EPIDEMIA

Campinas anuncia mutirão quinzenal de combate à dengue

Decisão foi tomada devido ao alto número de casos em 2023 e ao risco de uma explosão no próximo ano

Da Redação
25/12/2023 às 13:04.
Atualizado em 25/12/2023 às 13:04
Agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza; em caso de dúvida a população pode ligar para o 156 (Rodrigo Zanotto)

Agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza; em caso de dúvida a população pode ligar para o 156 (Rodrigo Zanotto)

Em meio ao alerta para possível aumento expressivo do número de casos de dengue em janeiro de 2024, além da reintrodução dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Estado de São Paulo após quase 15 anos, a Secretaria de Saúde de Campinas decidiu realizar mutirões quinzenais de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue, chikungunya, zika vírus e também febre amarela urbana).

A cidade vive uma epidemia da doença, com 10.293 casos confirmados e três óbitos confirmados em 2023. O total de infectados é o sexto maior da série histórica, iniciada em 1998. O primeiro mutirão da série quinzenal está programado para o dia 6 de janeiro, sem local definido ainda. De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa da Prefeitura, os mutirões eram realizados “quando necessário’’ pela Saúde e, neste momento, passam a ser sistemáticos. Os trabalhos são um esforço adicional, uma vez que diariamente há fiscalizações, visitas a imóveis e nebulizações.

O tipo 3 do vírus circulou pela última vez em Campinas em 2009 e o tipo 4 foi registrado anteriormente em 2014. Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença antes, são considerados os grupos mais vulneráveis. Além disso, há risco de desenvolver dengue grave quando uma pessoa é infectada por um tipo diferente ao anterior. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) são quatro tipos de vírus: O DEN-1 é o que mais afeta os brasileiros, sendo visto como o mais explosivo dos quatro, e pode causar grandes epidemias em um curto prazo. O DEN-3 é o responsável por causar formas mais graves da doença, seguido pelo DEN-2 e o DEN-4.

O último mutirão foi no Jardim Eulina, em 16 de dezembro, quando quatro mil imóveis foram visitados pela Secretaria de Saúde ao longo de quatro horas. Entretanto, 57% dos locais deixaram de ser acessados por conta de espaços fechados, desocupados e até recusas de moradores às equipes que atuam para eliminar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. Os imóveis em que o trabalho foi executado ficam em 108 quarteirões. A ação mobilizou todas as equipes contratadas pela Administração para atuar nos serviços de visita aos imóveis, e houve apoio de um caminhão para recolher materiais e de um carro de som para alertar a população.

Sobre o primeiro mutirão desta nova fase, programado para o dia 6 de janeiro, o cronograma com mais detalhes será definido nesta semana. A frequência da ação pode ser alterada em caso de necessidade. Nesta semana, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), anunciou um pacote de ações contra a dengue. O pacote inclui uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgar informações.

“Os mutirões são uma estratégia complementar, realizada aos sábados nas regiões com aumento expressivo de casos. A ideia é diminuir as pendências, abrir mais casas e tornar o trabalho de combate ao mosquito mais eficaz. Além disso, integram esforços de diferentes secretarias e órgãos da Prefeitura para melhorar a resposta do município neste enfrentamento”, destacou a assessora técnica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) Priscilla Pegoraro, articuladora da intersetorialidade no Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses.

A Saúde ressaltou, em nota, a importância do esforço conjunto entre Poder Público e sociedade para o enfrentamento à dengue. Campinas registra em 2023, pelo terceiro ano seguido, aumento da “pendência” durante ações de visita de agentes a imóveis para vistoria e eliminação de criadouros. Desde janeiro, metade dos espaços que foram alvo das equipes foi encontrado inacessível porque estava fechado, desocupado ou por conta da recusa de moradores.

A Pasta reforça que os agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvida, a população pode ligar para o 156.

ALERTAS

Os alertas sobre bairros em alerta para elevado risco de transmissão da doença, antes divulgados quinzenalmente, começam a ser publicados semanalmente também com o objetivo de estimular a população a ter mais cuidados em ambientes residenciais e de trabalho para eliminar qualquer espaço com acúmulo de água que possa servir de criadouro para o mosquito transmissor.

Neste momento, Campinas tem oito áreas em alerta. O levantamento da Saúde considera não somente as estatísticas recentes, mas também históricos das regiões para o boletim. Os locais são o Centro e Mansões Santo Antônio (Leste), Jardim Florence 2 (Noroeste), Jardim do Lago (Sul), Jardim Eulina e Parque Via Norte (Norte), Jardim Adhemar de Barros e Jardim Santo Antônio (Sudoeste).

“O alerta Dengue Campinas é uma ferramenta inovadora e materializa a transparência da Secretaria da Saúde na divulgação sobre enfrentamento das arboviroses na cidade. Esse enfrentamento necessita da integração do Poder Público, setor privado e comunidade em geral, uma luta diária e que precisa ser intensificada quando recebemos o alerta”, destacou o diretor da Defesa Civil e Coordenador do Comitê, Sidnei Furtado.

COMBATE À DOENÇA

A luta contra as arboviroses exige uma contrapartida da sociedade. A Prefeitura mantém um programa de controle e prevenção da doença, mas cada cidadão precisa colaborar destinando corretamente resíduos e evitando criadouros. Dados do Devisa mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.

Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar qualquer acúmulo de água, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes, calhas e outros objetos. É importante, também, vedar a caixa d'água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.

Caso o morador tenha febre e mais dois sintomas associados (dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular, dor atrás dos olhos), ele deve procurar um centro de saúde de Campinas para receber atendimento e orientações.

Por outro lado, se apresentar tontura, dor de barriga muito forte, vômitos repetidos, suor frio e sangramentos, a busca por auxílio deve ser feita em pronto-socorro ou em UPA.

COMITÊ DE PREVENÇÃO

Em 2015, a Prefeitura criou o Comitê de Prevenção e Controle das Arboviroses, que neste ano passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. “Estamos extremamente preocupados e o Comitê está em condições para enfrentamento nos próximos meses”, afirmou Furtado.

O grupo reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa.

No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde. Mais informações estão no site: www.dengue.campinas.sp.gov.br.

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