População está dividida quanto às máscaras em Campinas, tanto que nas ruas é possível flagrar pessoas andando sem a proteção facial, enquanto outras não abrem mão do seu uso (Gustavo Tilio)
Decidida a não avançar nas questões envolvendo o uso de máscaras em lugares fechados, a Prefeitura de Campinas resolveu apenas reforçar a recomendação para o que protetor facial seja utilizado nesses ambientes e também em eventos de grande porte, independentemente de acontecerem em espaços abertos ou fechados. A decisão foi tomada após reunião do Comitê Covid-19 (Comitê Municipal de Enfrentamento da Pandemia de Infecção Humana pelo Novo Coronavírus). Por outro lado, a Câmara Municipal voltou a tornar obrigatório o uso do item nas dependências do prédio do Legislativo e no Teatro Bento Quirino, onde as reuniões da Casa ocorrem provisoriamente, enquanto o plenário passa por reformas.
Campinas decidiu seguir o Estado, que anteontem, mediante uma decisão do Comitê de Medidas de Vigilância em Saúde de São Paulo, voltou a recomendar o uso de protetor facial em locais fechados. Outras cidades, como Valinhos e Sumaré, também anunciaram a volta da obrigatoriedade do uso de máscara no ambiente escolar.
Campinas justificou que, anteriormente, foi mais restritiva que o Estado e considerou não somente a covid-19, mas o contexto de todas as doenças respiratórias. Por isso o município manteve a obrigatoriedade do uso de máscaras nos serviços de saúde, em ambientes fechados das escolas, Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs) e no transporte público.
"Assim como o uso da máscara, é imprescindível que a população complete o seu ciclo vacinal. Tanto para o primeiro ciclo quanto para as doses adicionais. As vacinas são aplicadas em 65 centros de saúde e estão disponíveis para toda a população", informou a nota oficial.
Já a Câmara voltou a obrigar, a partir da próxima segunda-feira, o uso de máscaras nas dependências do prédio do Legislativo. A medida vale tanto para a sede, localizada na Avenida Saudade, quanto no plenário provisório do Teatro Bento Quirino, no Centro, onde estão ocorrendo as reuniões ordinárias e as reuniões das comissões temáticas.
O ato da Mesa Diretora prevê que a determinação contemple vereadores, servidores, funcionários terceirizados e a população em geral. "Estamos percebendo o agravamento da situação com o atual momento da pandemia, com aumento substancial de casos no município. Por isso, a Câmara precisa tomar todos os cuidados sanitários para evitar a disseminação do coronavírus", afirmou o vereador Zé Carlos (PSB), presidente da Câmara.
Entidades representantes de várias classes também reforçaram o pedido para o uso de máscara. A Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) informou que já disponibilizou a informação nas suas redes sociais para que os lojistas fiquem cientes. "A Acic entende que, apesar da não obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados e em eventos de massa, cabe a cada um fazer a sua parte para que não seja necessário, eventualmente, adotar medidas restritivas".
O Sindicato da Construção Civil no Estado de São Paulo (SindusCon-SP) alertou para o reforço das medidas de proteção, como uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento social, entre outros. "A entidade também recomenda que as empresas estimulem a vacinação da terceira dose por aqueles que ainda não a tomaram", disse a nota.
População dividida
A população de Campinas está dividida em relação ao uso de máscaras na cidade. O aposentado Nilo Francisco dos Santos, de 70 anos, acha que as máscaras deveriam continuar como item obrigatório e ainda criticou quem não faz o uso correto do item de prevenção. "Eu ando sempre com uma no bolso. Quando estou na rua sozinho, tiro, mas ao entrar no ônibus ou em alguma loja, coloco na hora. Acho que todo mundo deveria seguir o mesmo exemplo", disse.
Já José Tosta entende que o item não é mais necessário, principalmente depois do avanço da vacinação para a população. "Hoje acho que é mais um comércio. Se todo mundo tomar a vacina, o que vem ocorrendo, acho que não é mais necessário ter a máscara em todos os lugares", comentou.
Para Helena Maria Scutucci, a máscara é ruim, porque incomoda e nem sempre a pessoa lembra de carregar o item. "Por outro lado, claro que ela é boa porque previne doenças. Eu continuo usando, às vezes me esqueço e baixo ela no queixo e não subo mais. Mas acho importante que as pessoas continuem usando", disse.