Caro leitor, alguém já escreveu que as ruínas são “lugares em que o passado, com seus destinos e transformações, é apreendido no instante de um presente esteticamente perceptível. As ruínas ajudam a alicerçar a nossa identidade abalada num mundo em rápida transformação”. No Brasil, poucas ruínas temos. E o pouco que há é muito recente. Aqui (e também em muitos outros países), os jovens já não conhecem mais a história, o passado. Para eles, importa apenas o futuro. Tudo o que está acontecendo, na lógica deles, é inédito no mundo. Pensam se tratar de conhecimentos nunca vistos, de novidade total. Como contraponto, penso ser interessante citar que a tecnologia que construiu muitos monumentos no passado é indecifrável para a ciência moderna. Existem apenas suposições de como as pirâmides e outros templos da antiguidade possam ter sido construídos.Ao visitar ruínas de um local que se foi, não refletimos que aquela mesma cidade jamais pensou que cairia algum dia. Basta pensar, por exemplo, no Império Romano, que mesmo com toda sua pompa, sua força, seu poderio, ruiu. Quem visita Roma e se depara com os restos daquela civilização não vê nada além de pedra sobre pedra. É claro que nós, ocidentais, recebemos muito daquela civilização. Basta pensar na arquitetura, no direito, na religião. Mas os olhos mais críticos são capazes de ver que nada além do Criador é eterno.Hoje corremos o erro de pensar que o passado é apenas passado e que não traz importância ao presente. Engano. As histórias que o passado trazem à tona nos levam a refletir que talvez nosso tempo presente será ruína no futuro. Ruínas de uma época marcada pelo narcisismo mostrarão que uma habitação foi diferente da outra, porque ninguém queria ser como o outro, mas no fundo eram todos iguais. Pedras caídas e despedaçadas, fracas e porosas demonstrarão que as pessoas eram sem conteúdo e muito superficiais.Sou saudosista, mas ser saudosista não significa gostar de um tempo ou de algo que foi bom? Dizem que cada época tem o seu encanto. Talvez daqui alguns anos descubram o desta. Eu sinceramente não o sei.Tenho saudade de um tempo que não vivi, mas sei que foi bom e não voltará mais. Quero viver o que não posso. Tenho que viver o que não quero.“Meu canto é pra valer, eu canto para mudar”, já cantou Ronnie Von.