REDE MÁRIO GATTI

Ouro Verde projeta 400 cirurgias ortopédicas por ano para aliviar fila de espera

Hospital recebeu autorização para realizar procedimentos de alta complexidade em janeiro

Paulo Medina/ [email protected]
07/03/2024 às 08:46.
Atualizado em 07/03/2024 às 08:46
Rede Mário Gatti realiza mais de 15,6 mil cirurgias por ano, sendo que entre 13% e 15% delas se referem a cirurgias ortopédicas, de acordo com o presidente Sérgio Bisogni: ‘o grande gargalo são as próteses de quadril e joelho. São cirurgias eletivas que estão dentro de uma espera de três a quatro meses, semelhante ao que acontece nos planos de saúde de Campinas’ (Alessandro Torres)

Rede Mário Gatti realiza mais de 15,6 mil cirurgias por ano, sendo que entre 13% e 15% delas se referem a cirurgias ortopédicas, de acordo com o presidente Sérgio Bisogni: ‘o grande gargalo são as próteses de quadril e joelho. São cirurgias eletivas que estão dentro de uma espera de três a quatro meses, semelhante ao que acontece nos planos de saúde de Campinas’ (Alessandro Torres)

O Hospital Ouro Verde foi autorizado a realizar cirurgias de alta complexidade e a gestão da unidade corre contra o tempo para iniciar o projeto que tem a meta de realizar 400 cirurgias ortopédicas por ano. O objetivo é amenizar a fila de espera por procedimentos ortopédicos da Rede Mário Gatti. A informação foi passada ao Correio Popular pelo presidente da Rede, Sérgio Bisogni. A previsão é que a unidade hospitalar, que até então somente poderia fazer cirurgias de média complexidade, possa iniciar os novos procedimentos a partir de abril e dar maior fluidez à rede municipal de saúde. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) abriu um inquérito para investigar supostas irregularidades na fila de espera para procedimentos ortopédicos, que registra mais de 3,7 mil pessoas nos hospitais da Rede Mário Gatti e o Hospital PUC-Campinas.

Bisogni explicou que a Rede Mário Gatti realiza mais de 15,6 mil cirurgias por ano e entre 13% a 15% delas se referem a cirurgias ortopédicas. “O grande gargalo são as próteses de quadril e joelho. São cirurgias eletivas que estão dentro de uma espera de três a quatro meses, semelhante ao que acontece nos planos de saúde de Campinas. A fila em janeiro (na Rede) era de 1.278 cirurgias, sendo 400 de quadril. São cirurgias complexas que demandam equipes completas e são realizadas, geralmente, em pessoas de mais idade e com comorbidades”, explicou. Em relação à alta complexidade, a Rede realiza 250 cirurgias ortopédicas por ano, todas no Mário Gatti.

Segundo Bisogni, em 8 de janeiro deste ano o Hospital Ouro Verde foi autorizado, via publicação em Diário Oficial, a realizar as cirurgias de alta complexidade e definiu a estratégia para amenizar a espera de pacientes. “Isso já dará um alívio, mas é importante dizer que continua entrando paciente na fila, ela não é fixa."

Agora, a Rede atua no sentido de realizar os trâmites burocráticos para iniciar as cirurgias de alta complexidade na unidade. Bisogni defende a existência de uma estrutura de apoio dos governos estadual e federal para esse tipo de cirurgia, utilizando, por exemplo, o futuro Hospital Regional Metropolitano para absorver a demanda pelas cirurgias ortopédicas. “A Prefeitura não aguenta (sozinha), não temos área física suficiente."

Outro agravante, pontuou Bisogni, é o alto número registrado diariamente de vítimas de acidentes de trânsito, o que afeta diretamente o andamento da fila para as cirurgias ortopédicas. O gestor afirmou que a Rede atende, em média, de três a seis acidentados por dia, o que gera a necessidade de cirurgias de urgência e requer total atenção do Centro Cirúrgico para a realização dessas operações. 

