ig-carlo-carcani (AAn)
No domingo passado, escrevi sobre a saída de Felipe Massa da Ferrari e o belo duelo que Kimi Raikkonen e Fernando Alonso devem travar em 2014 a bordo dos carrinhos vermelhos de Maranello. No mesmo dia, encontrei meu amigo Márcio Chaib, que reclamou do tema da coluna. "Fórmula 1 não é esporte", protestou Márcio, que anda feliz da vida com a campanha do Palmeiras na Série B.Não concordo com a definição do amigo sobre a F-1, embora reconheça que a influência da tecnologia na categoria esteja cada vez maior. Os melhores pilotos do mundo estão lá e o talento deles é admirável. Mas, sem ser saudosista, é inegável que a Fórmula 1 de antigamente exigia uma participação muito maior do piloto, não apenas no braço, mas também no ajuste do carro. Hoje, a cada volta, computadores disponibilizam milhares de informações para os engenheiros. Antes, a sensibilidade do piloto era decisiva para a montagem de um carro vencedor. Ao mesmo tempo, o risco era muito maior.Fiz essa introdução para falar de Rush, um filme imperdível para os fãs da "velha F-1", para os mais novos que pensam que os pilotos sempre trocaram de marcha nas borboletas iguais a de seus videogames e até mesmo para aqueles como Márcio, que acham que F-1 não é esporte.Rush aborda a histórica rivalidade entre James Hunt e o lendário Niki Lauda. Passa rapidamente pelo início de ambos na Fórmula 3 (onde tudo começou), descreve como foi o acesso de ambos à F-1 e se concentra na fantástica temporada de 1976.Não vou comentar nenhuma cena para não acabar com a graça de quem ainda não foi ao cinema, mas considero Rush imperdível porque, mais do que um filme tecnicamente muito bem feito, ele narra deliciosas passagens de um tempo romântico e perigoso da Fórmula 1.Do ponto de vista esportivo, também é interessante notar a batalha entre um grande piloto que usa seu enorme talento e nada mais e um outro grande piloto que, além do notório talento, também se dedica com afinco todos os dias para ir além e melhorar um pouquinho aquele que parece ser o seu limite.Rush mostra também que na velha F-1 as entrevistas coletivas não eram previsíveis e monótonas. Os pilotos de personalidade forte, casos de Hunt e Lauda, não se preocupavam em medir palavras, evitar confrontos e elogiar a tudo e a todos.E a última dica do dia vai para quem já viu o filme. Procurem fotos antigas de Hunt e Lauda e vejam como os atores, as esposas de ambos, inclusive, foram escolhidos a dedo e ficaram muito parecidos com os personagens que interpretaram.