Direção pediu para que a população procure outras unidades; é a quinta vez apenas neste ano que a instituição emite o alerta sobre a ocupação, mais do que em todo 2024
Pacientes e acompanhantes esperam por atendimento em frente ao PS Adulto do Hospital PUC-Campinas: episódios de superlotação este ano já superam os de 2024 (Alessandro Torres)
O Hospital PUC-Campinas voltou a registrar superlotação nos leitos via Sistema Único de Saúde (SUS) do Pronto-Socorro Adulto (PS). Ontem havia 76 pessoas internadas no espaço, todos os casos de alta complexidade, em um espaço com 20 leitos. Ou seja, a superlotação chegou ao índice de 280% acima da capacidade da unidade. Como resposta, a direção do hospital pediu que a população procure outras instituições de saúde da cidade. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que, considerando a situação do local ligado à PUC, pediu que a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) de São Paulo reduza os encaminhamentos de pacientes de outras cidades da região para Campinas.
Ainda de acordo com o Hospital PUC-Campinas, a maior parte das 76 pessoas internadas está com doenças cardiovasculares, como pacientes que tiveram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Outros casos que motivaram as internações de ontem foram oncológicos e respiratórios. A situação anteontem era ainda pior. O número de pessoas internadas no PS Adulto, via SUS, chegou a 83 na quinta-feira, 315% acima da capacidade instalada.
Essa situação não é novidade. Outros casos de superlotação no Hospital PUC-Campinas aconteceram neste ano, essa é a quinta, já igualando todos os alertas emitidos no ano passado. Na semana de 23 de março, a média de internações no Pronto-Socorro Adulto SUS foi de 60 pacientes por dia, 260% acima do limite operacional.
O Correio Popular foi ao local e conversou com alguns pacientes e acompanhantes que passaram pelo PS Adulto SUS e outros que estavam em setores diferentes do hospital. Todos foram unânimes em afirmar que a superlotação era real. Uma delas foi Ruvia Ferreira da Silva, moradora do Jardim Itatinga. Ela acompanhou a irmã mais velha, que tinha uma mamografia agendada. Após o exame, a paciente sentiu dor abdominal. A dupla pensou em ir ao Pronto-Socorro Adulto, mas deu meia-volta após ver um grande número de pessoas dentro e na entrada do PS. “Prefiro pegar um ônibus aqui, ir ao Centro e pegar outro para o meu bairro. Aí procuro o centro de saúde, que deve estar mais vazio. Minha irmã está com dor, mas vamos aguentar firme”, contou.
Débora Leila da Rosa Alves da Cunha acompanhou a mãe, Maria Elisabetha Rosa, em uma consulta oncológica previamente marcada. A reportagem encontrou a dupla em frente ao PS. Débora relatou que a mãe precisou do ProntoSocorro no mês passado. Na ocasião, ela contou que sofreu com a superlotação. “Minha mãe ficou vários dias esperando um leito de internação. Foi horrível. Só de olhar o que está acontecendo hoje, me lembro do que a minha mãe passou no mês passado.”
Quem também ficou espantada com a situação no PS Adulto SUS do Hospital PUC-Campinas foi Vanessa Cristina dos Santos. Ela foi vistar a mãe, internada na UTI da unidade de saúde, e comentou também ter tido problemas com o ProntoSocorro no passado. “Eu entendo o lado de quem trabalha aqui no hospital. São muitos atendimentos e as equipes têm dificuldade de darem conta”, lamentou.
REDE MÁRIO GATTI
Apesar da superlotação no Hospital PUC-Campinas, o mesmo não ocorreu ontem na Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a ocupação é de 95% a 100%, com todos os pacientes que procuram a unidade sendo atendidos.
A Secretaria de Saúde de Campinas reforçou que está em constante negociação para a ampliação de leitos na cidade. Além disso, acompanha a negociação do Estado com a Casa de Saúde, administrada pelo Vera Cruz Hospital, para a ampliação das estruturas e tem reivindicado junto ao governo estadual a implantação do Hospital Metropolitano.
A negociação citada pela pasta municipal de saúde é algo anunciado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 22 de fevereiro deste ano. Na ocasião, ele afirmou que o Estado estava em tratativas com o Vera Cruz Hospital para a abertura de 140 leitos do SUS na Casa de Saúde de Campinas. O objetivo, de acordo com ele à época, seria reforçar a oferta de atendimento público em saúde para a população da Região Metropolitana de Campinas. O Vera Cruz Hospital, responsável pela Casa de Saúde, não se posicionou sobre o assunto. A Secretaria de Saúde do Estado não detalhou o estágio em que está a negociação e, questionada, não respondeu quanto se atendeu à demanda do município de reduzir o envio de pacientes para a cidade. Em nota, afirmou que o Departamento Regional de Saúde discute com os municípios da RMC sobre o melhor aproveitamento dos leitos da região de forma emergencial.
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