Nos nove primeiros dias de testes da pré-temporada da Fórmula 1, foram nove os pilotos que lideraram a tabela de tempos. E o atual tricampeão, Sebastian Vettel, não é um deles. Sinal de que o domínio da Red Bull está com os dias contados? Nada disso. Os resultados nesta época do ano dizem pouco, especialmente em 2013.
No total, são 12 dias de testes, espalhados em três sessões. Nesta última, realizada até domingo em Barcelona, os carros têm uma configuração próxima da qual usarão no início da temporada, dia 17 de março. É também neste teste que o acerto está mais afinado e os times analisam tanto o consumo de pneus em simulações de corrida, quanto a velocidade pura em uma volta rápida.
É o mesmo todo ano, mas, em 2013, o cenário é ainda mais incerto pelas condições de tempo enfrentadas nos testes. Imagine que ninguém colocou o carro na pista com temperaturas superiores a 20ºC e, durante a temporada, dá para contar nos dedos de uma mão as corridas realizadas com essa temperatura, sempre mais baixa que a da pista. Isso interfere na compreensão dos pneus e do próprio carro.
A Ferrari, por exemplo, tem problemas com altas temperaturas na água e no óleo do F138 mesmo no inverno europeu e não sabe como o carro se comportará quando tiver de enfrentar o caldeirão de um GP da Malásia, por exemplo. Aliás, com a tendência seguida pela grande maioria das equipes de diminuir as entradas de ar, é possível que muitos tenham esse tipo de dificuldade. Em relação aos pneus, ninguém testou ainda com os super macios, que serão usados na primeira etapa, na Austrália.
Uma solução seria buscar lugares mais quentes para os testes, como ocorria na década de 1980, quando a F-1, inclusive, vinha para o Brasil. Uma opção economicamente mais viável hoje seria o Oriente Médio, mas isso não será possível enquanto a situação política do Bahrein não se normalizar e o traçado de Abu Dhabi não é atraente para que os times avaliem a aerodinâmica dos carros.
Deixando os tempos de lado, o que deu para ver até agora é uma Red Bull bastante equilibrada – Sebastian Vettel e Mark Webber fazem poucas correções no volante – e uma Lotus no chão, mas possivelmente menos veloz. Por outro lado, a Ferrari sofre com saídas de traseira e a McLaren, de dianteira.
Porém, do lado dos espectadores, toda essa incerteza pode ser positiva. Afinal, abre a possibilidade de resultados imprevisíveis, ao menos, até as equipes se acertarem. Será o bastante para termos sete vencedores nos sete GPs iniciais, como em 2012?