vacinação

Apenas três cidades na região de Campinas superam meta de cobertura contra a Pólio

Holambra, Itatiba e Indaiatuba vacinaram acima do índice previsto como meta

Ronnie Romanini/ [email protected]
17/11/2022 às 08:43.
Atualizado em 17/11/2022 às 08:43
Criança recebe a vacina contra a poliomelite: em 2015, a cobertura vacinal contra a doença em Campinas foi de 101,7%; em 2021, atingiu 82,8% (Tomaz Silva/Agêcia Brasil)

Criança recebe a vacina contra a poliomelite: em 2015, a cobertura vacinal contra a doença em Campinas foi de 101,7%; em 2021, atingiu 82,8% (Tomaz Silva/Agêcia Brasil)

Números da Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, mostram que, embora 10 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) estejam com taxas de cobertura vacinal contra a poliomielite superiores à do Estado de São Paulo e Brasil, apenas três delas passaram de 95% - a meta da campanha - enquanto duas delas estão chegando a esse índice. Holambra (117,90%), Itatiba (100,67%) e Indaiatuba (95,67%) são as cidades que atingiram a meta. No caso das duas primeiras, elas superaram inclusive a população estimada na faixa etária, vacinando mais do que o previsto. 

As cidades de Vinhedo e Jaguariúna também aparecem bem posicionadas, com uma boa porcentagem de cobertura em relação às outras cidades da RMC, com 92,86% e 90,05% respectivamente. Do outro lado, Valinhos (53,63%), Cosmópolis (54,62%) e Sumaré (55,66%) não conseguiram ultrapassar 60% de cobertura.

"Estamos muito felizes pelos números alcançados em Indaiatuba diante de tamanha dificuldade registrada pela Campanha de Vacinação contra Poliomielite. O assunto vacina tem sido muito discutido nos últimos tempos em relação à pandemia, fazendo com que as pessoas deixassem um pouco de lado as vacinas de rotina. Em Indaiatuba, o que propomos, além de campanhas de marketing e publicidade, é a realização de busca ativa em escolas e creches, tanto particulares como públicas, quando conversando com os pais e responsáveis sobre a importância da vacinação contra a pólio. Conseguimos alcançar nosso público-alvo e estamos satisfeitos com esse resultado. Contudo, permanecemos atentos à situação dessa cobertura vacinal em todo o país, que precisa melhorar, e muito, os resultados", destacou a secretária de Saúde de Indaiatuba, Graziela Garcia.

Com mais de 69,35% (cobertura no Estado de SP) e 72,57% (do Brasil), estão as cidades de Holambra, Itatiba, Indaiatuba, Vinhedo, Jaguariúna, Engenheiro Coelho (84,42%), Monte Mor (78,99%), Nova Odessa (74,67%), Pedreira (74,40%) e Artur Nogueira (72,68%). As dez cidades com cobertura inferior são Santa Bárbara (69,02%), Hortolândia (67,70%), Santo Antônio de Posse (67,45%), Americana (66,12%), Paulínia (63,96%), Campinas (63,03%), Morungaba (61,84%) e depois as três que superaram a meta: Sumaré, Cosmópolis e Valinhos.

Decepção

Campinas, com 63,03%, também decepciona em relação aos dados do Ministério da Saúde, ficando como a 16ª que mais vacinou proporcionalmente na RMC até o dia 31 de outubro. Na quarta-feira da última semana (9), a Prefeitura de Campinas lançou uma campanha de mobilização para a vacinação contra a poliomielite e divulgou que a cobertura subiu um pouco em relação ao final de outubro e atingiu 68,2%.

"Campinas apresenta alto risco de reintrodução do vírus da pólio por causa de vários fatores. O principal deles é a nossa cobertura vacinal de rotina, que vem caindo drasticamente ao longo dos anos. Até 2016, tínhamos altos níveis de cobertura. De 2018 para cá e com a pandemia, a situação piorou muito. Mesmo com a campanha deste ano, nossa meta de cobertura ainda não foi atingida. Então, esse é um risco grande para a população. É uma doença erradicada, que não existe há mais de três décadas por aqui", explicou a articuladora do Programa Municipal de Imunização, Chaúla Vizelli.

Em 2015, a cobertura em Campinas era de 101,7%. A de 2021 ficou em 82,8%. "Para garantirmos que não haja propagação desse vírus no município, precisamos ampliar a cobertura vacinal. Estamos focando em busca ativa das crianças e também lançamos uma campanha publicitária de mobilização em parceria com as Pastas de Cultura e de Comunicação. Estamos fazendo vários eventos em Centros de Saúde para reforçar a qualidade e segurança do Programa de Imunização. Tudo isso é para diminuir a hesitação vacinal, trazer essa discussão de novo, com frequência, para que as pessoas entendam e se conscientizem da importância da imunização. Ela é extremamente segura, está no calendário vacinal há anos, não há motivo para deixar de vacinar as crianças. Precisamos que os pais e responsáveis entendam isso, de modo a minimizar o risco para todos", completou Chaúla.

Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 80% dos municípios brasileiros têm risco alto ou muito alto de reintrodução da doença. Campinas é uma com risco muito alto, pois conta com um fluxo de pessoas de diversas regiões do mundo - devido ao Aeroporto Internacional de Viracopos e da extensa malha rodoviária que passa pela cidade. Além disso, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é considerada polo industrial, comercial, universitário e de pesquisa, recebendo grande número de refugiados.

Hoje, acontecerá mais uma dessas ações que a Pasta tem feito para elevar os índices de cobertura vacinal. Às 9h, no Centro de Saúde São Cristóvão, serão apresentadas as ações de vacinação nas escolas e as medidas para garantir a qualidade e a segurança dos imunizantes. Na sequência, haverá uma atualização de carteirinhas dos estudantes da EMEF/EJA Maria Pavanatti Fávaro junto aos profissionais de saúde do CS São Cristóvão, deslocados para vacinar os estudantes.

Na quarta-feira da semana passada (9), a Prefeitura divulgou uma nova estratégia para conscientizar a população. A campanha publicitária batizada de "Não paralise o sonho de uma criança" será veiculada na mídia, outdoor e redes sociais. Vários eventos estão sendo planejados, com o objetivo de sensibilizar as pessoas quanto à importância das vacinas, principalmente da poliomielite. Para incentivar a imunização e "premiar" quem atualizar a carteira de vacinação, a Secretaria de Cultura, em parceria com o Circo do Chaves, doará um par de ingressos para cada criança vacinada. 

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença esteja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território.

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