A PARTIR DE JUNHO

Estado fará diagnóstico da Saúde nas cidades da região de Campinas

Levantamento levará em conta infraestrutura e demanda de serviços do setor

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
11/05/2023 às 09:14.
Atualizado em 11/05/2023 às 09:14
Governador em exercício, Felicio Ramuth, e secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, estiveram ontem no Hospital Estadual de Sumaré para a entrega de dez novos leitos pediátricos na unidade (Rodrigo Zanotto)

Governador em exercício, Felicio Ramuth, e secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, estiveram ontem no Hospital Estadual de Sumaré para a entrega de dez novos leitos pediátricos na unidade (Rodrigo Zanotto)

O governo do Estado iniciará no próximo mês um diagnóstico da infraestrutura e demanda de serviços de saúde das cidades da região de Campinas para definir o futuro do Hospital Metropolitano. O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, ao fazer na quarta-feira (10), acompanhado pelo governador em exercício Felicio Ramuth, a entrega oficial de dez novos leitos pediátricos no Hospital Estadual de Sumaré (HES), o que representa dobrar a capacidade e permitir a retomada das cirurgias pediátricas que estavam suspensas durante a pandemia de covid-19, iniciada no País em março de 2020.

“Com esses dados em mãos, nós vamos ver a possibilidade ou não de termos um hospital regional e até materno-infantil”, disse o secretário. De acordo com ele, em junho, serão realizados dois dias de oficinas com as 42 cidades da região, no Departamento Regional de Saúde (DRS), para fazer o mapeamento da capacidade instalada da área de saúde, incluindo setores público e privado, para definir um projeto para resolver todos os casos nessa área.

O diagnóstico faz parte do Programa Regionalização da Saúde que será desenvolvido em todo o Estado em parceria com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) e o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A primeira oficina de alinhamento foi realizada na semana passada, em São Paulo, para apresentar a proposta de descentralização do sistema de saúde.

De acordo com o governo do Estado, o objetivo do programa é diminuir as desigualdades para aumentar a eficiência do gasto público, ampliar a oferta de serviços, fazer as filas andarem e reduzir a distância que as pessoas precisam percorrer para conseguir atendimento. “Com o projeto Saúde Perto de Casa, nós queremos resolver os problemas de saúde na região”, disse Paiva. “O objetivo é que as regiões sejam autossustentáveis do ponto de vista de atendimento a saúde, que a gente não veja pessoas tendo que se locomover 400, 500 quilômetros para fazer uma hemodiálise, voltando pior do que foi. Isso tem que parar de acontecer”, afirmou o governador em exercício.

Região

A construção do Hospital Metropolitano dentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é uma antiga reivindicação dos prefeitos da região. O objetivo é que essa nova unidade passe a cuidar dos casos de emergência e urgência transferidos de cidades da região para desafogar o Hospital de Clínicas da Unicamp, que passaria a cuidar dos casos de alta complexidade, que é a sua vocação original.

De acordo com a superintendente do HC, Elaine de Ataide, em oito meses, de agosto do ano passado até março deste ano, 42,5% dos casos regulados para o hospital são de alta complexidade. O restante é dividido em média (50,9%) e baixa (6,6%). Eliseu Paiva já havia adiantado ao Correio Popular que o Programa de Regionalização visa organizar em uma rede integrada todos os serviços de saúde para otimizar a oferta, reduzir o tempo de espera de atendimento e evitar os deslocamentos de pacientes, o chamado turismo hospitalar.

De acordo com o secretário de saúde, na rede privada há serviços ociosos que podem ser contratados para atender a população. Segundo a pasta, a regionalização cria a possibilidade de revisão do papel dos hospitais de pequeno porte (com 50 leitos ou menos) para que passem a contribuir de forma efetiva para assegurar à população o acesso a serviços de saúde. Nesse processo, os Departamentos Regionais de Saúde passarão a exercer um papel estratégico de articulação regional com os municípios em busca da construção da rede de serviços.

Sumaré

O governo paulista investiu R$ 3,1 milhões para aumentar de 10 para 20 o número de leitos na enfermaria pediátrica do Hospital Estadual de Sumaré, que é administrado pela Unicamp, para reforçar os atendimentos cirúrgicos (eletivos e de urgência) e suporte à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica. A ampliação já está em funcionamento, com Helena Paz, de 1,5 ano, sendo uma das primeiras pacientes. Residente em Americana, ela estava acompanhada da mãe, Francieli Alves, se recuperando de uma cirurgia para correção de hérnia diafragmática.

“Essa ampliação, além de aumentar a capacidade de atendimento às crianças da região de Campinas, vai ajudar as outras unidades de saúde a não ficarem sobrecarregadas”, disse Paiva. Além dos leitos clínicos, o HES conta com seis UTIs pediátricas, 12 leitos de UTI neonatal e dez vagas semi-intensivas de atendimento neonatal. O hospital recebe cerca de R$ 150 milhões de verbas públicas por ano para seu funcionamento. 

“Com a regionalização, nós poderemos oferecer para a população atendimentos ainda melhores, evitando o deslocamento, às vezes, da população para outras regiões atrás de um determinado tipo de atendimento”, disse o governador em exercício.

Administrado pela Unicamp, o HES é referência para urgência clínica, cirúrgica (adulto e pediátrica), ortopédica, neurocirúrgica, obstetrícia de alto risco e neonatologia. A unidade também faz procedimentos cirúrgicos eletivos. Em 2022, foi eleito o melhor hospital público do Brasil, segundo ranking elaborado pelo Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde, em parceria com a OPAS, o Instituto Ética Saúde e a Organização Nacional de Acreditação.

Durante a entrega dos novos leitos, o secretário de Saúde anunciou que será feita uma campanha para aumentar a cobertura vacinal em todo o Estado. De acordo com Paiva, a média gira hoje entre 65% e 85% do públicoalvo do Programa Nacional de Imunizações (PNI), dependendo do tipo de vacina, mas o objetivo é atingir a meta de 95% já no próximo ano.

“O Estado de São Paulo ainda tem índices aquém do que deveríamos ter para garantir uma cobertura nacional”, disse Paiva.

Segundo ele, o aumento da imunização passa por uma parceria com as prefeituras das 645 cidades paulistas no atendimento primário de saúde. No caso da vacina bivalente de combate à covid-19, o Estado atingiu uma cobertura de 23,1% da então população elegível, de acordo com o último balanço disponível, divulgado no dia 24 de abril, o que representava a aplicação de 3,3 milhões de doses.

O baixo índice levou o governo a seguir a norma técnica do Ministério da Saúde e liberar a dose de reforço com a Pfizer Bivalente para todas as pessoas acima de 18 anos de idade, o que ampliou para 23 milhões o número de pessoas aptas a serem imunizadas. Na oportunidade, a Secretaria Estadual de Saúde iniciou a distribuição de 600 mil doses que estavam em estoque a todos os municípios de forma proporcional.

Além do novo público, podem receber a dose de reforço contra a covid-19 as crianças e adolescentes acima dos 12 anos com comorbidades; idosos de 60 anos ou mais; pessoas vivendo em instituições de longa permanência a partir de 12 anos e seus trabalhadores; imunocomprometidos a partir dos 12 anos; indígenas, ribeirinhos e quilombolas (a partir de 12 anos); gestantes e puérperas; trabalhadores da saúde; pessoas com deficiência permanente (a partir de 12 anos); população privada de liberdade e adolescentes em medidas socioeducativas; e funcionários do sistema de privação de liberdade. 

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