REFORÇO

Nova vacina contra a covid-19 começa a ser aplicada em Campinas

Imunizante está disponível nos 68 centros de saúde; ‘Spikevax’ está atualizada para proteger contra subvariante com maior capacidade de transmissão

Luiz Felipe Leite
25/05/2024 às 11:05.
Atualizado em 25/05/2024 às 11:05
Maria Fumiko Ueti Uehara, de 86 anos, aproveitou para receber a dose do imunizante já no primeiro dia; com a experiência de três décadas atuando como enfermeira, ela fez questão de destacar que todas as vacinas são importantes: 'eu tomei todas as que eram possíveis para a minha faixa etária', contou (Alessandro Torres)

Maria Fumiko Ueti Uehara, de 86 anos, aproveitou para receber a dose do imunizante já no primeiro dia; com a experiência de três décadas atuando como enfermeira, ela fez questão de destacar que todas as vacinas são importantes: 'eu tomei todas as que eram possíveis para a minha faixa etária', contou (Alessandro Torres)

Depois de um mês em falta, a vacina contra a covid- 19 voltou a ser aplicada ontem em Campinas. A nova versão do imunizante foi liberada e está disponível nos 68 centros de saúde (CSs) da cidade para crianças de seis meses a quatro anos e para pessoas a partir de cinco anos que pertençam aos grupos prioritários. Nesta etapa vão ser distribuídas 4.745 doses da Spikevax, fabricada pelo laboratório Moderna. Esta versão da vacina, que é monovalente, está atualizada para proteger contra a subvariante Ômicron XBB.1.5, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a cepa com maior capacidade de transmissão até o momento.

A reportagem do Correio Popular percorreu alguns dos CSs para acompanhar o primeiro dia de distribuição para a população campineira. Aconteceu uma procura intensa pelo imunizante, principalmente por parte dos idosos, no período da manhã, com poucas dúvidas ou nenhuma em relação à nova vacina.

Uma dessas pessoas foi a aposentada Maria Fumiko Ueti Uehara, de 68 anos, que trabalhou como enfermeira por mais de três décadas. Moradora do Jardim Eulina, ela recebeu a sexta dose do imunizante contra a covid-19. Segundo ela, foi um processo muito tranquilo. “É como tem de ser (a tranquilidade). É importante que continuemos a ser vacinados, pois isso impede que os casos continuem se espalhando com uma velocidade alta.”

Ainda de acordo com a enfermeira aposentada, o hábito de receber as vacinas não pode ser algo apenas individual. Ela reforçou que todos os imunizantes são importantes. “Eu tomei todas as que eram possíveis para a minha faixa etária, como de hepatite, gripe, entre outras. Na minha família, usar vacinas é um hábito de todos”, contou.

Já a família de Sônia Regina possui um escritório de advocacia e outro de comercialização de grãos na região do Jardim Eulina. Como faz parte de um grupo prioritário, ela aproveitou a oportunidade para receber uma dose da nova vacina contra a covid-19 e classificou o movimento como sendo fundamental. “É a minha sexta dose, considerando as demais que eu tomei antes.”

Assim como outros, Sônia Regina não teve nenhuma dúvida sobre a nova vacina, cuja aplicação foi tranquila. “Não tive dor nem algo do tipo. As enfermeiras foram muito profissionais e me deixaram muito à vontade”, encerrou.

FACILIDADE

Na avaliação da enfermeira e coordenadora do Centro de Saúde do Jardim Eulina, Nicole Montenegro, o processo de aplicação da vacina Spikevax monovalente deverá ser menos complexo em comparação aos imunizantes usados anteriormente contra a covid-19. Ela explicou que o fato de apenas dois tipos de doses do liquido estarem à disposição, de 0,25 ml para crianças até 11 anos e de 0,5 ml para pessoas acima dessa faixa etária, vai facilitar o trabalho das equipes médicas. “Dependendo do laboratório fabricante, tínhamos antes pelo menos três tipos diferentes da vacina, com volumes distintos para serem aplicados, por exemplo. Nossa equipe foi capacitada na última quinta-feira, dia 23, no mesmo dia em que as novas doses chegaram. A preparação, considerando tudo isso, foi bem executada.”

Ainda conforme a profissional, a divulgação constante da campanha de vacinação e também a atualização constante das equipes de saúde vão ser aspectos relevantes para construir o sucesso pretendido no combate à covid-19. “É importante que todos nós estejamos afinados para seguirmos com o nosso trabalho”, concluiu.