“A pessoa da fila está com a cirurgia agendada e chegam seis pessoas acidentadas, como aconteceu recentemente, aí temos de priorizar (os acidentados) e aquela pessoa volta para a fila. Sem uma ajuda do Estado e da União não vai resolver (o problema). É preciso um pacote de ações para melhorar essa questão e ter uma situação que seja mais confortável”, analisou.

O presidente comentou que não se trata apenas das cirurgias, mas de uma série de ações de tratamento e recuperação dos pacientes. “As pessoas depois das cirurgias precisam de fisioterapia, por exemplo. Tem de haver um programa estadual ou federal para enfrentar essa questão.”

Bisogni admitiu manter conversas com a Promotoria para explicar o problema e relatar a complexidade do assunto. O gestor também revelou que pretende construir nove leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cirúrgica no quarto andar do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, atualmente desativado, e outros 24 leitos destinados a pacientes de oncologia e tratamento semi-intensivo. Esse projeto, disse, deve ficar para 2025.

Conforme o Correio Popular mostrou na terça-feira (5), Campinas conta atualmente com 3.729 pessoas na fila de espera por cirurgias ortopédicas, de acordo com números do Ministério Público, que, diante da quantidade elevada de pessoas aguardando pelo procedimento, abriu um inquérito civil para investigar supostas irregularidades na fila. A apuração envolve tanto a Secretaria de Saúde de Campinas quanto a Secretaria Estadual de Saúde, por meio do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7), órgão responsável pela gestão de procedimentos via Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS).

O promotor de Justiça, Daniel Zulian, solicitou informações à Secretaria Municipal de Saúde e ao DRS-7, obtendo os dados que revelam a fila de pacientes aguardando cirurgias ortopédicas. Os serviços conveniados para esses procedimentos incluem o Hospital PUC-Campinas, Hospital Municipal Dr. Mário Gatti e o Hospital Ouro Verde para casos de média e alta complexidade. Segundo a Promotoria, são, respectivamente, 1.701, 1.916 e 112 pacientes nas filas dos hospitais, totalizando as 3.729 pessoas nas filas da cidade.

A Prefeitura de Campinas apresentou ao MP medidas estratégicas para reduzir a fila, incluindo a contratação de profissionais especializados, ampliação de salas cirúrgicas, qualificação das listas cirúrgicas e reformas em estruturas hospitalares. Entre as ações já iniciadas e projetadas para enfrentar a fila por cirurgias, a Rede Mário Gatti informou a contratação de dois médicos ortopedistas especialistas em quadril e joelho, a implantação de duas salas cirúrgicas na Unidade Pediátrica Mário Gattinho, a qualificação das listas cirúrgicas para determinação de prioridades, reformas no Centro Cirúrgico Central e Central de Materiais Esterilizados, modernização do Centro Cirúrgico Ambulatorial, aquisição de mais um intensificador de imagens para o Centro Cirúrgico Central, implantação de Unidade de Terapia Intensiva de Adultos (10 leitos) exclusiva para realização de internações para pós-operatório de cirurgias eletivas de grande porte, principalmente Ortopedia e Neurocirurgia, além de campanhas de conscientização junto à população sobre segurança no trânsito e prevenção de acidentes.

A pasta de Saúde de Campinas realizou 1.123 cirurgias ortopédicas eletivas em 2023 somando os mais diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos (ombro, joelho, quadril etc.). Em 2022, foram 1.057. De acordo com o DRS-7, em 2022 foram realizadas 6.835 cirurgias ortopédicas nas cidades que estão sob sua competência. Em 2023, foram 12.884 procedimentos. 

O Estado diz que no início de fevereiro destinou mais R$ 10 milhões para agilizar a fila de cirurgias ortopédicas que, somados aos R$ 48 milhões anunciados em novembro, totalizam R$ 58 milhões para reduzir o tempo de espera dos pacientes que precisam de atendimento especializado em ortopedia. A Pasta disse que está trabalhando para ampliar o acesso de pacientes aos serviços de saúde, em especial, aos procedimentos que mais têm demanda na rede.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por