O ex-jogador e agora deputado federal participa de encontro para discutir os rumos do futebol sul-americano
Famoso também por sempre falar tudo o que pensa, independentemente das consequências que essa atitude poderá ter, Romário atirou contra três das principais entidades do futebol mundial nesta quarta-feira (4), em São Paulo. Presente a um encontro promovido por Andrés Sanchez, ex-presidente o Corinthians, realizado no Parque São Jorge com o objetivo de discutir os rumos do futebol sul-americano e fortalecê-lo, o ex-jogador e hoje deputado federal disse que a Conmebol é uma entidade "mais corrupta do que a Fifa e a CBF".O principal nome do Brasil na campanha do tetracampeonato mundial na Copa de 1994 fez este comentário ao ter acesso a documentos exibidos por advogados uruguaios que participaram do encontro desta quarta. Segundo os quais, a entidade que dirige o futebol da América do Sul estaria deixando de repassar verbas que deveriam ir para os clubes filiados do continente e assim se tornando cada vez mais rica, enquanto os times sul-americanos, em sua grande maioria, continuam pobres e deficitários. Convencido de que os documentos em questão comprovam corrupção por parte da Conmebol, Romário bateu forte também em Marco Polo del Nero, representante da entidade junto à Fifa e presidente da Federação Paulista de Futebol, assim como braço direito de José Maria Marin, mandatário maior da CBF. "É um efeito dominó, essas três instituições (Conmebol, Fifa e CBF) têm um nome em comum: Del Nero. O que foi mostrado aqui pelos advogados do Uruguai é uma vergonha o que acontece na Conmebol. Tenho lutado pela moralização maior do futebol e pela fiscalização maior da Copa do Mundo, e não imaginava que existia uma instituição mais corrupta e que a Fifa e a CBF. O que encontrei é muito pior do que imaginava", ressaltou Romário, que depois repetiu: "Não poderia imaginar que existisse uma instituição corrupta, desonesta e que fizesse tão mal ao esporte. Os números aqui apresentados vão ter que dar adeus ao futebol". Qualificado nesta quarta por Romário como "ladrão de medalha, de luz e de terreno", Marin, assim como Del Nero, também possui cargo na Conmebol, figurando em um grupo de diretores que comandam entidades sul-americanas, entre os quais está Julio Grondona, presidente da Associação Argentina de Futebol (AFA). E Romário disse temer pelos efeitos que uma futura possível eleição de Del Nero para presidência da CBF poderiam ter para os rumos do futebol brasileiro. "Se as coisas não mudarem no Brasil, poderemos ter um presidente que deveria ficar 100 anos na cadeia", disse o ex-atacante. Já ao falar mais especificamente sobre a prática de corrupção por parte da Fifa, Romário atacou um dos principais dirigentes da entidade. "A cada dia nós vemos nos jornais, nas tevês, os roubos, as falcatruas que essas entidades vêm fazendo. O secretário-geral da Fifa (Jérôme Valcke) está lá porque fez chantagem e por estar metido em um negócio ilegal, e hoje manda no Brasil", disse, sem entrar em detalhes e se referindo ao poder do cartola no processo de preparação para a Copa das Confederações, realizada em junho, e para Copa do Mundo de 2014. Possível candidato à presidência da CBF, em eleições que serão no próximo ano, Andrés Sanchez resumiu a importância do encontro realizado nesta quarta, que contou com a presença de representantes de 20 clubes da América do Sul, entre eles Peñarol, do Uruguai, Caracas, da Venezuela, Sporting Cristal, do Peru, Libertad, do Paraguai, e LDU, do Equador. "Isso é uma união dos clubes, ex-atletas e sindicato dos atletas. Queria trazer o torcedor aqui, mas é impossível. Esse encontro é uma união em prol de um futebol sul-americano melhor do que o que temos hoje", afirmou Andrés.MARADONA TAMBÉM ATACAPresente ao encontro, Maradona bateu forte na Conmebol. Para completar, não poupou Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), ao comentar a ausência de dirigentes ou representantes de clubes argentinos nesta reunião promovida por Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e possível candidato à presidência da CBF nas eleições que serão realizadas no ano que vem.Assim como fez Romário, o astro argentino disse ter ficado impressionado com documentos exibidos por advogados uruguaios que foram até o Parque São Jorge participar da reunião. Segundo os dois ex-jogadores, o conteúdo dos mesmos aponta que a entidade que dirige o futebol da América do Sul estaria agindo de forma corrupta, deixando de repassar verbas que deveriam ir para os clubes filiados do continente, em sua grande maioria deficitários. Maradona falou sobre o assunto ao ser questionado se apoiaria Andrés caso o dirigente se candidatasse também à presidência da Conmebol ou da própria CBF. "Apoio o Andrés, ele nos trouxe aqui, terminou para (Julio) Grondona, (Eugenio) Figueiredo (presidente da Conmebol) e (Marco) Del Nero (membro da diretoria da Conmebol e braço direito de José Maria Marin na CBF). Este é o final. Com o que vimos aqui, na casa do Corinthians, vimos com uma grande tristeza que o futebol é para poucos. Não é dos clubes, dos torcedores e jogadores. Por isso, vamos fazer uma comissão para desmascarar essa gente que tanto mal faz ao futebol", destacou. Já ao comentar a ausência de representantes argentinos na reunião, Maradona deixou a entender que os clubes do País têm medo de sofrerem retaliações por parte de Grondona. "Mais uma vez é uma vergonha porque vivemos na ditadura de um mafioso como o Grondona, que não deixa que nenhum clube se revele. Talvez o Vélez (Sarsfield) poderia ser o único clube que poderia estar aqui. Os dirigentes argentinos se 'cagaram'", atacou. Em seguida, o campeão mundial da Copa de 1986 pela Argentina voltou a acusar a Conmebol de corrupção. "Isso é muito grave para nós (argentinos). Dirigentes e jogadores que não vieram são cúmplices do roubo que essa gente faz. Na próxima reunião, que venham dirigentes que exponham seus pensamentos. Não estamos lutando apenas por nós, mas pelos mais jovens que vêm pela frente", enfatizou.