Saldo positivo de 16,1 mil postos com carteira assinada no primeiro bimestre fica atrás apenas do mesmo período de 2021
Felipe Antonio Rodrigues, 20 anos, foi um dos trabalhadores que conseguiram um novo emprego, trocando a função de atendente de restaurante pela de barbeiro: “É o que realmente eu gosto, mas precisava entrar de cabeça nessa área”, contou à reportagem (Alessandro Torres)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) obteve saldo positivo de 16.136 empregos com carteira assinada no primeiro bimestre deste ano, o segundo melhor resultado para o período em 5 anos. Os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que o resultado é inferior apenas aos saldo de 18.269 postos criados em janeiro e fevereiro de 2021, quando a economia começou a se recuperar após a avalanche de demissões no ano anterior em virtude do surgimento da pandemia de covid-19. O resultado nos dois primeiros meses deste ano representou um aumento de 24,26% em comparação a 2024, quando foram criadas 12.986 vagas, sendo o segundo ano seguido de alta no período. No primeiro bimestre de 2023, surgiram 10.797 postos.
O saldo positivo em janeiro e fevereiro deste ano foi resultado da contratação de 121.494 trabalhadores e a demissão de 105.358. O número foi atingido após a RMC fechar fevereiro com a geração de 12.204 empregos, ou seja, a média foi de 18 trabalhadores contratados por hora. Todos os setores acompanhados pelo Novo Caged apresentaram saldo positivo no segundo mês do ano. Os serviços puxaram o crescimento, com a contratação de 6.049 pessoas, o equivalente a quase a metade do total – 49,57%.
O técnico em infraestrutura Eduardo Henrique Rodrigues da Silva voltou a ter carteira assinada após dois anos e meio trabalhando como autônomo. “O volume de trabalho começou a cair. Como eu ganhava por serviço feito, resolvei trocar de emprego”, explicou. O salário fixo pode até ser um pouco inferior ao rendimento como microempreendedor individual (MEI), mas há a garantia da estabilidade do ganho mensal, além de receber direitos trabalhistas, por exemplo férias, 13º salário e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Ontem, ele trabalhava na Rua Ferreira Penteado, no Centro de Campinas, realizando troca de cabo de internet.
Para a economista Maria Cecília Amaral, o desempenho do setor de serviços está atrelado à recuperação do consumo interno. “Serviços voltados ao consumidor, como alimentação, estética, logística e turismo, puxaram o resultado. Com a inflação sob controle, o brasileiro voltou a consumir com mais segurança”, explicou.
CAMPINAS
A Região Metropolitana de Campinas fechou janeiro com o estoque de 1,12 milhão de empregos com carteira registrada. A RMC representou 8,87% dos 137.581 novos empregos surgidos em São Paulo, o Estado com o melhor resultado do país, de acordo com o Novo Caged. Todos os 20 municípios tiveram saldo positivo. Campinas registrou a abertura de 4.676 novas vagas, sendo a terceira cidade com o melhor desempenho no Estado. Ela ficou atrás apenas da capital, com 37.331 postos de trabalho. A segunda colocação ficou com Guarulhos, com 5.081 postos, enquanto Bauru ficou na quarta colocação (4.032) e Osasco na quinta posição (2.649).
Em Campinas, o setor de serviço também liderou a geração de novas vagas em fevereiro com saldo positivo de 2.967 postos, o equivalente a 63,45% do total. Felipe Antonio Rodrigues, 20 anos, foi um dos trabalhadores que conseguiu um novo emprego, trocando a função de atendente de restaurante pela de barbeiro. “É o que realmente eu gosto, mas precisava entrar de cabeça nessa área”, afirmou. Ele já cortava cabelo há três anos e fez um curso para atuar como profissional.
Ele preencheu uma das duas vagas que estavam abertas há quase seis meses em um salão no Centro de Campinas. “Nós estamos tendo falta de mão de obra. Está difícil achar pessoas para trabalhar”, explicou a gerente do estabelecimento, Leandra Banaki. Agora o salão conseguiu preencher todas as vagas e está com dez barbeiros trabalhando.
A dificuldade em achar interessados levou a pequena empresa a adiar o projeto de abrir uma filial. Para suprir essa escassez de mão de obra, o estabelecimento passou a pagar cursos para formar os profissionais de que necessita, investindo em torno de R$ 2 mil em cada novo barbeiro. Essa solução encontrada levou o salão a retomar a proposta de inaugurar outras unidades. “Se Deus quiser, ainda neste ano vamos inaugurar mais uma”, projetou Leandra Banaki.
RMC
Paulínia registrou o saldo de 1.149 contratações em fevereiro, a segunda cidade com o melhor desempenho na Região Metropolitana. No município, a construção civil foi o setor que mais criou vagas com carteira registrada, com 564 postos. O desempenho foi puxado pelo lançamento de novos empreendimentos imobiliários na cidade. Uma construtora está investindo na construção de um edifício com apartamentos de 43,49 metros quadrados, com dois dormitórios. Com valor a partir de R$ 263,4 mil, o condomínio contará com salão de festa, playground, quadra poliesportiva, churrasqueira e brinquedoteca.
O novo investimento está sendo feito na sequência de outros empreendimentos lançados pela construtora na cidade, todos totalmente vendidos. Em Paulínia, o setor de serviços fez 450 novas contratações e ficou em segundo lugar no ranking, seguido pela indústria (90) e comércio (48). No município, o segmento de agropecuária foi o único em que as demissões superaram as contratações, com o fechamento de três vagas.
“O setor (da construção) segue fortalecendo sua capacidade de geração de empregos, acompanhando o aquecimento do mercado imobiliário e os investimentos em infraestrutura”, destacou a economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos. No acumulado do primeiro bimestre de 2025, a construção contabilizou 79.412 novas vagas no país, considerado um resultado expressivo para o período.
Na comparação anual, o número de trabalhadores formais no setor passou de 2.829.847 milhões em fevereiro de 2024 para 2.937.469 no mesmo mês deste ano, alta de 3,80%. “Esse avanço reflete a continuidade do crescimento do setor, impulsionado por investimentos e novos projetos, especialmente em habitação e obras públicas”, analisou Ieda Vasconcelos.
Na Região Metropolitana, a lista das cinco cidades que mais contrataram foi completada por Indaiatuba (948), Sumaré (817) e Hortolândia (553).
No Estado de São Paulo, o saldo de 137.581 empregos criados em fevereiro é maior do que o da população de 14 cidades da Região Metropolitana de Campinas. O primeiro município a ter número de habitantes superior é Santa Bárbara d'Oeste, com 183.347 moradores, de acordo com o Censo 2022. O total também é superado por Hortolândia, Americana, Indaiatuba, Sumaré e Campinas. O resultado estadual mostrou a sequência do bom desempenho da indústria, com 19.796 novas vagas. Em janeiro, o setor já havia gerado 25.173 postos, com o acumulado no bimestre ficando em 44.969. Em fevereiro, os serviços foram o setor com o maior número de vagas criadas, 84.210. O comércio registrou 15.232 postos; construção civil, 11.399; e agropecuária, 6.944.
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