A cada 15 dias, Santa Genebra recebe crianças do Real Parque
Vanessa Tanaka* Agosto, mês em que comemora 17 anos de atividades, a organização não governamental (ONG) Núcleo de Ação Social (NAS) festeja mais um ano de ações voltadas para a comunidade do distrito de Barão Geraldo. Instalada no bairro Real Parque, atende atualmente 90 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, que no período extraescolar frequentam a entidade, onde recebem duas refeições diárias (almoço e lanche) e participam de várias atividades socioeducativas, entre elas a capoeira, esportes, dança, música, informática, artesanato, acompanhamento escolar, oficinas de leitura e contos, e o Projeto de Preservação do Meio Ambiente. Orientado pela voluntária e bióloga Ana Possenti, o projeto surgiu há quatro anos do interesse em fortalecer um trabalho de educação ambiental, além de aproximar a Mata de Santa Genebra da comunidade. A maior preocupação é educar as crianças e adolescentes para um meio ambiente saudável. Para a coordenadora do NAS, Maria Cristina Theodoro, como são jovens que moram no entorno da mata, há uma necessidade maior em conhecer melhor os processos ecológicos, fortalecer a relação entre sociedade e meio ambiente e construir coletivamente projetos de intervenção e transformação da realidade local. “Neste ano, a Fundação José Pedro de Oliveira, responsável pela área de preservação ambiental da Mata de Santa Genebra, nos procurou, oferecendo a parceria que envolvesse os educandos, resultando na criação da Turma do Verde”, conta a coordenadora. O trabalho em conjunto possibilita, a cada 15 dias, utilizar o verde da mata como sala de aula do projeto. Durante as comemorações da Semana do Meio Ambiente, ocorrida em junho e que coincidiu com o aniversário da criação da reserva, os alunos participaram das atividades festivas com o plantio de mudas. Para Maria Cristina, a ação ajuda a própria população, que se sente mais consciente em preservar o seu entorno, a própria mata — que é um grande patrimônio de biodiversidade — e, com isso, melhorar a qualidade de vida. “A conscientização e a responsabilidade ambiental das crianças e adolescentes, e indiretamente de suas famílias, é o melhor saldo que temos. E não é difícil trabalhar a sustentabilidade porque é feito de forma lúdica, com confecção de projetos, maquetes, painéis, reutilização de materiais e muito mais”, explica a coordenadora. As próximas ações programadas serão o replantio da mata ciliar e a criação de uma horta na própria entidade. Para tocar seus trabalhos, a instituição se mantém por campanhas de captação de recursos (jantares, bazares, destinações do imposto de renda, doações etc) e parcerias com a Secretaria da Assistência Social, Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (Fundação Feac), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), dentre outros. Para 2014, a meta é colocar em funcionamento a creche, cujo prédio já está construído e em fase de acabamento, aguardando doações para ser concluído. Entidade surgiu diante de deficiências na Saúde Ao longo de 17 anos, atividades foram sendo ampliadas O NAS foi fundado há 17 anos por uma estudante de psicologia moradora do bairro Real Parque e por uma assistente social para suprir as deficiências do posto de saúde local no atendimento à população e no fornecimento de medicamentos. As fundadoras mobilizaram amigos, voluntários, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, assistentes sociais e dentistas. O atendimento ampliou-se na área de educação e assistência social. Os profissionais desenvolviam atividades terapêuticas em grupo e individual e ministravam palestras preventivas. Hoje, a ONG está mais forte e estabelecida e desenvolve projetos socioeducativos com crianças, adolescentes e suas famílias, todos moradores da região. São famílias que residem em uma área de risco, invadida, em situação de vulnerabilidade social, com baixa ou nenhuma renda e apenas benefícios do governo. Adultos e idosos Segundo a coordenadora Maria Cristina Theodoro, além das crianças e adolescentes, a instituição atende também adultos e idosos. São 25 jovens, 60 mulheres e 130 famílias. O serviço para jovens oferece a oportunidade de participarem do Projeto de Educação para o Trabalho, no qual realizam cursos de preparação para o mercado de trabalho. “Nosso objetivo é conseguir encaminhar os jovens para as empresas do entorno”, diz Maria Cristina. Para os adultos e idosos, existem atividades de artesanato, tais como fuxico, crochê, pintura em madeira, alegroterapia, informática e um projeto de prevenção à violência doméstica, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).