VALINHOS

Risco de apagão impulsiona fábrica de painéis solares

Cidade abriga a 1ª empresa brasileira de grande porte que irá produzir os painéis que captam a luz

Adriana Leite
aleite@rac.com.br
15/02/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 19:17

A gerente de marketing da Globo Brasil, Tatiane Roberto diz que grupo investiu US$ 50 milhões para construir a fábrica (Carlos de Souza Ramos/AAN)

A matriz energética brasileira, baseada em hidrelétricas e termoelétricas, corre o risco de entrar em colapso - e também de estourar o orçamento de muita gente por causa dos reajustes das tarifas, bastante pesados neste ano. Nesse cenário, as fontes alternativas ganham mais destaque - e uma delas é a energia solar. A primeira grande fábrica de painéis solares do País resolveu se instalar na região, após investimentos de US$ 50 milhões (cerca de R$ 140 milhões). Instalado em Valinhos, o empreendimento deve entrar em operação em abril. A Globo Brasil Indústria de Painéis Solares produzirá, em uma primeira fase, até 580 mil módulos por ano. Em 2016, a produção será de mais de 1 milhão de unidades por ano.  Os investidores apostam na ampliação das fontes alternativas na matriz energética brasileira. No ano passado, o governo realizou um grande leilão de energia solar, que contratou 1.048 MW de capacidade instalada em 31 novos projetos.   Parques solares A produção desses parques vai fornecer cerca de 889,7 MW à rede elétrica brasileira a partir de 2017. Os parques solares vencedores estão instalados em São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Goiás, Ceará e Paraíba.   A diretora de Marketing e Planejamento da Globo Brasil, Tatiane Roberto, afirma que a empresa já tem parcerias firmadas para fornecer painéis para parques solares que serão instalados - frutos do leilão do ano passado. “O mercado de energia fotovoltaica no Brasil deve se expandir muito nos próximos anos com os novos projetos e a necessidade de aumentar as fontes alternativas na matriz energética nacional. Os empreendedores fizeram uma pesquisa de mercado nos últimos três anos e observaram que havia potencial”, diz.    Primeira fábrica   Ela comenta que o principal investidor é europeu, onde a geração de energia solar nas casas e empreendimentos é uma realidade há muitos anos. A fábrica terá capacidade de produzir 1.800 painéis por dia. A executiva acentua que a Globo será a primeira fabricante de grande porte instalada no País. “Há uma outra fábrica brasileira, mas de pequeno porte. Mas a maioria dos painéis comercializados no País são importados”.   Tatiane diz que a empresa não recebeu nenhum incentivo fiscal para se instalar na região. “A escolha foi feita com base na vantagem competitiva de sinergia com outros negócios que um dos investidores já tem na região”.   Empregos   A unidade vai gerar 230 empregos diretos. O prédio tem 30 mil metros quadrados. Os painéis serão montados com componentes importados. “Mas a nossa intenção é que a partir do aumento da escala de produção, as fornecedoras desses componentes instalem fábricas no Brasil, além de esperarmos também o desenvolvimento de tecnologia nacional para o setor. Valinhos pode se transformar em um polo do segmento”, prevê.   Tatiane informa que os painéis podem ser utilizados tanto em projetos residenciais quanto nos parques solares que fornecem energia para o sistema nacional. “Vamos oferecer financiamento com o cartão do BNDES. Neste momento, estamos produzindo os primeiros lotes de teste. A produção para o mercado deve começar em abril ou maio”, informa.   Potencial de crescimento    O mercado de fornecimento de produtos para a geração de energia fotovoltaica vai se acirrar nos próximos anos. O presidente da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Lopes Sauaia, afirma que grandes fabricantes de módulos anunciaram unidades no Brasil. “Há também grupos brasileiros que pretendem instalar fábricas de módulos, que são conhecidos como painéis solares”.   Ele salienta que a inserção da energia solar ao sistema ganhou força a partir de 2012, quando uma resolução da Agência Nacional de Energia (Aneel) estabeleceu que qualquer cidadão, empresa ou hospital que produzir energia e disponibilizar o excedente ao sistema ficaria com um crédito. “Em 2013, havia três projetos conectados ao sistema e no ano passado eram 300 projetos. O volume ainda está bem abaixo do que prevíamos, mas a tendência é de crescimento”, comenta.   Custo ainda pesa   Sauaia diz que um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostrou que, se fossem instalados sistemas de energia fotovoltaica nos telhados residenciais de todo o País, o volume gerado seria equivalente a 2,3 vezes todo o parque de energia instalado hoje no Brasil.   “O potencial é imenso. O custo ainda é um fator que pesa, mas o investimento tem retorno em seis anos e o sistema dura pelo menos 25 anos”, explica.  Ele estima que, em uma casa com quatro pessoas e consumo médio mensal de 200 KWh, o custo da instalação do sistema seria de entre R$ 20 mil a R$ 40 mil. 

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