Os vereadores que tem um pouco de consciência do papel que desenvolvem ficaram incomodados com a manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), nesta terça-feira (15) nas galerias da Câmara Municipal. Eles sabem que o transporte coletivo é uma decisão de governo. Que depende do Executivo a adoção de mediadas e a definição de rumos. Mas também sabem que deveriam fiscalizar. E a maioria sequer sabe o que ocorreu na licitação e também não sabe como será elaborado o Plano de Mobilidade Urbana. É um sinal de que não fizeram a lição de casa. Nem a da Câmara. E sabem que o espaço para quem faz ouvidos de mercador está acabando. Ou se mexem ou o espaço político some. E eles viram bem que há lideranças no movimento que convencem e direcionam os manifestantes. Logo, terão que se preparar para novas investidas da população. A partir de agora, ou fazem o trabalho para o qual foram eleitos ou vão enfrentar a voz das ruas. Já não era sem tempo. Um legislativo que não consegue emplacar leis, porque são vetadas, e não conseguem fiscalizar o Executivo está mesmo na linha de cobrança da população. E não dá mais para dizer que o assunto não lhes diz respeito. Ou mudam de comportamento ou os eleitores podem mostrar que estes senhores não lhes dizem respeito nas próximas eleições. Os caminhos estão postos. Podem escolher o melhor agora, ou o possível depois. A decisão pertence a cada um deles. E este recado nem tem custo nenhum para eles. Podem aproveitar gratuitamente. A população contribuinte, responsável pelo dinheiro que paga os subsídios, agradece.
VIGÍLIA
Os manifestantes decidiram fazer uma vigília em frente ao Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão Preto. Novo protesto já está marcado para esta quarta-feira (26) a partir das 18h, no local. Até lá, os manifestantes pretendem se manter na Praça Barão do Rio Branco, em frente à Prefeitura, com revezamento de integrantes, até no momento do protesto. A Administração municipal que arranje formas de contentar os manifestantes com uma tarifa de R$ 2,60.
RESULTADO VISÍVEL
A rejeição da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tirava do Ministério Público a investigação criminal contra políticos e criminosos do colarinho branco é uma prova inequívoca que o povo pode mudar os rumos do País. Depois das manifestações, os deputados cederam à pressão e derrubaram a PEC, que poderia ter sido aprovada em outras circunstâncias. Então a vontade popular pode ser atendida. Basta ser mostrada. O maior número de vezes possível. Faz parte da democracia participativa.
O ALVO
O presidente da Câmara de Ribeirão Preto, Cícero Gomes da Silva (PMDB), sentiu na pele, nesta terça-feira (25), o que é a força da pressão popular. Vaiado, criticado, ele abriu a tribuna da Câmara para os manifestantes falarem. Assim mesmo, no plural, porque foram quatro que foram ao microfone. E ele que sempre disse que o uso da tribuna depende da aprovação do colégio de líderes dos partidos. Mas aparentemente nem reunião de líderes ocorreu.
AINDA ACIMA
Assiste razão aos manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) em não aceitar a redução de tarifa do transporte coletivo urbano em R$ 0,10. Senão vejamos. O consórcio Pró-Urbano venceu a licitação por oferecer uma tarifa de R$ 2,74. Porque agora, depois de tanta manifestação o valor ficará em R$ 2,80, acima do valor da concorrência. Então foi uma licitação de fachada? Só para oficializar as três empresas que já operavam com o acréscimo de mais uma? Ora, ora.