DOENÇA AVANÇA

Parlamento da RMC pede reunião com governador para tratar da dengue

Colegiado que reúne vereadores das 20 cidades da região defende local específico para atendimento dos casos e aumento das equipes médicas

Paulo Medina/ paulo.medina@rac.com.br
21/02/2024 às 08:50.
Atualizado em 21/02/2024 às 08:55

Reunião entre os vereadores dos 20 municípios que compõem a RMC aconteceu em Nova Odessa, que já detectou a circulação do sorotipo 2 do vírus da dengue (Divulgação)

O Parlamento da Região Metropolitana de Campinas (RMC), colegiado que conta com representantes do legislativo das 20 cidades da região, fez um apelo por uma audiência com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para solicitar apoio especial do governo estadual na aquisição de insumos, aumento das equipes médicas e locais específicos para atendimento de pacientes com dengue. Campinas, por exemplo, mudou o protocolo de atendimento aos pacientes com suspeita de dengue após confirmar 5.355 casos de dengue. A nova recomendação é procurar um centro de saúde imediatamente em caso de febre para receber o atendimento e demais orientações. Se os sintomas forem outros, como tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos, o paciente deve ir até o pronto-socorro de um dos hospitais ou em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Campinas.

Os pedidos feitos pelo Parlamento da RMC ao governador consideram a alta dos casos, a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 – os dois últimos que aumentam as chances de óbitos – e dos impedimentos impostos pela legislação eleitoral para a contratação de pessoal nas prefeituras em 2024, ano de eleições municipais. As demandas foram aprovadas em uma reunião do grupo metropolitano. O Parlamento da RMC utilizou, como base, reportagens do Correio Popular sobre o avanço da doença, segundo informou a assessoria da Presidência do Parlamento.  

O presidente do Parlamento regional e presidente da Câmara de Indaiatuba, Pepo Lepinsk (MDB) solicitou, em ofício, “apoio especial” do governo Tarcísio para a destinação de recursos que possibilitem a estruturação dos sistemas de saúde municipais e estaduais presentes na RMC a fim de “ampliar a capacidade de atendimento aos pacientes infectados pela doença”.

“Ressaltamos que, com base nas recentes informações, os sistemas públicos de saúde estão, novamente, diante de uma situação epidemiológica capaz de superlotar as unidades de atendimento, necessitando de implantação de locais específicos de atendimento e da aquisição de insumos. Tudo isso acontece diante de um ano eleitoral, onde o poder público encontra limitações em relação a determinadas condutas, como a contratação de pessoal efetivo”, alertou.
Lepinsk reforçou que “a situação denota a urgência das ações a serem adotadas e, para isso, os municípios precisam do auxílio do governo do Estado”. De acordo com o ofício assinado pelo presidente do Parlamento da RMC, os três sorotipos de dengue se encontram em circulação na região, “pondo em risco a sua população de 3,5 milhões de habitantes”. 

O pedido de audiência com Tarcísio destaca que o Parlamento levará os presidentes das 20 câmaras municipais da região para o encontro focado na área da saúde. 

REUNIÃO

Na sexta-feira (16), vereadores e presidentes de câmaras municipais de toda a região se reuniram no Legislativo de Nova Odessa para debater o cenário epidemiológico atual e possíveis ações na RMC.

O encontro marcou a abertura dos trabalhos dentro do Parlamento. O 1º secretário do Parlamento e presidente da Câmara de Nova Odessa, Wagner Morais (PSDB), falou da importância de se debater a dengue na RMC. “O próprio Ministério da Saúde vem alertando sobre o número crescente dos infectados pela doença (que teremos) nas próximas semanas”, lembrou. Nova Odessa é uma das cidades da região em que o sorotipo 2 da dengue já está em circulação. A Vigilância Epidemiológica local realizou uma capacitação sobre o fluxo de atendimento dos casos suspeitos de dengue. Desde o início do ano, as Unidades Básicas de Saúde estão abertas para receber pacientes com sintomas da doença.

O vice-presidente do Parlamento da RMC e presidente da Câmara de Campinas, Luiz Carlos Rossini (PV), participou do encontro regional e relatou que os vereadores da região estão preocupados com os reflexos da epidemia, seja em maior ou menor escala, nas suas respectivas cidades.

“Os municípios da região possuem estruturas diferentes, uns têm mais condições de darem uma resposta mais rápida à dengue e outros não. Tendo em vista o porte da RMC, pedimos que o governo designe um valor compatível com a nossa necessidade. Uma das consequências da dengue é causar desassistência a outras doenças. Pedimos que se tenha locais específicos para atender pacientes com dengue, seja uma unidade de saúde, uma sala, com recursos humanos e materiais para esse atendimento não concorrer com outras patologias”. A expectativa, segundo Rossini, é que o governador abra a agenda ao Parlamento. Ele disse que levará a situação de Campinas ao Estado “porque Campinas reflete o cenário regional”. 

