O deputado estadual Delegado Olim (PP) fez discurso sobre prisão de colega
O deputado estadual Delegado Olim (PP) perdeu a linha em seu discurso na tribuna da Assembleia Legislativa na última semana ao falar sobre o processo-crime contra o delegado Clemente Calvo Castilhone Júnior, preso numa operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas em 2013. O processo contra Calvo foi arquivado. Ele era suspeito de ter vazado informações da operação que resultou na prisão de traficantes e policiais. Magoado? Segundo o deputado, na Promotoria de Campinas existem pessoas que “não valem nada” e um desses promotores é Amauri Silveira Filho, que hoje é secretário-executivo do Gaeco no Estado de São Paulo. O deputado afirmou que Amauri é fraco e que não tem coragem de mandar bandido para a cadeia. Disse ainda que o secretário-executivo do Gaeco vai pagar pelo que fez, por ter conseguido mandados de prisão para pessoas que, segundo ele, são inocentes. FRASE "Maldita a Constituição que deu tanto poder para os promotores. Os senhores estão se lambuzando. Não seja tão maldoso e desqualificado." - Do deputado estadual Delegado Olim (PP), ao falar sobre o promotor do Gaeco de Campinas Amauri Silveira Filho. Prisão Calvo foi preso numa megaoperação do MP, deflagrada em 2013, após a Promotoria identificar o envolvimento de policiais em crimes que vão de corrupção, tortura, formação de quadrilha a extorsão mediante sequestro. Investigação Na época, Amauri era um dos promotores do caso. Segundo Olim, ele conheceu o promotor em Campinas e, em seu discurso, o descreveu como sendo “arrogante e jovem”. O nome do deputado foi citado por um dos réus do processo. Segundo ele, o parlamentar sabia da existência de pessoas que ajudavam “informalmente” os policiais do Denarc. Amauri disse naquele momento que Olim não era réu e que não havia provas contra ele. Olim também foi delegado do Denarc. Provocações O deputado finalizou seu discurso dizendo que era para “Amauri ficar esperto” e que o promotor é um medroso, desqualificado, fraco e que não tinha coragem de prender bandidos: “o senhor para mim não é nada. É um inútil”, afirmou o deputado estadual. Repúdio A Procuradoria-Geral de Justiça repudiou em nota o que chamou de “impróprias e injustificáveis manifestações lançadas pelo deputado estadual Delegado Olim” contra o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho. A Procuradoria informou que requerimentos, acusações e investigações do Gaeco com participação de Amauri sempre foram “formulados com base em sólidos elementos de prova e com fundamentação jurídica” e que existe plena confiança em seu trabalho. Protagonista A Promotoria informou ainda que Amauri tem sido um dos protagonistas no combate à criminalidade. “Por isso, foi alçado ao cargo de secretário-executivo do Gaeco e coordenador dos trabalhos em todo o Estado de São Paulo, contando com a confiança da Procuradoria-Geral de Justiça e de todos os demais membros.” Campinas Amauri foi um dos promotores do Caso Sanasa em Campinas, um processo que resultou na queda do governo do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). Clima de eleição Uma agenda do ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, ontem em Campinas causou um pouco de constrangimento entre o prefeito Jonas Donizette (PSB) e o vereador Artur Orsi (PSD). Os dois estavam no CPqD e havia dúvida entre os presentes se eles se cumprimentariam, já que são rivais nas urnas e nada próximos. Eles deram as mãos, num aceno breve de cordialidade, e cada um foi para o seu canto. Só voltaram a se aproximar quando Kassab chegou, mesmo assim, um ficou à direita do ministro e o outro à esquerda.