ALERTA GERAL

Pandemia volta com força e casos sobem 94% no país

Levantamento de hospitais revela aumento da contaminação por novas variantes da covid, mas com baixa letalidade

Ronnie Romanini/ [email protected]
10/06/2022 às 10:32.
Atualizado em 10/06/2022 às 10:32
Levantamento de hospitais revela aumento da contaminação por novas variantes da covid, mas com baixa letalidade (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Levantamento de hospitais revela aumento da contaminação por novas variantes da covid, mas com baixa letalidade (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), com as instituições associadas ao redor do país, registrou um aumento de 94% nos casos de covid-19 nas últimas duas semanas e de 32% nas síndromes gripais não relacionadas à covid-19 em pronto-atendimento. A elevação condiz com o que acontece também nas unidades municipais do SUS em Campinas, cujo aumento no atendimento às síndromes respiratórias foi de 20,6% em uma semana, passando de 10.378 pacientes atendidos entre os dias 22 e 28 de maio para 12.522 entre o dia 29 e 4 de junho. 

Se comparada a última semana de maio com a primeira, do dia 1º ao 7, o aumento foi de 129,8%. Graças principalmente ao avanço na cobertura vacinal, a diferença desse novo crescimento com a primeira onda da Ômicron, no início do ano, é que as internações em enfermaria e UTI e os óbitos por covid-19 acontecem em uma quantidade inferior em relação às ondas anteriores.

"Normalmente (os hospitalizados) são pacientes mais idosos, que até tomaram a vacina, mas já possuem alguma comorbidade que agrava o caso. O que temos visto é um aumento muito grande dos casos no pronto atendimento, mas não são necessariamente casos graves, de internação", explicou a diretora técnica da Anahp, Evelyn Tiburzio. Cerca de 4,5% dos casos demandam hospitalização, sendo que praticamente um a cada quatro foram para a UTI. 

Ômicron

Um relatório de monitoramento da variante Ômicron, produzido pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), e que deve ser divulgado ainda hoje, mostra que a recente alta nos casos pode estar relacionada a um crescimento de sublinhagens da variante Ômicron. No início do ano, a BA.1 rapidamente, em quatro semanas, tomou conta do cenário epidemiológico e substituiu a variante Delta.

Após esse período recorde de casos de covid-19 registrados, a BA.2 ganhou espaço e se tornou predominante, porém demorou cerca de dois meses e meio para ela conseguir substituir a BA.1 e a troca não acarretou em grande aumento dos casos em março e abril.

Já em maio, a BA.2 atingiu o ápice, com uma proporção de 90% dos casos. Vale ressaltar que a investigação do ITpS é feita por meio de teste RT-PCR, não por sequenciamento genético, sendo que a detecção das variantes acontece por uma pequena diferença em um dos genes identificados por meio do teste. 

Agora, em junho, a BA.4 e BA.5 começam a tomar conta do cenário epidemiológico. Se até o dia 21 de maio a BA.2 respondia por 90% das infecções, e os casos prováveis de BA.4 e BA.5 eram inferiores a 10%, o contexto hoje é diferente. As duas últimas sublinhagens já aparecem em 44% dos testes estudados, enquanto a BA.2 caiu para 56%.

"Daqui duas semanas, certamente diremos que a BA.4 e a BA.5 são dominantes, essa é a tendência. As variantes da covid-19 possuem uma dinâmica de predomínio por uma parte do tempo e aí as pessoas adquirem uma certa imunidade ou a variante começa a ter dificuldades para circular na população com boa cobertura vacinal. Em dado momento, ela não consegue mais competir. Então, chega uma nova variante com características diferentes, que podem dar a ela alguma vantagem", explicou o virologista e pesquisador científico do ITpS, Anderson Brito.

Ele ainda afirmou que a mensagem que fica é de alerta, principalmente aos mais vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e os que não se vacinaram por algum motivo. Quem ainda precisa receber doses da vacina contra a covid-19 deve ir atrás do imunizante para ampliar a proteção. 

Outros achados

A pesquisa também indicou que, nas últimas duas semanas, 5,5% dos profissionais de saúde foram afastados por diagnóstico positivo. Em janeiro de 2022, durante o período de predominância da BA.1 da Ômicron, a Anahp informou que o índice chegou a 10%.

No Estado de São Paulo, o ITpS observou que a positividade nos testes de covid-19 atingiu 38%. Pouco mais de um mês atrás, na semana finalizada no dia 7 de maio, a positividade era de 19%, metade da observada nos testes analisados pelo instituto. Para o monitoramento do ITpS, os dados de testagem foram disponibilizados por três laboratórios privados de diagnóstico.

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