O QUE CONSTA NO OFÍCIO

O ofício sublinha que tal quadro acontece diante de um ano eleitoral, período em que o poder público encontra limitações em relação a contratação de pessoal efetivo. Um exemplo está no artigo 73 da Lei das Eleições, que limita a nomeação, contratação ou admissão de servidores públicos nos três meses que antecedem o pleito até a posse dos eleitos.

O documento destaca que o governo estadual, preocupado com o quadro sanitário, já destinou quase R$ 70 milhões a municípios para ações de combate à doença. Ao final, o ofício solicita uma audiência presencial dos presidentes das Câmaras das cidades da região com o governador, "a fim de explanar a situação regional e suas peculiaridades". O próximo encontro dos representantes do Legislativo do Parlamento Metropolitano da RMC acontece em Campinas, no dia 15 de março.

PROTOCOLO EM CAMPINAS

A Secretaria de Saúde de Campinas informou, após nova atualização do Painel Interativo de Arboviroses, que os casos confirmados de dengue saltaram 18,5% em 24 horas, saindo de 4.518 na segunda-feira para 5.355 na terça-feira (837 novos casos). A explicação para esse aumento é que parte dos dados de fevereiro ainda estava represada. A cidade não tem óbito pela doença até o momento, mas já contabilizou, em 20 de fevereiro, 46,6% de todos os casos de dengue de 2023.

Nesta toada de casos, a Pasta de Saúde disse que os moradores que apresentarem febre devem procurar imediatamente um centro de saúde para atendimento e orientações. Anteriormente, a recomendação era que campineiros deveriam ir para uma unidade de saúde quando sentissem febre e ao menos outros dois sintomas da doença, como dores nos olhos e manchas pelo corpo. “Quem apresentar sintomas como tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos, nos casos de suspeita de dengue com febre ou de doença confirmada, deve buscar por auxílio em pronto-socorro de hospitais ou em UPAs”, afirmou a Saúde. 

A região do Jardim Eulina é a com mais casos, 502 ao todo. Na sequência, estão o Jardim Aurélia (189), Sousas (158), Barão Geraldo (157), Santo Antônio (152) e São Bernardo (143).

AÇÕES ANTERIORES

Depois do governo do Estado decretar a criação do Centro de Operações de Emergências (COE) de combate à dengue, as defesas civis da RMC se reuniram no dia 7 de fevereiro, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em Campinas, para tratar da montagem e estruturação dos chamados “COEs municipais” para o enfrentamento da doença.

O objetivo é que as defesas civis das 20 cidades da região passem a atuar com ações de nebulização, vistorias em imóveis e fiscalização por drones nos municípios, a exemplo do que acontece em Campinas, em ações conjuntas promovidas com as secretarias municipais de Saúde.

Já na semana passada, o Estado repassou R$ 5,5 milhões para auxiliar Campinas no enfrentamento à dengue. A Secretaria Municipal de Saúde aplicará o montante em ações de assistência e vigilância em saúde, no reforço das equipes de nebulização, nas atividades casa a casa, em exames laboratoriais, entre outras frentes. 

SINTOMAS INICIAIS 

Febre junto com dois ou mais sintomas, sendo os mais frequentes:

✔ Dor de cabeça

✔ Dor no corpo (muscular)

✔ Dor nos olhos

✔ Vômito

✔ Dor nas articulações e manchas na pele Em caso de sintomas, procurar um dos 67 centros de saúde de Campinas

SINAIS DE ALARME

A população deve retornar imediatamente ao Centro de Saúde ou Pronto Socorro se, durante o tratamento, apresentar um desses sintomas:

✔ Tontura

✔ Dor na barriga muito forte

✔ Vômitos repetidos

✔ Suor frio

✔ Sangramentos espontâneos

✔ Sensação de desmaio

✔ Palidez

✔ Diminuição da urina

✔ Dificuldade de respirar

✔ Manchas roxas na pele

✔ Agitação ou sonolência

Mais informações no hotsite sobre dengue criado pela Prefeitura de Campinas: dengue.campinas.sp.gov.br

NÃO DEIXE O MOSQUITO NASCER!

É preciso ter atenção com os seguintes pontos de cuidado na casa e no trabalho:

✔ Caixa d'água e reservatório de água

✔ Calha

✔ Coisas e objetos fora de uso: sofás, armários, eletrodomésticos etc.

✔ Flores, plantas e mudas cultivadas na água e em vasos

✔ Flores e plantas: bromélias em vasos e jardins na área urbana

✔ Laje e terraço

✔ Lona e plástico para cobrir equipamentos

✔ Material de construção e reforma: equipamentos, entulhos e materiais

✔ Piscina

✔ Pneus descartados ou reutilizados

✔ Ralo de chão

✔ Ralo de pia, lavatório e tanque

✔ Recicláveis

✔ Vaso Sanitário com pouco ou sem uso

Todos os detalhes sobre como cuidar de cada um desses pontos podem ser conferidos no portal da Prefeitura: portal.campinas.sp.gov.br/sites/arboviroses/previna-se

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