SAÚDE

Campinas amplia vacinação da bivalente contra a covid-19

A partir de agora todas as pessoas acima de 18 anos podem tomar o imunizante

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
26/04/2023 às 08:55.
Atualizado em 26/04/2023 às 08:55
Segundo a infectologista Raquel Stucchi a ampliação da bivalente é positiva em função da chegada do período sazonal de doenças respiratórias (Kamá Ribeiro)

Segundo a infectologista Raquel Stucchi a ampliação da bivalente é positiva em função da chegada do período sazonal de doenças respiratórias (Kamá Ribeiro)

A partir desta quarta-feira (26) Campinas aplica a vacina bivalente contra a covid-19 para o público acima dos 18 anos. A decisão foi anunciada ontem pela Secretaria de Saúde da cidade devido a baixa adesão para o imunizante neste momento e o sinal positivo do Ministério da Saúde na última segunda-feira. Até ontem, apenas 44% das pessoas com mais de 60 anos, público-alvo da primeira etapa de vacinação, receberam o reforço, muito abaixo dos 90% fixados como meta. Além das pessoas com mais de 60 anos, eram imunizadas também na primeira etapa, que começou em 27 de fevereiro, grupos prioritários como imunossuprimidos e pessoas com comorbidade a partir de 12 anos, trabalhadores de lares de permanência para idosos, indígenas, populações ribeirinhas, quilombolas, gestantes, puérperas e profissionais de saúde.

A partir de hoje, qualquer pessoa maior de 18 anos, independentemente de ter ou não comorbidade, pode ir até um dos 63 centros de saúde e receber a bivalente. Para isso, basta levar um documento com foto e número do Cadastro de Pessoa Física (CPF). A ampliação é vista pela infectologista Raquel Stucchi como positiva, embora a baixa adesão preocupe.

De acordo com os dados do último boletim de vacinação da Saúde municipal, foram aplicadas, até o dia 20, 86.389 doses da bivalente. Desse total, 66.941 correspondem aos maiores de 60 anos. Ou seja, 44%. As demais doses, que somam 19.448, foram recebidas pelos demais grupos prioritários. Os números indicam que após dois meses de vacinação a adesão atingiu menos que a metade da meta estabelecida de 90% das 146.517 pessoas desta faixa etária. Com a ampliação, o público-alvo salta para cerca de 922 mil.

Os 44% de vacinados em Campinas superam a média nacional que, segundo o Ministério da Saúde, está na casa dos 18%. Em todo o Brasil, foram aplicadas cerca de 9,7 milhões de doses divulgados no último boletim, também do dia 20. A expectativa era atingir 55 milhões de pessoas. A coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Chaúla Vizelli, apesar de superar a média nacional, o percentual da cidade ainda é baixo. “44% desde fevereiro é muito pouco, sobretudo nessa faixa etária, que costuma aderir melhor às campanhas de vacinação. É feita uma busca ativa desses idosos, com aplicação de vacinas em casa, em residências de longa permanência, mas, como parte das pessoas tomaram as quatro doses da monovalente, acham que já estão imunizadas suficientemente e, por isso, não precisam de mais um reforço”, explica Vizelli.

A infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi, avalia como positiva a ampliação das faixas etárias e explica que a vacina tem uma proteção a mais, mesmo para quem já tomou as quatro doses da monovalente.

“O aumento de proteção contra a variante Ômicron é mais importante nos grupos prioritários, mas no momento atual, com baixa adesão e doses de vacina que não devem ser jogadas no lixo, acaba justificando a decisão”, diz. “Quatro doses com a monovalente garante, sim, uma proteção contra a Ômicron. No entanto, a bivalente tem, digamos, pedaços da subvariante da Ômicron, e é aí que está o diferencial”, conclui. Ontem, a diarista Eva Lima, de 74 anos, recebia a dose da bivalente contra a covid-19 no Cambuí. “Espero que não tenha mais. É muita coisa pra tomar”, disse entre risos.

Sazonal

Para Raquel Stucchi, outro fator positivo em relação a ampliação é a chegada do período sazonal de doenças respiratórias, durante as estações de outono e inverno. “Na medida que temos a chegada de estações mais frias, com ambientes mais fechados, sem tanta ventilação natural e com seis meses da última dose da maioria das pessoas, a medida é ainda mais assertiva” comenta. Para receber a vacina é preciso ter tomado no mínimo duas doses do imunizante monovalente. Além disso, precisa ser respeitado um intervalo de quatro meses entre as doses. É possível também tomar a bivalente e a vacina de gripe ao mesmo tempo, sem comprometer ambas as imunizações.

Reação

Chaúla Vizelli explica que o imunizante não promove reações consideráveis. “Não há nenhum registro de reação adversa em relação a aplicação. Há é um grande compartilhamento de informações falsas sobre possíveis reações, mas não há nada concreto. Quem toma a vacina tem aqueles pequenos estímulos, um pouco de dor no braço, uma moléstia, o que é normal. Nada além disso”, pontua.

A empresária Victoria Manna, de 56 anos, já tomou a bivalente. Ela tem direito à dose, pois tem comorbidade comprovada. Mesmo após cinco “agulhadas”, não sentiu nenhuma reação. “Eu tive covid-19, agora, reação da vacina, não. Ainda que se tenha, é melhor a reação que a doença. Não dói, é rápido e, já que está ampliando, que venha todo mundo tomar”. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Campinas dispõe de cerca de 100 mil doses do imunizante bivalente. O primeiro lote vence o maio, ao passo que o departamento espera usar todas as doses antes do vencimento.

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