ONCOLOGIA

Aparelho de radioterapia vai dobrar capacidade de atendimento no HC

Com o novo equipamento, o Hospital de Clínicas da Unicamp projeta ampliar para 120 a quantidade de pacientes com câncer tratados por dia

Luiz Felipe Leite/[email protected]
25/06/2024 às 09:44.
Atualizado em 25/06/2024 às 09:44
Para receber o equipamento, a Unicamp precisou construir um novo bunker, de 100 m² de área e paredes com mais de 1,5 metro de espessura; adequação custou R$ 1,5 milhão, montante pago pela própria Universidade (Divulgação Unicamp)

Para receber o equipamento, a Unicamp precisou construir um novo bunker, de 100 m² de área e paredes com mais de 1,5 metro de espessura; adequação custou R$ 1,5 milhão, montante pago pela própria Universidade (Divulgação Unicamp)

Um dos mais modernos aparelhos de radioterapia entrou em operação no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Usado para o tratamento de pacientes oncológicos, o acelerador linear VitalBeam, da empresa Varian Medical Systems, vai dobrar a capacidade de atendimento do hospital, uma vez que a expectativa é que ele encurte de forma significativa o tempo total de tratamento. Por exemplo, um tumor de próstata, que é tratado em 38 dias úteis, vai passar a ser cuidado em 20 dias úteis. Ou seja, o desempenho de atendimento deve alcançar, considerando a capacidade atual do setor, que oscila entre 58 a 62 pacientes ao dia, para mais de 120 por dia.

O equipamento foi importado dos Estados Unidos ao custo de R$ 5,4 milhões, valor angariado por meio de emenda parlamentar. Ele será usado em procedimentos radioterápicos nos casos de câncer de próstata, pulmão, esôfago, estômago, pele, reto e cabeça-pescoço, linfomas, doenças hematológicas, doenças do sistema nervoso central e do cérebro e tumores malignos raros.

Para receber o novo equipamento, a Unicamp teve de construir um novo bunker, de 100 m² de área, cujas paredes têm mais de 1,5 metro de espessura. O custo dessa obra de adequação ficou em R$ 1,5 milhão, montante pago pela própria Universidade.

PRECISÃO

De acordo com o diretor técnico do setor de radioterapia do HC, Eduardo Baldon, o acelerador possui avançados recursos de radioterapia e de radiocirurgia guiadas por imagem. “Entre os diferenciais tecnológicos, está a alta precisão para atingir o tumor com doses maiores de radiação, tornando o tratamento mais rápido e com menores efeitos colaterais em órgãos sadios. Além disso, o equipamento permite localizar o tumor com mais precisão, em imagens de alta resolução”, comentou.

O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, destacou o ganho de performance a ser proporcionado pelo novo aparelho e a contribuição do sistema de emendas parlamentares para a melhoria da rede de assistência pública de saúde. “Primeiro, trata-se de um equipamento de última geração, que melhora o tratamento oncológico porque foca mais o tumor e causa menos prejuízo aos demais órgãos próximos ao tumor. Além disso, trata-se de uma terapia que pode ser realizada em um número menor de sessões, o que significa um aumento significativo no nosso potencial de atendimento”, explicou. Ainda de acordo com o reitor da Unicamp, o HC é capaz de ofertar, na rede pública, um padrão de qualidade que se encontra apenas em certas instalações da medicina privada.

REFORÇO

A superintendente do HC, Elaine Ataíde, afirmou que o equipamento vai dar um novo impulso à capacidade de atendimento do hospital. “A gente sabe o quanto a radioterapia tem sido o tendão de aquiles dos serviços de saúde. As regionais de saúde registram filas, seja no pré, seja no pós-tratamento. Esse novo equipamento vai nos ajudar muito a cumprir a nossa missão, que é a de prestar um serviço cada vez melhor para a população”, ponderou.

Já a coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, afirmou que, segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer, 604 mil casos da doença serão registrados no Brasil no período de 2023 a 2025. “Desses, entre 50% e 60% vão precisar de radioterapia”, lembrou a professora. “Daí a importância do novo equipamento”, finalizou.

RADIOTERAPIA

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) define a radioterapia como um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raio-X, por exemplo) para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. Essas radiações não são vistas, e o paciente não sente nada durante a aplicação. A radioterapia pode ser usada em combinação com a quimioterapia e outros tratamentos, dependendo de cada caso.

Ainda segundo o INCA, cerca de 70% dos pacientes com câncer são tratados com radiações em algum momento dos cuidados. Para muitas pessoas, é um meio bastante eficaz, fazendo com que o tumor desapareça e a doença fique controlada – ou até mesmo curada. Quando não é possível obter a cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Isso porque as aplicações diminuem o tamanho do tumor, o que alivia a pressão, reduz hemorragias, dores e outros sintomas, proporcionando alívio.

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