Premiação ocorreu em cerimônia ontem realizada na sede da Opas, em Brasília
Entrada do HES: análise levou em conta três critérios - a experiência dos usuários, a qualidade e segurança destinada aos pacientes e a eficiência no uso dos recursos públicos (Kamá Ribeiro)
O Hospital Estadual de Sumaré (HES) foi premiado na terça-feira (8) em um evento organizado na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília, como o melhor hospital público do Brasil. O ranking dos 40 melhores hospitais, divulgado na terça na cerimônia, utilizou três critérios principais para a avaliação e a conclusão: a experiência dos usuários, a qualidade e segurança destinada aos pacientes e aqueles que apresentam maior eficiência considerando-se os recursos que dispõem. Além disso, foram elencados os hospitais públicos que têm atendimento 100% financiado por meio do SUS.
A iniciativa de criar o ranking, que deve ser divulgado a cada dois anos, foi do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross) em parceria com a Opas, braço da Organização Mundial de Saúde nas Américas, Instituto Ética Saúde (IES) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA). A comissão julgadora contou com integrantes dessas instituições e também da pesquisadora da FGV-Saúde, Mariana Carreira.
Para a superintendência do hospital, cuja gestão é da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) e da própria universidade, a premiação foi uma surpresa. Isso porque eles foram convidados e esperavam que houvesse o reconhecimento dos 40 melhores hospitais e não um ranqueamento. As posições do ranking, anunciadas em ordem inversa, gerou expectativa e ansiedade até o momento de revelar o primeiro lugar.
"Foi muito emocionante, porque começaram a chamar do último lugar para o primeiro. Nós sabemos que o HES trabalha com qualidade desde a sua fundação, em setembro de 2000. Culturalmente, a gestão de qualidade é muito enraizada dentro dele. Somos reconhecidos no país por tudo o que fizemos em qualidade, pelas certificações que obtivemos - fomos um dos primeiros certificados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) - o primeiro público do interior - com o nível máximo, o 3. Então, sabemos do nosso histórico, que somos reconhecidos pela qualidade. No entanto, para a nossa surpresa, ficamos em primeiro lugar", relatou o superintendente do HES, Maurício Perroud.
Ele ainda declarou que todos os hospitais listados são muito bons, o que deixou a equipe do HES ainda mais honrada pelo prêmio recebido.
Na segunda posição, empataram o Hospital Geral de Itapecerica da Serra e o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, de Fortaleza (CE). Além do Hospital de Sumaré e do de Itapecerica da Serra, outros 20 também estão no Estado de São Paulo. O secretário-geral do Ibross, Renilson Rehem, detalhou os critérios que foram considerados na avaliação dos hospitais públicos.
"Queríamos fazer uma avaliação para reconhecer os melhores hospitais públicos. Resolvemos então partir de uma base que já tivesse uma aferição criteriosa, que é o processo de Acreditação. Consideramos os hospitais enquadrados no nível três, o máximo de excelência, da ONA, e também aqueles que não têm esse certificado especificamente, mas dispõem de certificação internacional de Acreditação. Chegamos a um total de 40 hospitais e, a partir disso, desenvolvemos uma metodologia para aplicar e fazer um ranking."
O primeiro critério analisou há quanto tempo os hospitais conseguiram o certificado de Acreditação. Rehem explicou que manter o processo de Acreditação exige um esforço, uma consolidação da qualidade, portanto, o tempo precisava ser reputado. O segundo critério foi a avaliação dos usuários, uma vez que, tão importante quanto ser bom tecnicamente, o hospital precisa garantir qualidade, evitando e controlando infecção hospitalar, erros no uso de medicação, entre outros riscos que existem na área.
Para o terceiro critério, o de eficiência, foi analisado o quanto o hospital dispõe de recursos e o quanto ele produz. Para isso, foi realizada uma parceria com a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Face-UFMG), que fez um estudo envolvendo 136 hospitais públicos de grande porte, Acreditados ou não. "Vale ressaltar que os hospitais Acreditados já são serviços que buscam excelência e representam um pequeno grupo de qualidade. São menos de 400, num universo de 8.870. O Ibross está destacando os melhores dessa seleção de elite, como forma de reconhecimento e incentivo. Desejamos o SUS que funciona, o SUS de qualidade. Para isso, nossa instituição foi criada", afirmou o secretário-geral do Ibross.
Aval da população
O superintendente do HES descreveu o histórico de certificação do hospital. Dois anos depois da sua criação, ele conquistou o nível 1 da ONA. Um ano depois, o nível 2. E, ainda em 2006, com seis anos de existência, atingiu o nível máximo.
Atualmente, são três grandes portas de atendimento no HES: uma de urgência referenciada, um pronto-socorro que serve para receber pacientes que foram atendidos em outros lugares ou encaminhados, por exemplo, pelo resgate (apenas nela, são em torno de 1,5 mil pacientes por mês) e a parte ambulatorial, com foco cirúrgico. São cerca de 5 mil consultas/mês, incluindo aí a demanda reprimida durante a pandemia de covid-19. Ainda há a porta de internação. De acordo com Perroud, são cerca de 12 mil internações por ano. "Dentro dessa quantia, de mil por mês, temos internação para cirurgia eletiva, de urgência, pediatria, UTI Neonatal, clínica médica. Realizamos de 180 a 200 partos por mês."
Na terça-feira, no HES, a confeiteira Ana Júlia da Silva Ferreira, de 20 anos, relatou um pouco da sua experiência com o hospital no ano passado, durante a gravidez. Ela não pariu no HES, mas disse ter sido muito bem atendida durante toda a gestação.
"Hoje, estou aqui para fazer o ecocardiograma do meu filho. Fiquei internada aqui quando engravidei e o atendimento foi excelente, não tive do que reclamar. E ainda não tenho. Para mim o atendimento, assim como os médicos, é de excelência. Quando me internei aqui, não tinha vaga para a UTI Neonatal. No mesmo dia conseguiram me encaminhar para a Maternidade de Campinas. Eles são super atenciosos. Esse é o melhor hospital daqui", opinou a moradora de Monte Mor.
Aderlina Souza, 64 anos, e Carine Azarias, 37, também estavam na terça no local. Elas estavam acompanhando um parente que estava no hospital pela segunda vez. Na primeira, para uma operação. Agora, com um problema de intestino, ele precisou ser entubado. "Não demorou muito. Eles viram que precisava de cirurgia, fizeram e ele ficou três dias na UTI até se recuperar bem. Ele foi na segunda-feira para o quarto, sendo muito bem cuidado. Tanto os médicos quanto a equipe de enfermagem têm um tratamento humanizado", afirmou Carine.
João Apolinário dos Santos, de 69 anos, revelou ter ficado surpreso com a agilidade na marcar um procedimento cirúrgico. Ele achou que demoraria mais de um ano, mas, menos de dois meses depois, já tem a sua data marcada para a cirurgia: 2 de dezembro. "Foi a minha primeira vez aqui e foi rápido. Achei bom, gostei. Fiz todos os exames e marcaram a minha cirurgia para o dia 2, às 6h30", comemorou Apolinário.