Há uma tendência de se classificar um homem como gay por qualquer mínima experiência, fantasia ou desejo
O tema da homossexualidade segue muito presente na atualidade. Tópicos ligados à violência homofóbica, às pessoas casadas que deixam cônjuges e familiares, assumindo a orientação homossexual, e aos casais homossexuais que têm filhos e tentam estruturar famílias são destaques na mídia. As informações e polêmicas a respeito são essenciais e decisivas para a minoria homossexual e a sociedade em geral. No entanto, há generalizações que precisam ser repensadas. Uma das mais importantes é a mistura que se faz entre a pessoa homossexual e a bissexual, especialmente no gênero masculino. Há uma tendência de se classificar um homem como gay por qualquer mínima experiência, fantasia ou desejo homossexual que ocorra na sua vida, e não valorizar um histórico heterossexual presente ou predominante na sua história. Por exemplo, um homem casado, chegando a quarenta anos, com uma filha na puberdade, reencontra um ex-colega de Ensino Médio, hoje solteiro, com quem viveu algumas experiências íntimas. Eles costumavam masturbar-se juntos, fazendo uma competição sobre quem ejaculava mais rápido e mais longe. Observaram que, se cada um manipulasse o pênis do outro, a brincadeira era mais excitante. Nesse reencontro, o solteiro se comportava de modo afeminado, dando a impressão de ter vida homossexual. O casado nunca teve outro parceiro de masturbação ou relação homoerótica, mas ficou muito impressionado com aquela presença afeminada e entrou em crise com a própria sexualidade, perguntando-se se poderia virar um gay. O espectro sexual e afetivo de cada gênero vai de um homossexual exclusivo até o outro polo, o do heterossexual exclusivo. Entre os dois, a gama é grande. A rigor, o homem casado do exemplo tem uma bissexualidade onde o contexto hetero é muito amplo em relação ao homo. Nos casos de homens bissexuais casados ou solteiros que mantêm imagem de hetero e pensam em assumir a homossexualidade, é preciso ponderar racionalmente, antes de decisões precipitadas e levianas. Fundamentalmente, o que interessa é que a pessoa em crise se questione, sem se enganar: “que desejo predomina em minha bússola sexual, homo ou hetero?”. Em seguida, checar em seu coração: “quem é meu objeto principal de amor, minha namorada, esposa, uma mulher? Ou seria um homem?”. Se tiver filhos, também refletir sobre seu amor/relacionamento com eles. E, por fim, as perspectivas de perdas materiais, desvantagens e prejuízos ao “sair do armário” e encarar uma nova vida. Em princípio, o homem de biografia bissexual e escolha afetiva por mulher, não poderia se considerar gay e permaneceria no casal e na família. Há militantes homossexuais e grupos conservadores que valorizam excessivamente mínimas condutas ou ideias ligadas à homossexualidade que acontecem na vida de uma pessoa. Isso parece mais um radicalismo político ou pragmatismo de sindicato, não podendo funcionar como argumento de decisão pessoal.