Primeiro longa-metragem da diretora nascida em Campinas teve locações na região e em Sergipe
Cena do longa-metragem 'Rio Cigano', de Julia Zakia (Divulgação)
'Rio Cigano', da campineira/paulinense Julia Zakia, terá a primeira exibição pública nesta quinta-feira (21), às 20h, no Theatro Municipal de Paulínia. Por ter ganhado edital do Polo Cinematográfico e do governo do Estado, o filme teve locações na região de Campinas e em Sergipe. No elenco está a própria diretora, além das atrizes Georgette Fadel (que estudou e morou em Campinas), Leuda Bandeira, Sielma Ferraz e Ciça Ferraz.
Em seu primeiro longa, a cineasta conta a história de duas meninas ciganas, Kaia e Reka, separadas na infância e criadas em mundos diferentes. Durante uma viagem, os ciganos se veem obrigados a atravessar a fazenda de um conde, de onde são expulsos. Em meio ao tumulto da fuga, Reka se perde e é raptada pelo fazendeiro. E
la é criada no casarão da fazenda como servente de uma condessa, cresce absorvida pelo trabalho e se agarra às poucas lembranças da vida cigana. Kaia fica com a própria família até que, certo dia, deixa o acampamento. Enquanto isso, o cotidiano da amiga na fazenda do conde se torna cada vez mais insuportável para Reka. No entanto, elas irão se reencontrar, o que mudará completamente a vida delas.
O filme deve chamar atenção, entre outros elementos, por falar da cultura cigana. Este foi um dos pontos relevados para que ganhasse aporte financeiro do Programa Petrobras Cultural. Ao aprová-lo, a avaliação da comissão destacou: “A cultura cigana, pouco difundida pelo cinema, ganha um tratamento que mistura elementos de aventura com realismo mágico e toques de surrealismo”.
Julia começou a escrever o roteiro enquanto filmava o curta 'Tarabatara' (2007), documentário sobre família cigana do sertão de Alagoas. 'Rio Cigano', segundo ela, traz essa experiência da vida nômade e incorpora temas atuais e uma combinação de fantasias à narrativa. Ela garante que se trata do primeiro longa-metragem ficcional que aborda o modo de vida dos ciganos, “personagens fundamentais na formação cultural brasileira e presentes no imaginário de todo o mundo”.
A cineasta nasceu em maternidade de Campinas e, com poucos dias e até os 3 anos, viveu em um sítio na região da Replan, em Paulínia. Os pais moraram ali até o dia em que chamas de fogo desceram as águas do rio que cortava o sítio em razão de vazamentos das grandes empresas petroquímicas. Tem-se, assim, a sugestão de que a experiência real da diretora tenha sido incorporada ao imaginário de 'Rio Cigano'.
Além de 'Tarabatara', Julia dirigiu outros quatro curtas, entre eles, 'Pedra Bruta' (2009) e 'A Estória da Figueira' (2006). Formada em cinema pela Universidade de São Paulo (USP), ela também atuou na produção internacional Diamantes de Sangue (Edward Zwick, 2006) como assistente de fotografia do português Eduardo Serra.
Como se especializou em direção de fotografia trabalhou em muitas produções nessa função. Entre elas, no documentário de longa-metragem 'O Aborto dos Outros' (Carla Gallo, 2008), no premiadíssimo curta-metragem 'Bailão' (Marcelo Caetano, 2009), e na, ainda, inédita ficção 'O Periscópio' (Kiko Goifman).
Serviço
Pré-estreia do filme 'Rio Cigano', de Julia Zakia
Mesta quinta-feira (21), às 20h
No Theatro Municipal de Paulínia (Av. Prefeito José Lozano Araujo, 1.551 - Parque Brasil 500)
De graça