CUIDADOS

A infectologista, também professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, avaliou que a vacina Spikevax monovalente está "atualizada". Segundo ela, o imunizante é seguro, pois é composto por uma das variantes que mais está circulando atualmente. “Todos aqueles que estão dentro dos grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde devem ir atrás para receber uma dose. É importante destacar os imunossuprimidos e indivíduos acima de 60 anos deverão repor a vacina a cada seis meses. As demais pessoas, dentro dos grupos prioritários, apenas uma vez por ano”, informou.

A especialista também comentou sobre a necessidade de um reforço na divulgação dos dados sobre os imunizantes e para quem estão disponíveis, algo que pode ajudar a evitar fake news a respeito do tema. “Dúvidas sobre a necessidade de seguir recebendo a vacina acontecem muito em função das chamadas notícias falsas. E isso pode levar as pessoas a ficarem confusas. Neste ano, teremos foco na imunização apenas dos grupos prioritários.”

SERVIÇO

A imunização com a dose da Moderna foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano. Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, a entrega das vacinas pelo Governo de São Paulo ocorreu na última quarta-feira, 22, enquanto a distribuição das doses para as unidades básicas foi feita ao longo da quinta, 23. Considerando as 42 cidades do DRS-VII (Departamento Regional de Saúde – 7), foram enviadas 17.195 doses às prefeituras, do total de 51.580 anunciadas pela Secretaria de Saúde do Estado.

Também de acordo com a Secretaria de Saúde de Campinas, não há uma meta estabelecida para a imunização nesta nova etapa, pois a proposta é que todo o público elegível receba a vacina. Sobre as próximas remessas, ainda não há previsão de quando elas chegarão ao município, além da quantidade que será enviada. 

Já a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, por telefone, informou que a responsabilidade sobre os repasses das vacinas é do Governo de São Paulo e que todas as quase 520 mil doses requisitadas pela Secretaria de Saúde do Estado foram repassadas considerando as demandas estaduais.

O Governo de São Paulo foi procurado para comentar o assunto, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

Um levantamento feito pela reportagem do Correio Popular e publicado na semana passada apontou que parte da Região Metropolitana de Campinas (RMC) estava sem vacina contra a doença há mais de um mês. Tanto os municípios quanto o governo estadual atribuíram a situação do atraso no envio de novas doses ao Ministério da Saúde. Já a Pasta afirmou, por meio de nota, ter começado na semana do dia 6 de maio as primeiras distribuições da vacina atualizada contra a covid-19. Em São Paulo as doses foram entregues no dia 14 de maio, destinadas à imunização dos grupos prioritários. Ainda de acordo com o comunicado oficial divulgado pelo Ministério de Saúde à época, "os pedidos de envio de doses das vacinas contra a covid-19 são realizados pelos gestores locais, de acordo com a demanda de cada estado. Após a solicitação, o Ministério da Saúde avalia criteriosamente as doses a serem distribuídas, levando em conta a demanda específica de cada solicitante, os grupos prioritários estabelecidos e o estoque disponível no momento da autorização". Os endereços dos centros de saúde de Campinas e horários das salas da vacinação em cada unidade estão disponíveis no site https:// portal.campinas.sp.gov. br/sites/vacina. Mais informações sobre os grupos prioritários e orientações a respeito do imunizante também podem ser encontradas ligando para o número de telefone 156. PÓLIO A campanha de vacinação contra a poliomielite vai começar em Campinas na próxima segunda-feira, 27. Com foco em crianças de até quatro anos, a mobilização vai até 14 de junho e, neste período, a Secretaria Municipal de Saúde prevê aplicar doses nos centros de saúde, em pelo menos 68 escolas, shoppings e terminais de ônibus, por meio de uma parceria com a Emdec.
O Dia D de imunização contra a pólio está programado para o dia 8 de junho. A meta da Prefeitura é vacinar contra a doença pelo menos 95% das crianças de um a quatro anos, grupo estimado em 57 mil pessoas. Para esta parte da população, a vacinação será indiscriminada, ou seja, mesmo quem tem o esquema vacinal completo deverá receber a dose da vacina oral.

Já para os menores de um ano, se houver necessidade, é feita a atualização do esquema vacinal, com a dose injetável, e os dados entram para a cobertura vacinal de rotina, que em 2023 foi de 92,8%.

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