CAMPINAS

Samu mantém déficit de médicos

Serviço só repôs 12 dos 27 profissionais desligados do convênio com o Cândido, um mês depois

Patrícia Azevedo
18/05/2013 às 05:08.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:32
Movimentação de funcionários no Samu: coordenação do serviço admite déficit (Cedoc/RAC)

Movimentação de funcionários no Samu: coordenação do serviço admite déficit (Cedoc/RAC)

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende vítimas de acidentes e emergências médicas, continua funcionando com déficit no seu quadro de médicos em Campinas. A falta de profissionais havia sido denunciada em março. Com o fim do convênio com o Serviço de Saúde Cândido Ferreira, foram demitidos 27 médicos — de um total de 60.

Mais de um mês depois das demissões, apenas 12 profissionais foram repostos. Nesse período, a unidade chegou a funcionar com apenas um médico no plantão, quando o correto seria ter seis profissionais. “Isso só aconteceu uma vez. Naquele dia por sorte o plantão foi tranquilo. Deus foi brasileiro na hora”, afirmou o coordenador José Roberto Hansen.

Segundo o Sindicato dos Médicos, a situação na unidade é complicada. A entidade fez uma vistoria no local e afirmou que a escassez de profissionais é grave e traz riscos para quem depende do serviço. “Ontem (quinta-feira, 16) na hora da vistoria só tinha quatro médicos, mas na quarta-feira (15) o relato é de que tinha só um para ficar na regulação e sair. O médico contou que saiu para atender uma emergência e demorou para retornar. Durante cerca de duas horas e meia o Samu ficou sem plantão”, afirmou o diretor do sindicato, Francisco Mogadouro da Cunha.

São necessários três profissionais para ficar na chamada regulação, auxiliando os profissionais que atendem às chamadas e avaliando o risco para direcionar o atendimento, e outros três ficam disponíveis para atender as emergências nas ambulâncias que funcionam como unidade de terapia intensiva (UTI). Segundo Hansen, o déficit de médicos não prejudicou o atendimento à população.

Para contornar a falta de profissionais, os médicos estão fazendo horas extras. O serviço sofre também com a falta de dez motoristas. “Eu espero que até agosto a situação esteja normalizada”, contou Hansen, acrescentando que será feito concurso para contratar motorista de ambulância.

Segundo Cunha, essa situação expõe a risco não somente a população, mas também os profissionais. “No dia em que funcionou com apenas um médico, ele teve que sair e o Samu ficou sem ninguém na regulação. Os atendentes decidiam como priorizar as chamadas sem médico. Se tiver outra emergência, uma pessoa pode morrer. Isso também causa problemas para o médico, que em situações extremas vai ter que escolher quem vai viver ou morrer. A situação é crítica”, afirma.

O diretor do sindicato diz que a entidade está elaborando um relatório sobre a situação de urgência e emergência e acionou o Conselho Regional de Medicina em São Paulo. O sindicato afirma que entende a situação provocada pelo fim do convênio com o Cândido Ferreira, mas contesta a decisão de romper o contrato antes de tentar uma nova prorrogação para garantir a contratação de novos médicos antes das demissões.

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