NOVA AMEAÇA

Campinas tem 3 casos de hepatite sob investigação

O primeiro confirmado no Brasil ocorreu em Ponta Porã (RS)

Ronnie Romanini
04/06/2022 às 10:27.
Atualizado em 04/06/2022 às 10:27
A doença, que acomete crianças e adolescentes, é suspeita de ter causado seis óbitos que estão em investigação para confirmação ou descarte (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

A doença, que acomete crianças e adolescentes, é suspeita de ter causado seis óbitos que estão em investigação para confirmação ou descarte (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

O Ministério da Saúde investiga 76 casos da hepatite aguda grave com origem desconhecida no Brasil, sendo que três deles estão em Campinas. Nesta semana, a Pasta confirmou o primeiro caso provável no país, ocorrido no município de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. A doença, que acomete crianças e adolescentes, é suspeita de ter causado seis óbitos que estão em investigação para confirmação ou descarte.

"Recebemos três notificações em Campinas, de crianças de outros municípios, que apresentavam alterações nos exames. Elas ainda estão em investigação, então, ainda não há como saber (se a doença já chegou à cidade)", comentou a médica infectologista e coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Valéria Almeida.

Até o momento, pouco se conhece sobre a hepatite misteriosa. Os casos ainda não foram atribuídos a nenhum vírus específico. Vômito, diarreia, dores abdominais e pele e olhos amarelados são alguns dos principais sintomas. 

Dentre as hipóteses aventadas até o momento para explicar o que causa a doença, visto que não foi encontrada relação direta com os vírus conhecidos da hepatite, está a possibilidade de coinfecção por diferentes vírus, contaminação por um ainda desconhecido ou mesmo consequências de infecção anterior pela covid-19. 

"Sabemos pouco. Hepatites graves, sem que se consiga identificar qual a etiologia, ocorrem, porém, começou a haver um aumento de casos de hepatite clínica grave nos países europeus, principalmente em crianças e adolescentes até 16 anos, alguns até com a necessidade de transplante de fígado. Boa parte foi descartada, pois em algum momento foi encontrado um agente que justificasse, mas parte deles permanece sem esclarecimento. Algumas crianças e adolescentes positivaram para uma espécie de adenovírus, que pode ser causador de infecção intestinal e, mais raramente, de hepatite, mas ainda não se estabeleceu uma relação de causa e efeito em que se possa afirmar que o adenovírus é o causador dessas hepatites", explicou a infectologista do Fleury Medicina e Saúde, Carolina Lázari.

Ela também esclareceu sobre a hipótese da relação entre essa hepatite e a infecção anterior pelo coronavírus. "Não como um causador direto dessa infecção viral, mas a hipótese é a de que a infecção recente, de alguma, forma predispõe uma atividade inflamatória mais duradoura nas crianças e adolescentes, que acaba atingindo o fígado. Chama a atenção o fato de isso acontecer justamente no nesse período da pandemia, a gente pergunta por que não aconteceu antes."

A infectologista do Devisa, Valéria, citou que o conjunto dos sintomas e achados que são encontrados nas crianças sugere mais de um fator envolvido. Ela também informou que, diante da dificuldade em encontrar a causa, o Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado de Saúde e as Municipais emitiram comunicados para os serviços de saúde com o objetivo de identificar precocemente casos com características semelhantes para que seja feita a notificação e, desta forma, uma investigação para saber se o quadro é dessa hepatite de etiologia a esclarecer. Vale frisar que está descartada qualquer relação da hepatite com a vacina da covid-19. "É uma das poucas coisas descartadas desde o começo. Boa parte (das crianças) sequer tinha sido vacinada."

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