Padre Victor da Silva Almeida Filho ( Cedoc/RAC)
A tradição da Igreja cunhou vários qualificativos para São José, e um deles é: Pai Nutrício de Jesus. “Nutrício” de nutrir, alimentar, cuidar. Zeloso, José cuidou de Jesus criança, adolescente, jovem, incluindo a fase uterina, já que cuidou também da esposa Maria, mãe do filho adotivo. O ato e função de nutrir é todo um processo que envolve suprir o corporal, o psíquico e o espiritual de uma pessoa. Sob o aspecto corporal, vemos o empenho de José em atender às necessidades físicas de Jesus (comida, roupa, teto, medicamentos). Diz o Evangelho que “o menino crescia em idade, e era robusto e saudável”. Nutrir o psíquico é prover à alma, sensível... É saber lidar com as emoções, moldar o caráter, construir a personalidade. É atuar no campo mental, alimentando a inteligência. Diz o texto sagrado que “o menino crescia em sabedoria e inteligência.” O alimento espiritual é o cuidado com o desenvolvimento dos dons do Espírito, os dons e carismas que nos são dados “de graça”, pura gratuidade de Deus para conosco. Reportando-nos ao Evangelho: “o menino crescia em graça, diante de Deus e dos homens”. José é instruído (pelo Anjo mensageiro de Deus) a receber Maria em sua casa e a acolher o fruto do seu ventre. E, como a um verdadeiro filho, dar um nome ao menino: Jesus. O ato de acolher marca o início da missão de nutrir. Quem ama alimenta o outro com o Amor, através das atitudes, do olhar, das palavras e também do silêncio... É dar de si, no desvelo da presença amiga e amorosa. Assim é José, o pai nutrício de Jesus. O pai que o olha e dele cuida, com um olhar amplo, atento às necessidades do corpo, da alma e do espírito. Inicia o adolescente Jesus no mundo do trabalho, treinando-o no ofício de carpinteiro. Eis como lhe ensina a ganhar o pão com o trabalho de suas mãos e suor do seu rosto. Eis como faz dele um cidadão trabalhador, integrado na sociedade em que vive. Guia os passos do jovem Jesus pelos caminhos da espiritualidade. Ensina-lhe a ler e interpretar a Torá. Leva-o às peregrinações e às celebrações litúrgicas nas sinagogas e nos templos. Introduz seu menino nos ritos e doutrina judaicos. Inicia o adolescente Jesus na participação da vida familiar, no convívio do lar. Jesus, o filho de Maria e o filho do carpinteiro José. É aqui que se molda toda a sua personalidade, forma-se o seu caráter, desenvolve-se o equilíbrio do seu aparelho psíquico e mental, suas habilidades e talentos. Sobretudo, é no lar de Nazaré que o pequeno aprende a falar, pensar, escutar e amar. É nesse ambiente familiar que Jesus vai desenvolvendo sua sociabilidade, relacionando-se com os parentes, com os amigos de seus pais, numa postura de respeito e cordialidade para com as pessoas. Um pequeno cidadão galileu, gentil no trato e nas relações humanas, e que sabia respeitar as diferenças. Eis a missão de José: alimentar e cuidar do Filho de Deus, ajudando-o a se desenvolver e ir tomando consciência de quem é e qual o papel a cumprir, o caminho a trilhar... Prepará-lo para fazer suas escolhas e assumir sua condição de agente protagonista e transformador do mundo. Para isso foi imperioso, essencial, que o carpinteiro José tivesse uma postura íntegra, de homem santo e justo. Deixou-se docilmente guiar pelo Espírito Santo e pela voz do Anjo. Está sempre próximo e atento ao filho, tendo sempre diante de si a responsabilidade de prover às suas necessidades. Nosso grande protetor e intercessor, São José nutre nossa vida espiritual e religiosa. Quer ver a todos nós seus devotos sãos e salvos. Ele reúne em si todos os tesouros e riquezas de Deus. Devemos recorrer a ele em todas as circunstâncias e necessidades, com inteira confiança em seu patrocínio. Valei-me, São José! deve ser a constante oração de nossa boca e nosso coração. São José não falha. Deixo esta oração a aqueles que desejarem estar em comunhão com este Santo de Deus: Salve José, agraciado por Deus, o Senhor é convosco. Bendito sóis vós entre os homens e bendito é o fruto do vosso piedoso coração, Jesus. São José, pai adotivo de Jesus, olhai e cuidai de nós, agora e na hora da nossa morte santa. Amém.