorotipos da dengue: DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Desde o início de outubro, a cidade tem apresentado condições climáticas consideradas ideais para desenvolvimento e proliferação do Aedes. 

Os endereços dos 68 CSs de Campinas estão disponíveis no site portal.campinas.sp.gov.br/secretaria/saude/pagina/centros-de-saude. Para viabilizar o funcionamento ampliado das unidades, a Saúde fará pagamento de horas extras aos profissionais, uma das medidas previstas no decreto para situação de emergência em saúde pública por conta da epidemia de dengue. 

ORIENTAÇÕES SOBRE ASSISTÊNCIA

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Secretaria de Saúde fez um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.

MUTIRÃO 

Mais um mutirão acontece no sábado (23), em Campinas, para combater os focos de criadouros do Aedes aegypti e prevenir os casos de dengue. Equipes de combate à doença vão percorrer imóveis de 11 regiões a partir das 8h. Estão na lista o Parque Oziel, Gleba B, Jardim Monte Cristo, Jd. do Lago 2, Jd. Stella, Jd. Icaraí, Jd. Irajá, Jd. Santa Cruz, Jd. das Bandeiras (1 e 2) e Jd. São José. De acordo com dados do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria de Saúde, cerca de 80% dos criadouros estão localizados dentro de casa. Portanto, é essencial que a população colabore com os agentes na operação especial. Em média, metade das residências deixam de ser trabalhadas por, entre outros motivos, a recusa dos moradores em permitir a entrada das equipes. 

Em sete mutirões, Campinas já visitou 32,5 mil imóveis para orientar a população e eliminar criadouros. O total, considerando-se ações diárias, chega a 197,3 mil. Além disso, desde janeiro deste ano, 7,5 mil imóveis já foram nebulizados para interromper a transmissão da doença. 

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