JUNHO VERMELHO

Hemocentro revela queda de 9% no número de candidatos a doar sangue

Quantidade de bolsas coletadas diminuiu 7,9% como consequência

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
13/06/2025 às 12:19.
Atualizado em 13/06/2025 às 12:43

O volume de doação costuma diminuir no período do inverno em decorrência das temperaturas mais baixas, problemas com gripes e resfriados e férias escolares; a preocupação atual é com a queda apresentada antes mesmo desse período, uma vez que as bolsas de sangue são extremamente importantes para, por exemplo, procedimentos cirúrgicos realizados nos hospitais da cidade (Alessandro Torres)

O número de pessoas que procuram os serviços do Hemocentro da Unicamp para doar sangue caiu 9% entre janeiro e maio de 2024 e 2025. Ano passado foram 37.680 candidatos, enquanto neste ano foram 34.265. Consequentemente, também foi registrada redução de 7,9% da quantidade de bolsas efetivamente doadas, caindo de 29.774 no ano passado para 27.419 neste ano, até o dia 30 de maio.

O Hemocentro separa os doadores entre aqueles que procuram o serviço pela primeira vez e aqueles considerados recorrentes ou de repetição. Com relação às pessoas que procuraram pela primeira vez os serviços a queda foi de 20,3%. Como consequência, o número de bolsas de sangue desse público diminuiu 33,2%, passando de 8.328 para 5.560. Já entre os que possuíam cadastro e procuraram o serviço, houve uma queda de 4,8%. No entanto, como é possível doar sangue mais de uma vez dentro do período analisado, o número de bolsas apresentou um aumento de 1,9%, que foi de 21.446 em 2024 e passou para 21.859 neste ano.

Os números de candidatos e de bolsas divergem por alguns motivos. Um deles é que há uma série de critérios para que alguém esteja apto a doar, logo, apenas a procura não garante que a pessoa virará um doador. Se isso ocorrer, ele ainda pode realizar mais de uma doação. A recomendação do Hemocentro é de que as mulheres e os homens façam um intervalo de, respectivamente, três e dois meses entre as doações. Existe também um limite anual: três vezes para as mulheres e quatro vezes para os homens.

O volume de doação costuma diminuir no período do inverno em decorrência das temperaturas mais baixas, problemas com gripes e resfriados e férias escolares. A preocupação é com a queda apresentada antes mesmo desse período, uma vez que os números podem cair ainda mais a partir de agora. As bolsas de sangue são essenciais, por exemplo, para procedimentos cirúrgicos realizados nos hospitais da cidade.

JUNHO VERMELHO

Com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância da doação regular de sangue, o Hemocentro lançou a campanha Junho Vermelho. As ações previstas na campanha englobam o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho.

A médica do hemocentro da Unicamp, Andreza Lamonica, reforçou que doar sangue beneficia muitos pacientes, como os que fazem transfusão regular de sangue, vítimas de acidentes ou traumas e os precisam passar por cirurgia. Segundo Andreza, muitos doadores procuram os serviços de saúde para ajudar alguém próximo, como um parente que necessita de uma doação. “Também é muito importante realizar esse ato para salvar e ajudar as pessoas que não conhecemos”, ressaltou.

Sobre a campanha Junho Vermelho, a médica destacou que a ação ocorre justamente no período em que o fluxo de doação diminui, por conta do tempo mais frio, aumento de pessoas com vírus respiratórios e as férias escolares. “Essa condição impacta bastante no estoque de sangue disponível, por isso fazemos essa campanha para conscientizar sobre a importância da doação constante”, explicou. O relatório sobre o estoque de sangue, atualizado no início da semana pelo Hemocentro, mostrava os tipos sanguíneos AB+ e B- como estáveis. Os demais tipos (O+, O-, A+, A-, B+, AB-) estavam com níveis críticos.

Andreza alertou que a pessoa que deseja realizar uma doação não pode estar com sintomas gripais, diarreia ou febre. A pessoa deve estar em um bom quadro de saúde e se sentindo bem. Para ser um doador, é necessário ter entre 16 e 69 anos e pesar no mínimo 50 quilos. Antes de realizar uma doação é essencial estar descansado, alimentado e hidratado. A prática de esportes e a realização de atividades consideradas de risco, como dirigir veículos pesados, trabalhar em altura e operar maquinário, não são recomendadas após a doação. Existem vários critérios que devem ser conferidos para que o procedimento possa ser realizado. Todos eles estão disponíveis no site https://www.hemocentro.unicamp.br/perguntas-frequentes/criterios-para-doacao-de-sangue/

As pessoas que desejam se tornar doadoras podem procurar os seguintes pontos de doação: Hemocentro da Unicamp, localizado na Rua Carlos Chagas, 480, com funcionamento de segunda a sábado, das 7h30 às 15h; Hospital do Amor, Avenida Amoreiras, 860, também com funcionamento de segunda a sábado, das 7h30 às 15h. Fora de Campinas, as pessoas podem procurar o Hospital Estadual de Sumaré, localizado na Avenida da Amizade, 2400, aberto de segunda a sábado, das 7h30 às 12h; e o Hemonúcleo de Piracicaba, na Avenida Independência, 953, aberto de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h. 

DOADORES

Funcionário do setor de cadastros técnicos da Sanasa, Guilherme Santos, 28, aproveitou o ônibus itinerante que o Hemocentro levou ao  estacionamento da sede da Sanasa na sexta-feira da semana passada para doar pela quarta vez em um ano. Ele destacou que doar sangue rende algumas vantagens interessantes para quem é um doador regular, além de ajudar milhares de pessoas, como a isenção na inscrição de alguns concursos públicos, dia de folga do trabalho e preferência em filas de supermercado e no comércio em geral.

A vendedora Sandra da Costa, 56, contou que trabalha em uma academia de ginástica, mas que o chefe dela é um médico. “Ele sempre insistiu para eu doar sangue. Hoje, pela primeira vez, tomei coragem para vir.” 

Ela já precisou de transfusão de sangue há 37 anos, após o nascimento da filha, quando sofreu uma hemorragia e precisou passar pelo procedimento. “Ainda bem que tinha bolsa de sangue disponível na ocasião”, disse aliviada. Ao relembrar da própria história e pensar no bem que doar sangue pode fazer, ela ressaltou que essa foi a primeira de muitas vezes. “Com certeza é um ato de amor ao próximo. Em setembro vou doar novamente.”

A técnica em segurança do trabalho, Rosângela Falcão, 28, é natural de Recife (PE). Lá, há cerca de dez anos, uma amiga passou por complicações de saúde e precisou que os amigos doassem sangue no hospital. “Juntei uma galera e fomos fazer a doação. Nunca mais parei.” Ela se mudou há dois anos e meio para Valinhos e há alguns meses para Campinas. “Em Valinhos eu continuei a ir ao local de doação da cidade”, contou. Rosângela se interessa em saber quais são os locais mais próximos para fazer a doação e elogiou o serviço móvel do Hemocentro da Unicamp. “Em Recife não tinha essa opção. Aqui fica muito mais prático, pois não preciso me deslocar para longe da minha casa.” 

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