PREVENÇÃO

Campinas inicia ciclo de mutirões de combate à dengue na Região Norte

O número de pacientes saltou de 13 no boletim divulgado no dia 10, para 120 na última segunda-feira

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
26/01/2025 às 10:15.
Atualizado em 26/01/2025 às 18:58
Agentes orientaram a população para o risco da manutenção de locais que possam servir como criadouros do mosquito Aedes aegypt (Kamá Ribeiro)

Agentes orientaram a população para o risco da manutenção de locais que possam servir como criadouros do mosquito Aedes aegypt (Kamá Ribeiro)

Em meio a uma alta de 823,08% nos casos de dengue em dez dias, a Prefeitura de Campinas realizou ontem o primeiro mutirão de 2025 contra focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, em cinco bairros da região Norte da cidade. O número de pacientes saltou de 13 no boletim divulgado no dia 10 para 120 na última segunda-feira (20), na terceira semana do ano, de acordo com dados do Painel Interativo de Arboviroses da Secretaria Municipal de Saúde. O atual balanço representa 13,36% dos 897 casos de dengue identificados até a terceira semana de 2024, mas essa comparação pode não refletir a realidade, alertou a coordenadora da Vigilância Sanitária (Visa) Norte, Daniela Hilbert.

“Esse número menor pode aumentar mais tarde porque há casos à espera do resultado dos exames clínicos. É preciso aguardar as próximas semanas para ver como a dengue se comporta”, explicou. Os dados do próprio Painel de Arboviroses mostram esse quadro. A última atualização apontou Campinas com 61 casos de confirmados de dengue somente na primeira semana deste ano, 4,69 vezes a mais em comparação ao número divulgado nos dez primeiros dias. Os números divulgados são sempre apontados como preliminares, podendo haver aumento no decorrer dos dias.

“Diante do aumento dos casos suspeitos, nós já agimos e convocamos novos mutirões como o que está ocorrendo neste sábado”, explicou, por sua vez, a assessora técnica do Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa), Priscila Pegoraro. Campinas acumula 953 suspeitas de dengue nos primeiros 20 dias deste ano, apontou o Painel de Arboviroses. A segunda semana de janeiro tem 503 casos em investigação, liderando os registros em apuração.

MUTIRÃO

A terceira edição do Alerta Arboviroses em 2025 divulgado pela prefeitura apontou cinco bairros da região Norte entre os 13 de Campinas com alto risco de transmissão da dengue. São eles Vila Santa Isabel, Jardim Santa Mônica, Vila Boa Vista, Parque Via Norte e Vila Padre Anchieta. Entre eles, a área abrangida pelo Centro de Saúde do Boa Vista é o que apresenta, proporcionalmente, a maior incidência de dengue. Com três casos confirmados este ano, a taxa é 21,8 casos em cada grupo de 100 mil habitantes. Em números absolutos, o distrito de Barão Geraldo, onde fica a Vila Santa Izabel, tem o maior número de casos confirmados de dengue, cinco. Porém, a incidência é de 11,8 a cada 100 mil moradores.

Essa é a mesma proporção do Santa Mônica, onde foi confirmado um caso de dengue. Os outros oito bairros com alto risco de transmissão são Jardim Nilópolis (região Leste); jardins Santa Lúcia, Capivari (Sudoeste); Cidade Jardim e Vila Rica (Sul); Jardim São Vicente, São Bernardo, Jardim Guarani (Suleste); e Jardim Garcia (Noroeste).

O mutirão na região Norte envolveu cerca de 200 pessoas de diversos órgãos da prefeitura, entre agentes contratados, Saúde, Defesa Civil, Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) e outros. Elas foram atender as chamadas pendências, casas que não foram visitadas ao longo da semana por estarem fechadas ou a entrada não foi autorizada e outros serviços, com o recolhimento de entulho e outros materiais (cata treco), limpeza de áreas públicas, bocas de lobo e corte de mato em áreas públicas.

VISITAS

“Cada situação relatada gera a abertura de uma ocorrência”, explicou o diretor da Defesa Civil, Sidnei Furtado. O trabalho é realizado imediatamente ou agendado para ser executado nos dias seguintes. O órgão também drone para o monitoramento aéreo de pontos considerados de risco de acúmulo de água ou alvo de denúncia de moradores. Na última semana, cerca de 500 toneladas de resíduos foram recolhidos nos bairros da região Norte visitados, de acordo com a assessora técnica da Devisa.

Apesar do risco da doença, as agentes de saúde ainda encontraram dificuldades para inspecionar os imóveis durante o mutirão. “Não posso deixar entrar porque meus netos não estão em casa”, justificou a dona de casa Cleuza do Amaral Dias, alegando estar sozinha. Na casa ao lado, na Vila Padre Anchieta, o morador também não permitiu a visita. “Ele justificou que era por segurança por receio uma tentativa de golpe ou de roubo”, disse a agente de saúde Natália Pereira. A alegação dada por ele, acrescentou, foi o sequestro de um bebê ocorrido anteontem em Curitiba (PR) cometido por uma falsa agente de saúde.

A criança de 1 ano e seis meses foi resgatada horas depois pela polícia e está bem. Ela foi encontrada sozinha em uma casa em Campo Largo, na Região Metropolitana da capital paranaense. A falsa agente de saúde não foi localizada. “Muitas pessoas nos tratam bem, mas há quem seja grossa por medo”, disse a agente de saúde Cícera Lima. Das 25 casas programadas para visitar ontem, oito estavam fechadas e em duas a visita não foi autorizada.

De acordo com Priscila Pegoraro, da Devisa, a taxa de pendência, como é chamada a visita não realizada, gira em torno de 52%, dos quais de 10% a 15% são recusas de inspeção. A dona de casa Regina de Paula autorizou o trabalho da agente de saúde em sua residência. “Eu tomo todo o cuidado, não deixo acumular água”, afirmou. Ela foi orientada que se algum morador apresentar sintomas de dengue por mais de dois dias seguidos deve procurar um centro de saúde. Além disso, deve evitar a automedicação. “O uso de remédios errados pode causar hemorragias e até a morte”, alertou Cícera Lima. Os principais sintomas da dengue são febre, dor no corpo, dor de cabeça e dor nos olhos.

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