Programa oftalmológico já encaminhou 4,6 mil alunos para consulta laboratorial
Omédico oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz: "Existe uma expectativa de que este programa seja mantido nos próximos anos, considerando a necessidade de identificar patologias em novos alunos que ingressam na rede municipal, além da manutenção dos óculos distribuídos" (Alessandro Torres)
Mais de 34 mil alunos da rede municipal de ensino de Campinas foram submetidos a exames de vista diretamente nas escolas, conforme anunciado pelo Instituto Penido Burnier. Esta iniciativa oftalmológica, em parceria com a administração municipal, é assegurada por lei e já encaminhou mais de 20 mil alunos para uma segunda avaliação mais detalhada, após a identificação inicial de problemas visuais. Adicionalmente, 4,6 mil alunos foram encaminhados para consulta laboratorial, onde recebem prescrição de óculos ou encaminhamento para cirurgia, se necessário.
O programa, intitulado 'Visão do Amanhã', teve início no primeiro semestre do ano passado com a capacitação de professores para a aplicação da Escala de Snellen, um exame que avalia a capacidade visual do paciente a distâncias variadas. Na segunda fase, realizada também no ano anterior, os alunos foram submetidos a exames utilizando equipamentos oftalmológicos especializados. Após estas etapas, os alunos identificados com necessidade recebem uma última consulta com um oftalmologista, que prescreve os óculos quando necessário. Até o momento, já foram distribuídos 650 pares de óculos.
A rede municipal de ensino de Campinas possui atualmente 67,3 mil alunos matriculados, abrangendo desde a educação infantil até a educação para jovens e adultos (EJA).
De acordo com o Instituto Penido Burnier, entre as patologias mais comuns identificadas, o astigmatismo lidera com 69% dos casos, caracterizado pela curvatura irregular da córnea ou do cristalino, resultando em visão turva. Em seguida, a miopia representa 32% dos casos, que dificulta a visão de longe. Em menor proporção, aparecem a hipermetropia (7%), que dificulta a visão de perto, e o estrabismo (7%), condição que provoca o desalinhamento dos olhos. Outras causas somam 2% do total identificado.
Ao atingir a marca de 4 mil atendimentos, o médico oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, destaca a necessidade de continuidade do projeto. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, responsável pelo programa, os alunos beneficiados já demonstram maior participação em sala de aula, melhoria no rendimento escolar e aumento da confiança nos estudos.
"Existe uma expectativa de que este programa seja mantido nos próximos anos, considerando a necessidade de identificar patologias em novos alunos que ingressam na rede municipal, além da manutenção dos óculos distribuídos", afirma Queiroz.
Quando há necessidade de prescrição de óculos, os alunos são encaminhados aos Núcleos de Ação Educativa e Descentralizados (Naeds), onde escolhem o modelo com auxílio de um profissional. Posteriormente, a Secretaria de Educação solicita a confecção dos acessórios. Em um ano de programa, o investimento totalizou R$ 1,1 milhão.
O modelo será tema de uma palestra em uma convenção de oftalmologistas, onde Leôncio Queiroz explicará a parceria com a Prefeitura. "Há várias cidades interessadas no programa, que tem obtido grande sucesso. É uma maneira de integrar saúde e educação, áreas que recebem quase a mesma parcela do orçamento e são fundamentais para serem geridas de forma conjunta", destaca o especialista.
Os problemas de visão na infância não são facilmente percebidos como na idade adulta, uma vez que as crianças ainda estão desenvolvendo seu padrão cognitivo sobre a capacidade de enxergar. Estas condições podem causar dores de cabeça, falta de interesse pelo conteúdo, baixa autoestima, queda no desempenho escolar e até reprovação.
"Oferecer esse serviço sem dúvida contribui para a retenção dos alunos na escola, garantindo sua permanência de forma efetiva. Além disso, proporciona condições para que todos os estudantes aproveitem plenamente a experiência escolar", ressalta o secretário municipal de Educação, José Tadeu Jorge.
A maior incidência de patologias é observada no ensino fundamental, onde 2,9 mil dos 4,6 mil casos encaminhados ao consultório se concentram. O ensino infantil responde por 1,5 mil casos, enquanto apenas 176 pertencem às unidades que oferecem a Educação para Jovens e Adultos (EJA).
"O Programa Visão do Amanhã realizará anualmente, sempre no primeiro bimestre, exames de acuidade visual em todos os alunos da rede. Quanto mais cedo os exames forem realizados, melhor", informa a Secretaria de Educação.
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