MUTIRÃO DAS CIRURGIAS

Equipe itinerante é cogitada para atender cidades da região de Campinas

Estratégia é a de levar os procedimentos cirúrgicos aos pacientes em cada município

Ronnie Romanini/ [email protected]
08/06/2022 às 09:33.
Atualizado em 08/06/2022 às 09:33
O secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, visitou ontem a enfermaria pediátrica do Hospital de Clínicas da Unicamp (Gustavo Tilio)

O secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, visitou ontem a enfermaria pediátrica do Hospital de Clínicas da Unicamp (Gustavo Tilio)

O secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, voltou na terça-feira à Campinas para apresentar mais detalhes sobre o Mutirão das Cirurgias aos prefeitos e secretários municipais da Regional de Saúde de Campinas e representantes de hospitais filantrópicos e particulares, além do Sindicato dos Hospitais (Sindihosp). O Mutirão foi anunciado pelo governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), no último dia 25 de maio. No encontro, membros do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7) se colocaram à disposição dos gestores para tirar dúvidas sobre a participação das entidades privadas e filantrópicas no programa do Estado. O DRS-7 também preparou um "pacote de informações" para que os gestores possam se inteirar sobre o programa. A reunião aconteceu na sede da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC).

A principal novidade apresentada foi a possibilidade de se montar uma equipe de cirurgia geral itinerante do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, que poderá ir até os municípios que participarem do programa e solicitarem esse serviço. A estratégia é a de tirar essa equipe do serviço de alta complexidade, realizado no HC, e levar os procedimentos de cirurgia geral para dentro de cada município. Assim, os pacientes poderiam realizar os procedimentos dentro das cidades em que residem, sem a necessidade de grande deslocamento e com a possibilidade de ficar mais próximo à família. Isso também ajudaria a lidar com outra dificuldade: o transporte dos pacientes.

"Essa conversa vai precisar de afinamento entre os secretários, prefeitos e a equipe de cirurgia do HC. A nossa proposta é a de que a equipe vá, de maneira itinerante, realizar cirurgias de média complexidade nas Santas Casas e nos hospitais filantrópicos da região. Sabemos que o HC é um hospital terciário, quaternário. Não dá para colocar cirurgias de média complexidade dentro do nosso serviço que é tão especializado. A ideia é que, fazendo a eletiva, o usuário fique dentro do seu território", explicou a diretora do DRS-7, Fernanda Penatti. 

Ao se dirigir aos gestores presentes, o secretário estadual da Saúde exaltou a união que ocorreu entre municípios e Estado durante a pandemia de covid-19, a mesma desejada agora para dar conta de uma das consequências negativas dela, a longa fila para procedimentos eletivos. Ele valorizou a resposta dada pela região no difícil período como "extremamente qualificada", não apenas contando com os serviços de saúde municipais, mas também com o apoio da saúde complementar e privada. 

Gorinchteyn explicou que, sozinho, o Estado seria capaz de fazer 25 mil cirurgias por mês, o que faria com que a fila apenas dos pacientes que já estão esperando fosse zerada em quase dois anos. Enquanto o Estado tem 538 mil procedimentos represados, a Regional de Saúde de Campinas, composta por 42 cidades, têm 71,5 mil. A meta é zerar a fila em até cinco meses.

Em Campinas, a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar definiu a participação no Mutirão, mas a programação ainda será divulgada. "Nós sabemos que a pandemia trouxe efeitos terríveis (...), mas um efeito perverso foi a suspensão dos procedimentos eletivos por quase dois anos. A fila já era grande e a pandemia agravou a situação. Infelizmente, muitos casos que eram eletivos foram atendidos como urgência e muitas doenças se agravaram nesse período de suspensão das cirurgias eletivas. Agora é hora de correr atrás", afirmou o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).

Dário aproveitou para descrever como um "alento" o fato de os procedimentos realizados pelos hospitais municipais, filantrópicos, privados e pelas Santas Casas serem remunerados com o dobro da Tabela SUS. Ele disse que o valores atualmente pagos precisam ser atualizados e que esse é um debate necessário.

Leitos Pediátricos

Foi confirmada na reunião a abertura, desde a segunda-feira, dos seis leitos restantes anunciados para o HC da Unicamp. Agora, são 16 novos leitos, seis de terapia intensiva e 10 de enfermaria para tratamento semi-intensivo. As outras 15 estruturas já anunciadas, a serem instaladas no Hospital Estadual de Sumaré (HES), ainda não estão em funcionamento, pois o processo seletivo para a contratação da equipe de enfermagem ainda está em andamento. 

Hospital Metropolitano

Antes do final da reunião, o prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CD-RMC), composto pelos 20 prefeitos da RMC, Gustavo Reis (PSDB), pediu a palavra e elogiou o secretário pela proximidade, avaliada como inédita, com os prefeitos. Depois dos elogios, veio um pedido ao Estado: que na próxima visita do governador à Campinas, no final do mês, seja anunciada a criação de um Hospital Metropolitano, que atenda não apenas aos 20 municípios da RMC, mas aos 90 da Região Administrativa de Campinas.

De acordo com Reis, já existe um diálogo com a Unicamp para a doação de um terreno ao lado da universidade para a construção do hospital, que teria de 300 a 400 novos leitos. O investimento necessário para a construção seria de cerca de R$ 300 milhões e este mesmo valor anualmente para o custeio, com investimentos da União, do Estado e, se preciso, uma pequena colaboração dos municípios. "Poderíamos praticamente dobrar a capacidade e, assim, atender a todos os municípios com esse hospital, algo que seria revolucionário na nossa região", concluiu Reis.

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