CARLO CARCANI

Rigor para todos

Carlo Carcani
28/02/2013 às 20:42.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:39

Muitos jornalistas e torcedores consideraram a punição ao Corinthians “injusta” ou “dura demais”. Quem pensa assim, porém, deve ser coerente em outras questões. Se a morte de um garoto não é motivo para punições duras, então não reclamem da impunidade de clubes, árbitros e torcedores em outros casos.

Na minha opinião, demorou muito para que a Conmebol criasse um tribunal desportivo porque suas competições são marcadas por frequentes casos de violência, indisciplina e incompetência. E não basta agir com rigor uma única vez. É preciso mostrar a todos os clubes que não haverá tolerância com comportamento inadequado.

Uma semana após a morte de Kevin, a Libertadores já teve mais dois acontecimentos que reforçam a sua imagem de competição sem regras. O mais grave foi registrado no jogo entre Peñarol e Vélez.

Integrantes das duas torcidas, alguns com o rosto encoberto, brigaram dentro do Estádio Centenário. Briga feia, com sete feridos, dois torcedores detidos (um de cada time). Segundo a polícia, os torcedores estavam embriagados e arremessaram pedras, cadeiras e garrafas. Os vândalos destruíram camarotes, móveis, monitores e também quebraram vidros de dois carros da polícia.

Felizmente, nenhum dos sete feridos ficou em estado grave, mas da próxima vez pode ser diferente. É fundamental que a Conmebol julgue e puna os dois clubes também (assim como é fundamental que, em todos os países, os baderneiros e assassinos respondam por seus atos à justiça), caso contrário, a pena imposta ao Corinthians não terá nenhum valor educativo.

O outro problema foi no aspecto técnico. O zagueiro Braghieri, do Arsenal, entrou com as duas solas na canela de Ronaldinho Gaúcho. O árbitro marcou pênalti, mas sequer deu cartão amarelo ao defensor argentino, que cometeu uma falta violenta e perigosa. Se a Conmebol quer melhorar suas competições, precisa advertir o árbitro por sua conivência com o jogo violento e julgar Braghieri por sua entrada desleal. Caso contrário, ele e outros zagueiros violentos continuarão distribuindo pancadas.

A Conmebol nunca se deu ao respeito e por isso tanta gente se comporta mal na Sul-Americana e na Libertadores. Para mudar essa imagem, ela terá que agir com rigor em todos os casos e não apenas quando chegarmos ao ponto de uma criança ser assassinada na arquibancada.

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