RMC na Copa

Existe muita especulação sobre a possibilidade de delegações internacionais escolherem um ou outro município da Região Metropolitana de Campinas (RMC) como local de sede para treinamentos na fase prévia à Copa de 2014. É provável que isso aconteça, mas as negociações são intensas e, claro, “o Brasil todo” vai querer receber uma seleção estrangeira. Então a disputa é grande.Mas há um caminho muito saudável para a RMC estar efetivamente engajada nas etapas pré, durante e, sobretudo, depois da Copa de 2014, que tanta confusão e polêmica já gerou e ainda vai gerar. A Lei Geral da Copa e o poder (quase) absoluto que a FIFA terá durante a competição são apenas parte da controvérsia instalada, que inclui os impactos sociais do deslocamento de milhares de famílias e o desperdício de dinheiro público em obras faraônicas.Um roteiro muito interessante seria a RMC estar atenta e envolvida nas várias iniciativas em curso, embora sem articulação entre si, relacionadas a aspectos sociais, culturais e ambientais associados a megaeventos como a Copa do Mundo no ano que vem e as Olimpíadas em 2016.Mobilizações importantes já foram deflagradas, entre outras áreas, em relação à proteção da infância e juventude durante a copa (como o Projeto Copa do Mundo, da Childhood Brasil, impulsionadora do Programa Na Mão Certa, voltado para erradicar a exploração sexual de crianças e adolescentes em rodovias), o comércio justo (valorizando a confecção de produtos derivados de comunidades e que seguem princípios da sustentabilidade) e a capacitação no setor de turismo.A RMC também poderia dar um salto, se resolvesse debater, de forma pioneira no Brasil, a formulação de uma Agenda 21 do Esporte para a Sustentabilidade. Uma agenda que, aproveitando o potencial mobilizador e sensibilizador do esporte, envolvesse vários atores sociais em campanhas e iniciativas de cunho cidadão e voltadas para a promoção da sustentabilidade em seu amplo espectro.Os processos relacionados à Copa e Olimpíadas, infelizmente, não têm sido canalizados para a equação dos múltiplos desafios da conjuntura brasileira. Por exemplo, os esperados avanços em mobilidade urbana, que decorreriam dos preparativos nas cidades-sede, não acontecerão na dimensão anunciada.Mas o Brasil tem muitos outros campeonatos mundiais, muito mais importantes, a serem vencidos. E neste campo a RMC, com seu enorme potencial, pode contribuir muito. Muito além dos grandes empreendimentos em discussão.