Em sua desesperada luta para escapar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o time da Ponte Preta se transformou em um caldeirão de fortes emoções nos últimos dias. O choro incontido do zagueiro Diego Sacoman pelo gol contra na vitória da Macaca, por 2 a 1, de virada, sobre o Vasco, foi acompanhado do pedido dos companheiros para que os torcedores esquecessem o infortúnio do defensor e o aplaudissem. Pouco depois, na saída do estádio, o goleiro Roberto começou a viver um drama pessoal pelo furto de seu amuleto da sorte.Na mesma noite, o camisa 1 postou apelos emocionados nas redes sociais para que o gatuno devolvesse seu objeto. Na segunda-feira (28), já com o par de caneleiras nas mãos (devolvido por um desconhecido), voltou a pedir apoio para Diego Sacoman. "Eu o abracei como um pai faz com um filho, sabendo que um dia também já errou. Errei bastante em minha vida e disse para que ele não se abatesse. Muitas vezes, a gente tem que ser irresponsável e dizer: 'errei sim, e daí?' Só assim é possível assimilar e seguir em frente", diz.Roberto conta que teve uma noite de insônia por causa das caneleiras. "Para algumas pessoas pode não ser nada, mas para mim são especiais, pois venho me preparando com elas faz muito tempo. Me passou pela cabeça como seria jogar sem elas contra o Vélez. Certamente, não entraria com a mesma confiança em campo", afirma o goleiro. O furto aconteceu no momento em que o goleiro parou para uma sessão de fotos e autógrafos com torcedores. Dentro de sua mochila estavam seu par de amuleto, que é feito com fibra de carbono e na medida exata de sua canela, e um par de luvas. "O furto estragou minha noite", lembra.CompozitoAs caneleiras de Roberto são fabricadas em Portugal pela empresa Compozito, que fica na Póvoa de Varzim. Nélson Vinhal e Josué Ramos são os sócios no negócio que já fez mais 5 mil pares do produto sob medida para atletas de diversos países da Europa nos últimos 14 anos.Dominando a arte do molde da fibra de vidro e de carbono, os empreendedores começaram a empresa numa garagem quando tiveram a ideia de produzir caneleiras personalizadas. Eles fazem o molde das pernas do interessado e "forjam" a proteção de acordo com a massa muscular, altura e peso do jogador. "É minha companheira de guerra há quase 10 anos. Já me livrou de pelo menos duas fraturas ao longo da minha carreira", conta Roberto, que prometeu tomar mais cuidado com seu amuleto da sorte.